É certo que a Apple dá sempre aquele "toque especial" às funcionalidades que acrescenta de novo a cada edição do iPhone, mas na verdade muitas delas não são novidades de todo, mostrando-se até como habituais em muitos terminais Android. Quer exemplos?

Damos 6 na galeria abaixo, em que comparamos pontos que a Apple anunciou como as grandes novidades com funções similares em terminais Android. Aliás, a própria Qualcomm enumerou, ainda antes do anúncio oficial do iPhone X, muitos destes pontos em que alegadas inovações Apple são na verdade tecnologias que muitos parceiros desta fabricante de processadores para smartphones já incluem em vários terminais móveis recentes.

Se dúvidas existem, um olhar mais atento às listas de especificações de smartphones como os novos Samsung Note 8 e S8, Huawei P10 Plus, Xiaomi Mi Mix 2, LG V30, Sony Xperia XZ Premium e OnePlus 5, por exemplo, pode ser suficiente para tirar conclusões.

No entanto, há um ponto em particular em que sentimos que a Apple está efetivamente a inovar com o iPhone X, isto ainda antes de experimentamos a tecnologia em causa: o Face ID. A diferença talvez esteja, agora, no que a Apple tem como objetivo ao desenvolver um sistema de reconhecimento facial com estas características.

Colocamos este sistema de reconhecimento de rosto na galeria, é um facto, mas o modo como o iPhone X combina uma câmara frontal, um sistema de infravermelhos, uma plataforma de leitura e identificação de feições e olhar, e vários outros sensores e tecnologias não deixa de ser incrível.

Se conseguir provar que este tipo de identificação instantânea funciona mesmo com a eficácia que vimos no ainda “fresco” Special Event, então é bem possível que o Touch ID seja esquecido, efetivamente. E esta foi uma tecnologia que fez com que os smartphones em geral adotassem e banalizassem, de certa forma, a leitura de impressão digital neste segmento, e até em terminais de gama media.

Para complementar, a marca da maçã associou o sistema Face ID a algo mais divertido do que propriamente útil – os Animojis. Vejamos até que ponto estes animados e personalizados emojis conseguem cativar os utilizadores dos serviços e apps de chat em geral.

Segurança e privacidade…

Mas… será o sistema Face ID efetivamente seguro, além de ser uma vistosa “manobra” de marketing? A privacidade do utilizador está a salvo? É que foi dado aqui um “salto” considerável no que diz respeito à identificação de características físicas de quem usa o smartphone todos os dias, evoluindo do reconhecimento da impressão digital para um tipo de reconhecimento muito mais complexo, pessoal, individual e “amplo” a todos os níveis.

Falamos de informações biométricas que serão recolhidas e registadas por um smartphone todos os dias nas mãos de milhões de utilizadores. Numa altura em que o tema privacidade online é um dos mais debatidos e analisados a nível global, a Apple passa de um nível em que se regista dados pessoais, no máximo uma impressão digital, para um em que é o rosto que é “mapeado”.

Apps de comunicação pela Web e de entretenimento como o Snapchat, parceiro da Apple no desenvolvimento do Face ID e dos Animojis, e até videojogos… Os conteúdos de hoje são mais escrutinados que nunca acerca dos dados que “roubam” aos utilizadores para posterior partilha.

Mesmo confiando que este tipo de informação fica armazenado apenas a um nível local e não abandona o terminal móvel de cada um, os riscos de violação de privacidade e segurança podem ser mais elevados que nunca, até porque muitos sistemas de reconhecimento foram já “quebrados” ao longo do tempo.  Basta recordar que a invenção, em 2011, do Google Face Unlock (de que falamos na galeria acima) chegou a ser “enganada” com recurso a técnicas de edição e manipulação de fotografias…

Isto para não falar do perigo que poderá vir a ser se um grupo de hackers mais “habilidoso” conseguir encontrar forma de enganar um sistema de reconhecimento fácil como o Face ID. Sobretudo porque a plataforma é capaz de desbloquear um smartphone com a simples apresentação do rosto do utilizador.

Tirando este ponto em particular, praticamente, e pelas razões já enumeradas, a inovação do iPhone X aconteceu apenas dentro do universo Apple, colocando o smartphone bem no topo do que a marca já concebeu em termos de dispositivos móveis iOS.

Vamos ter de esperar para ver se o iPhone X conseguirá mesmo ser “o smartphone que marcará uma geração”, como espera a Apple e como não teve problemas em afirmar na apresentação desta semana.