Foi batizado como A23a e depois de permanecer no fundo do oceano por quase quatro décadas, anda agora à deriva. Considerado o maior icebergue do mundo, com perto de 4.000 quilómetros quadrados e 400 metros de espessura, desprendeu-se da plataforma de gelo Filchner-Ronne, na Antártida Ocidental, em 1986, mas acabou por ficar preso.

Em 2020, começou novamente a flutuar, possivelmente porque encolheu o suficiente com o tempo para soltar “amarras”. Agora, impulsionado por ventos e correntes, está a afastar-se rapidamente das águas antárticas. Mas os satélites da ESA estão atentos.

Mais especificamente, a monitorização do bloco gelado - que poderia cobrir toda a área metropolitana de Lisboa (e ainda sobraria espaço) e tem em espessura mais do dobro do tamanho da Torre Vasco da Gama - está a ser feita pelo Copernicus Sentinel-1.

O conjunto de imagens divulgado mais recentemente mostram o movimento do icebergue gigante durante o passado mês de novembro. Clique na galeria para mais detalhes.

As imagens foram registadas a 2, 14 e 26 de novembro e permitem comparar o percurso do A23a, que provavelmente acabará no Atlântico Sul, numa rota chamada "corredor dos icebergues", refere a ESA.

Os astronautas da Estação Espacial Internacional também conseguiram ver o movimento do iceberg para fora do Mar de Weddell, que faz parte do Oceano Antártico, entre a Antártida e a América do Sul, com a Expedição 70 a partilhar uma imagem do A23a tirada a 21 de novembro do laboratório em órbita.

A comunidade científica está a acompanhar com atenção o trajeto do bloco gigante de gelo. Dependendo de onde encalhar, poderá causar problemas a focas, pinguins e outras aves marinhas, perturbando as rotas normais de alimentação dos animais com o seu grande volume e impedindo-os de alimentar adequadamente as suas crias.

Apesar do possível prejuízo, há um reconhecimento crescente da importância dos icebergues para o meio ambiente em geral. À medida que derretem, libertam o pó mineral que foi incorporado no seu gelo quando faziam parte dos glaciares que se arrastavam ao longo do leito rochoso da Antártida. Essa poeira é uma fonte de nutrientes para os organismos que formam a base das cadeias alimentares oceânicas.