(Alterada) Chama-se E(38) e é aclamada como a partícula subatómica mais leve de sempre. O novo bosão, como se denomina na "gíria" científica, pode ser descrito como uma "bolha de sabão" e foi descoberto por Eef van Beveren, um físico teórico da Universidade de Coimbra.



As implicações da descoberta ainda não estão completamente definidas, mas são garantidamente de "longo alcance", não apenas para física hadrónica - a física das partículas que estuda as interações fortes -, mas também para física das altas energias e cosmologia, refere a instituição numa nota enviada à imprensa.



"Até poderá ser utilizada como uma fonte de energia nuclear mais limpa, dado que não há resíduos. Mas, isto apenas num futuro bastante afastado, porque, para já, além da sua existência, não sabemos quase nada sobre esta partícula", salienta Eef van Beveren.



Uma certeza tem o investigador da UC, que desde há mais de duas décadas suspeita da existência desta partícula: "a descoberta da E(38) constitui uma surpresa completa para a comunidade científica porque se trata de uma partícula muito especial e mais leve do que quaisquer outras partículas com (anti)quarks", refere. "Descobertas destas só há uma vez por século".



Tendo por base os resultados de experiências realizadas nos aceleradores de partículas de Bona e do CERN, o investigador utilizou um modelo desenvolvido em conjunto com o cientista George Rupp, do Instituto Superior Técnico de Lisboa, que permite prever um infinito de ressonâncias de combinações quark-antiquark (mesões).



Recorrendo a esse modelo, "varreu" todos os eventos registados nas experiências, mesmo os considerados irrelevantes, e num determinado espaço (ínfimo) registou uma quantidade de 45 mil eventos com 13 sigma significância, o que é considerado mais que suficiente para a existência de uma partícula, ou seja, a evidência clara de um novo bosão, explica a Universidade.



Para se imaginar a capacidade desta partícula, o físico da UC calcula que "um grama desta matéria dará para um Mega Watt durante um ano".

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Patrícia Calé



Nota de redação: A relação que mostra a capacidade da partícula descoberta é de um grama para um Mega Watt durante um ano, e não de um miligrama para um Mega Watt, como se referia no texto original.