O Japão vai juntar-se aos Países Baixos e aos Estados Unidos e impor restrições à exportação de equipamentos usados no fabrico de semicondutores. Na medida, anunciada esta sexta-feira, e já esperada, não se refere especificamente a China, país para onde EUA e Países Baixos estão também já a bloquear as exportações deste tipo de equipamentos.

O governo nipónico diz antes que a medida põe no terreno “a responsabilidade [do Japão] enquanto nação tecnológica de contribuir para a paz e estabilidade internacional”. A explicação foi dada pelo ministro da economia, comércio e indústria, Yasutoshi Nishimura, numa conferência de imprensa, e é citada pela Reuters. O responsável acrescentou ainda que o principal propósito da medida é contribuir para evitar que as tecnologias avançadas fabricadas no país sejam usadas para fins militares.

Em causa estão 23 tipos de equipamentos e materiais usados no fabrico de chips avançados, em seis categorias distintas, restrição que entra em vigor a partir do próximo mês de julho e que, pelo menos em teoria, se aplica a todas as exportações, independentemente do seu destino. A Reuters sublinha o timing da decisão, que é anunciada antes da visita prevista para este fim-de-semana do ministro dos negócios estrangeiros do Japão à China.

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Recorde-se também que os Estados Unidos têm em vigor medidas idênticas desde outubro do ano passado. Os Países Baixos confirmaram recentemente que a partir do verão começam também a restringir as exportações para a China, de equipamentos usados no fabrico de semicondutores avançados (para chips abaixo dos 14 nanómetros). Antes da confirmação oficial desta última decisão foram notícia os encontros entre EUA, Países Baixos e Japão para alinhar estratégias sobre o tema.

A restrição deve afetar cerca de uma dúzia de empresas japonesas, como a Screen Holdings e a Advantest, exemplificou o ministro que as anunciou, sublinhando a expectativa de que esta tenha pouco impacto no mercado doméstico. A Nikon também já admitiu que as vendas de dois tipos de equipamentos de litografia que comercializa devem ser afetadas, mas ainda não consegue prever quanto.

O Japão é um dos grandes fabricantes mundiais de equipamentos e materiais usados no fabrico de chips. Segundo a Reuters, a Tokyo Electron e a Screen asseguram um quinto dos equipamentos vendidos a nível mundial para este fim.