Há um templo budista em Quioto, no Japão, onde a transmissão de ensinamentos religiosos está a cargo de um robot.

"Apesar de o aparelho ter um aspecto estranho, a ideia é interessante, uma vez que os templos podem agora alcançar pessoas que, até agora, não tinham revelado qualquer vontade em conhecer mais sobre o budismo", afirmou, ao portal Asahi Shimbun, Eishin Masuda, um residente de Nagoya, que assistiu a uma das primeiras sessões lideradas pelo androide.

O robot tem cerca de 1,95 m e pesa 60 quilos. Mindar é o nome com que foi batizado. Para se assemelhar a uma pessoa, foi revestido com elementos anatómicos de silicone (rosto, ombros e mãos) que se mexem enquanto este funciona. A ideia foi torná-lo mais expressivo e credível. Daí que o Mindar consiga sorrir e até piscar os olhos.

Os temas tratados pelo robot são decididos à priori pelos clérigos responsáveis pelo templo.

Veja na vídeo uma das palestras do robot Mindar:

Tensho Goto é o autor da ideia que deu origem a Mindar. O antigo responsável pelo templo sugeriu, em 2017, a um professor da Universidade de Osaka, que fosse criada "uma estátua robótica". Goto, de 75 anos, acreditava num budismo flexível, capaz de se adaptar aos tempos e defendeu que isso implicava desenvolver novas formas de disseminar os ensinamentos da religião.

A primeira versão do Mindar nasceu em 2019 e há já quem tenha assistido a mais de mil palestras do robot.

Em 2019, aquando da estreia deste robot, Goto sublinhava a imortalidade desta tecnologia para se defender dos críticos. "A diferença entre um monge e um robot é que os monges vão morrer. O Mindar pode armazenar muito mais informação e falar com muito mais pessoas. Pode evoluir infinitamente".

A ide de continuidade é pertinente quando levamos em conta a idade do espaço onde Mindar opera, uma vez que o templo de Kodaji foi fundado no século XVI.