Mercado de chips rendeu menos em 2023, mas Nvidia “passou ao lado” e cresceu 86%

É a primeira vez na história da Nvidia que ascende ao top 5 dos maiores fabricantes de chips, e entra diretamente para terceira posição da tabela. A “febre” da IA explica a subida meteórica, já o abrandamento da procura explica alguns tombos, como da Samsung.

As receitas dos fabricantes de semicondutores em 2023 seguiram, em quase todos os casos, a tendência geral do mercado e recuaram. Os números compilados pela Counterpoint Research mostram que o volume de negócios no mercado de chips caiu 8% em 2023. Mas também confirmam que a Nvidia passou completamente ao lado deste reajuste do mercado.

Enquanto quase toda a concorrência faturou menos no último ano, a fabricante dos GPUs usados por boa parte da indústria para treinar grandes modelos de inteligência artificial viu as suas receitas crescerem 86%.

Em menor escala, a IA também influenciou positivamente as vendas da AMD em 2023, que ainda assim teve menos proveitos de vendas em 2023 do que no ano anterior. Espera-se que nos próximos anos, as duas empresas continuem a tirar muito partido do boom da IA, sobretudo a Nvidia que em 2023, pela primeira vez na sua história, subiu ao top5 dos fabricantes de semicondutores.

créditos: Counterpoint Research

A variação mais expressiva do ranking, a seguir à da Nvidia, aconteceu com a Samsung e no sentido inverso, com a empresa a faturar menos 38% neste segmento de mercado, em 2023. A fabricante foi penalizada pelo encolher do mercado de chips de memória, que contraiu 43%, em boa parte devido à necessidade das marcas em esgotar o inventário que se foi acumulando com o abrandamento do consumo. Quem ganhou com a descida de posição da Samsung foi a Intel, que assumiu a liderança do mercado, mesmo reduzindo o volume de vendas em 16% por culpa de uma redução tanto nas vendas de chips para PCs como para servidores.

O abrandamento geral das vendas de processadores reflete um decréscimo no nível de despesa ao longo do ano, tanto no mercado de consumo como empresarial.

“Acreditamos que 2023 foi um ano de ajuste de inventários, estratégias e previsões para as empresas de semicondutores, de forma a preparem-se para o boom da IA”, sublinha a Counterpoint. Apenas seis dos 20 fabricantes mundiais conseguiram melhorar receitas em 2023. Este grupo de fabricantes representava, em 2022, 76% do mercado. Em 2023 gerou 71% das receitas, menos 14%.

Em 2024, a IA continuará a ser o motor de crescimento do mercado. Espera-se também maior dinâmica em alguns outros segmentos, como o dos chips de memória, depois de feita a limpeza de stocks parados. Outro driver de crescimento do mercado de chips este ano será o sector automóvel, acredita a Counterpoint, onde empresas como a Infineon ou a STMicroelectronics têm uma presença importante, que já no ano passado lhe rendeu boas receitas.