John Oliver é um dos apresentadores de maior sucesso nos Estados Unidos. Na cadeira maior do The Last Week Tonight, desde abril de 2014, o britânico tem reproduzido a escola do seu passado, maioritariamente marcado por uma passagem pelo The Daily Show, e tem sido incisivo e satirizado a maioria dos problemas que marcam a atualidade da sociedade civil. Durante este último fim-de-semana, a internet foi o tema e Oliver apelou à luta pela neutralidade da mesma.
Aos espectadores, o apresentador pediu que invadissem a Comissão Federal de Comunicações (FCC) com chamadas e comentários que incitassem à ação pela neutralidade da internet. Em adição, o programa abriu ainda o domínio gofccyourself.com, que redirecciona os internautas diretamente para a página de comentários do órgão.
Esta não é a primeira vez que John Oliver dá a cara pela causa. Em 2014, numa altura em que a FCC estava a considerar a implementação de novas regras que assegurassem este princípio, o humorista apelou igualmente a que os espectadores se manifestassem junto daquele que é o órgão responsável pela regulação da área de telecomunicações e radiodifusão dos Estados Unidos. O site registou picos de afluência insuportáveis, caiu e, 4 milhões de comentários depois, a entidade resolveu aplicar regras de neutralidade aos serviços de internet.
Este último apelo, no entanto, foi desencadeado por outro factor - Ajit Pai, atual líder da FCC, pretende voltar atrás com todas as medidas implementadas há três anos atrás.
"A neutralidade da internet está, uma vez mais, em perigo", disse Oliver na última edição do The Last Week Tonight.
O apresentador britânico sublinha que Pai quer reduzir as regras a simples termos de responsabilidade que seriam assinados pelos clientes de cada operadora aquando da celebração de um contrato. Uma "formalidade" que Oliver não vê com bons olhos. O líder da FCC foi, no passado, um dos advogados da Verizon, uma das maiores operadoras dos EUA, que tem já um historial de contestação a regras de neutralidade.
"Quando a Verizon diz que ama a internet aberta e 'porque é que não havemos de lhe alterar o enquadramento legal', é exatamente a mesma coisa que o O.J. Simpson perguntar porque é que não o deixa segurar em nenhuma das suas espadas samurai", brincou Oliver.
A proposta do líder da FCC vai ser votada ainda este mês. A questão que será colocada aos decisores é "se a internet deverá continuar a ser tratada como um serviço igual" por todas as operadoras, em vez de se abrir a possibilidade de priveligiar e prejudicar determinados serviços que são por ela permitidos. Uma das alegações de Pai é que a atual classificação da internet prejudicou o investimento. Oliver, no entanto, reproduziu um clip de voz do responsável onde este dizia claramente que a classificação "não tinha prejudicado a forma como se investia".
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