Há uma tendência crescente dos pedófilos recorrerem à inteligência artificial para manipularem imagens e produzirem diferentes “cenários”. Um deles é a transformação de fotos atuais de cantores e atores conhecidos como se ainda fossem crianças.

Os dados são da Internet Watch Foundation (IWF) que durante um mês pôs os seus investigadores na dark web a monitorizar imagens geradas por IA. Os resultados revelam que, só num único site de pedofilia, foram encontradas mais de 11 mil imagens digitalmente manipuladas em que quase 3.000 imagens representavam, efetivamente, abuso sexual infantil.

O relatório aponta para uma nova tendência de predadores tirarem fotos únicas de vítimas de abuso infantil e recriarem muitas mais imagens a partir delas em diferentes ambientes de abuso sexual, partilhando inclusive o modelo de IA ajustado para que outros pedófilos possam fazer o mesmo.

11 organizações portuguesas mostram preocupação com proposta europeia para prevenir e combater o abuso sexual de crianças
11 organizações portuguesas mostram preocupação com proposta europeia para prevenir e combater o abuso sexual de crianças
Ver artigo

Há também situações que envolvem imagens de sessões de fotos de modelos infantis que são manipuladas para criar cenas de abuso sexual. Nesta situação as crianças retratadas serão tratadas como tendo sido vítimas de crimes da Categoria A - pela lei britânica - que nunca ocorreram, refere a BBC, que avança as conclusões do relatório.

Outra tendência comum é a transformação de fotos atuais de pessoas famosas como se ainda fossem crianças. Sem revelar identidades, são apresentados exemplos de imagens de cantoras e estrelas de cinema - na sua maioria mulheres, - que foram rejuvenescidas para fazê-las parecerem crianças.

“Algumas imagens são extremamente realistas e indistinguíveis para olhos não treinados”, avisa a instituição.

A IWF alerta para o perigo do uso de sistemas de IA por pedófilos para a produção de imagens “a partir de simples instruções de texto” e enfatiza os danos no mundo real, além dos mais óbvios, também porque “normaliza o comportamento predatório e pode levar ao desperdício de recursos policiais ao investigar crianças que não existem”.