Os avisos têm sido muitos, alertando os internautas para evitarem a compra de medicamentos na Internet, mas um comunicado hoje divulgado pela Autoridade Tributária e Aduaneira admite que os portugueses continuam a arriscar gravemente a saúde adquirindo estas substâncias online.

O comunicado dá conta dos resultados de uma operação internacional de combate a medicamentos falsificados, que envolveu cerca de 100 países e culminou na detenção de 79 pessoas e apreensão de mais de 3,7 milhões de medicamentos falsificados, potencialmente letais. O valor estimado dos medicamentos apreendidos é de 10,5 milhões de dólares, o que corresponde a cerca de 8 milhões de euros. Em Portugal foi travada a entrada de 33.658 unidades de medicamentos ilegais.

A operação realizou-se entre 25 de setembro e 2 de outubro e foi coordenada pela INTERPOL e pela Organização Mundial das Alfândegas (World Customs Organization – WCO), com a colaboração das agências do medicamento, através da indústria farmacêutica (Pharmaceutical Security Institute – PSI). Pela primeira vez foi ainda envolvido o Centro para a Farmácia Segura na Internet (Center for Safe Internet Pharmacies – CSIP) que juntou à operação as maiores empresas mundiais de comércio eletrónico. Em Portugal a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) e o Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. associaram-se a esta operação.

Segundo o comunicado, durante as ações de fiscalização foram inspecionadas 133.278 encomendas postais, das quais 6740 ficaram aprendidas por conterem medicamentos ilegais e/ou contrafeitos.

Entre os medicamentos falsificados apreendidos foram detetados medicamentos destinados ao tratamento do cancro, antibióticos e ainda medicamentos para a disfunção eréctil e emagrecimento.

Em Portugal as autoridades envolvidas realizaram uma operação conjunta no terreno para deteção de pontos de entrada de potenciais medicamentos falsificados. Foram apreendidas 41 encomendas postais, de um total de 3.835 inspecionadas, impedindo a entrada em Portugal de 33.658 unidades de medicamentos ilegais com um valor estimado de cerca de 130.000 dólares (cerca de 100.000 euros).

Só uma das encomendas bloqueadas na alfândega foi responsável por 70% da totalidade de medicamentos apreendidos durante a operação em Portugal.

A conclusão partilhada no mesmo comunicado é que "os portugueses continuam a correr sérios riscos de saúde devido à compra de medicamentos pela internet em websites não autorizados".

A Autoridade Tributária e Aduaneira lembra ainda alguns conselhos aos internautas, nomeadamente indicando que mesmo que o site tenha uma aparência credível isso não significa que esteja autorizado a vender medicamentos pela internet. Os medicamentos adquiridos podem ser falsificados ou contrafeitos, terem a composição alterada, estarem fora do prazo ou terem sido transportados sem quaisquer precauções, causando efeitos secundários inesperados.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Fátima Caçador