Nos próximos três anos a Oni quer estar presente nos mercados espanhol, africano e da América do Sul (provavelmente Brasil). As geografias são escolhidas pela empresa para avançar com o processo de internacionalização e a primeira a concretizar-se deverá ser Angola, onde as negociações com parceiros locais estão mais avançadas, avançou esta manhã Xavier Martin, presidente da empresa.

Segundo o responsável, a Oni pretende replicar nestes mercados o modelo de negócio que opera em Portugal, focada nas mesmas tecnologias e no mesmo segmento de clientes, sobretudo grandes empresas.

No que se refere a Angola, onde a entrada formal da empresa deverá acontecer ainda durante a primeira metade de 2010, Xavier Martin defende que, após uma primeira ronda de investimento liderada pelos operadores móveis, que compensaram a falta de infra-estruturas físicas de comunicações no terreno, há margem para uma segunda ronda de investimentos que dote o país de serviços de comunicações indispensáveis à actividade das grandes empresas e exemplificou com segurança, redundância, etc. A empresa já realizou vários projectos no terreno com clientes do negócio em Portugal e quer agora, com o apoio de um parceiro local operar directamente no terreno.

No mercado local a Oni tem como prioridades para o triénio um reforço da presença no segmento da Administração Pública onde por agora assegura uma quota de 7 por cento, embora sublinhe que é a segunda empresa com mais contratos neste mercado. O reforço da aposta em soluções integradas e nas tecnologias de fibra e wireless (nomeadamente o WiMax) são também objectivos da empresa que assegura ter ajudado o estado a poupar mais de 60 milhões de euros nos contratos públicos onde foi substituir outro operador, normalmente a PT.

Em termos financeiros a empresa fixa como meta um crescimento superior a 50 por cento do EBITDA e admite um investimento entre os 10 e os 15 milhões de euros em novas tecnologias que ajudem a empresa a reformular a arquitectura de sistemas de informação e cruzar informação de rede com informação de serviços, precisou o responsável.

O crescimento que a empresa quer concretizar nos próximos três anos irá resultar de crescimento orgânico e aquisições, com predominância desta segunda opção que deverá representar dois terços dos objectivos, avançou Xavier Martin.

Os planos de dispersão do capital da Oni em bolsa não são uma novidade na estratégia da empresa, que já tinha afirmado esta intenção em circunstâncias anteriores. Xavier Martin voltou esta manhã ao tema para dizer que a empresa está preparada para a operação, embora dificilmente a deva concretizar este ano, tendo em conta as condições pouco favoráveis do mercado de capitais. Quando o IPO acontecer a Oni planeia que vise a grande maioria do capital da empresa.

Medidas regulatórias positivas mas lentas

Durante a apresentação o presidente da Oni referiu-se a várias medidas regulatórias conhecidas nos últimos tempos, mostrando concordância com a maioria mas considerando que há, em termos gerais, uma excessiva demora na tomada destas decisões. Um dos exemplos referidos foi a decisão da Autoridade da Concorrência relativamente ao mercado da banda larga, ou as alterações propostas pela Anacom para o mercado de terminação.

Xavier Martin considera positiva a decisão do regulador sectorial embora considere que é tardia. Também considera que devia ser mais agressiva e sublinha que hoje deixou de haver justificação para a manutenção de assimetrias a favor do móvel, já que os grandes desafios do mercado estão a acontecer no fixo, com a fibra por exemplo. O responsável adiantou que ao longo dos últimos 10 anos a Oni terá pago cerca de 100 milhões de euros em tarifas de terminação.

Ainda a nível da regulação, Xavier sublinhou uma questão que na sua perspectiva ganhará importância no futuro com a crescente convergência entre serviços fixos e móveis e que se relaciona com a falta de uma oferta de referência para os serviços móveis. Esta oferta permitiria definir regras claras de acesso a serviços móveis - como acontece na banda larga e no fixo - para um operador que, como a Oni, não tenha rede móvel mas pretenda complementar a sua oferta com esses serviços. Actualmente a empresa contorna a questão com acordos com operadores, firmados caso-a-caso.