São apenas 2.500 os clientes actuais do serviço de televisão interactiva da TV Cabo, e não as perto de 25 mil set-top-boxes instaladas que dariam à empresa os 100 mil clientes perspectivado até ao final do ano - calculados sobre um rácio de 3 a 4 utilizadores por equipamento. Apesar de estar longe do objectivo, a empresa veio reforçar agora a sua confiança na plataforma e nos parceiros e anunciar a "descolagem" do serviço a partir de Janeiro de 2002.




Os números foram revelados num encontro realizado com a comunicação social da área da economia na terça feira passada, em que Abílio Ançã Henriques, Presidente da PT Multimédia disse que o serviço de televisão interactiva da TV Cabo estava longe de atingir os objectivos finais a que se tinha proposto. A propósito de várias questões sobre a actividade económica e bolsista da empresa, este encontro - onde os jornalistas especializados na área da tecnologia não estiveram presentes - trouxe a público o número de clientes actuais do serviço da TV Cabo lançado em Junho deste ano.



O presidente da PT Multimédia confessou aos jornalistas que havia um "falhanço" dos objectivos iniciais, segundo escreveu o jornal Público na edição de ontem, já que em vez dos 100 mil utilizadores previstos até ao final do ano, a empresa tem neste momento 2.500 clientes e falta pouco mais de um mês para que este ano termine.




De acordo com a notícia do jornal Público, este gestor da PT Multimédia, sub-holding do grupo Portugal Telecom na qual se integra a TV Cabo, reconheceu então a "existência de problemas com a plataforma tecnológica escolhida", mas essa informação viria a ser corrigida por Nuno Mimoso, secretário geral da PT Multimédia que em declarações ao TeK explicou hoje que o único problema foi o crescimento muito rápido do número de empresas interessadas em participar no serviço.




"O desenvolvimento inicial de hardware e software estava ligado a uma realidade que depois do anúncio oficial se incrementou em muito, em número de clientes, parceiros e serviços", adiantou. A empresa ponderou por isso "um suplemento de desenvolvimento" antes de massificar o serviço de forma a que "fossem satisfeitas essas necessidades", acrescenta Nuno Mimoso.




"Não aconteceu de facto um atraso, mas uma decisão de aperfeiçoar o serviço antes de alargar o número de utilizadores", garante o secretário geral da PT Multimédia. Este responsável afasta ainda qualquer problema relacionado com as parcerias de desenvolvimento da plataforma estabelecidas com a Microsoft e a Octal do grupo Novabase, mantendo a confiança nas duas empresas e no seu trabalho.



Da mesma forma Mark Le Goy, director da Microsoft TV para a Europa sublinha que o serviço da TV Cabo vai permanecer "um exemplo fabuloso de início do serviço de televisão interactiva" e desvaloriza um eventual impacto negativo que estes números possam ter na imagem do serviço da TV Cabo e da plataforma Microsoft Advanced TV. "Existem várias redes com serviços de televisão interactiva, mas nenhuma com um serviço com tanta abrangência como o da TV Cabo", explicou em declarações ao TeK.




Do lado da Novabase, Manuel Festas, responsável pela comunicação da empresa, afirma também que é natural que no lançamento de um produto pioneiro existam atrasos. Explicou ainda ao TeK que estes atrasos não foram sentidos na produção, já que além do desenvolvimento nacional a empresa tem acordos de produção para grandes quantidades de equipamentos com a Samsung e a NEC, inclusivamente para vender a tecnologia a outros parceiros internacionais.




Manuel Festas considera ainda que os resultados da Novabase do último trimestre de 2001 não vão ser afectados nas vendas e não existirão penalizações em termos de contratos de produção com outras empresas, já que estes foram realizados de uma forma flexível, sem estabelecimento de quantidades mínimas nem obrigatórias. O contrato de 30 milhões de euros com a TV Cabo, que não tem correspondência com um número específico de unidades de set-top-boxes, deverá ser alargado para além dos dois anos inicialmente previstos.




Para já é de esperar que a partir de Janeiro de 2002 sejam iniciadas as campanhas comerciais que possam trazer os utilizadores finais à plataforma de televisão interactiva da TV Cabo, que segundo os responsáveis está agora com um design diferente e muito mais serviços do que quando foi lançada. Porém, desta vez ninguém quer fazer previsões de número de clientes finais que devem aderir ao serviço, não vão estas revelar-se demasiado optimistas.




Fátima Caçador



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