Por Marta Ferreira (*)

A dinâmica incessante do novo mundo do trabalho está intrinsecamente ligada à evolução tecnológica e, a recente pesquisa do Global Workforce of the Future, divulgada pelo Grupo Adecco, projeta luz sobre a influência da Inteligência Artificial (IA) e da IA Generativa (GenAI) nos principais setores profissionais.

O estudo revela que as áreas de life science, FMCG e aeroespacial acolhem a IA de braços abertos, contrastando com a cautela observada em áreas como a indústria transformadora, defesa, medicina/saúde e transportes.

Num olhar mais atento, essa dicotomia ganha relevância ao considerarmos que essas divergências se refletem diretamente em subsetores dentro da engenharia e da indústria. Enquanto alguns abraçam entusiasticamente a IA como catalisadora para a sua inovação, outros hesitam o que ela pode acarretar no seu dia-a-dia.

Outro ponto de destaque é a disparidade de ritmos na adoção da IA na vida quotidiana das empresas e dos seus profissionais. Apesar de cerca de dois terços dos profissionais, em diversos setores de atividade, reconhecerem que as competências da IA ampliam as suas perspetivas de carreira e revelam uma clara ambição em integrar a revolução digital, o certo é que não subestimam a importância da inteligência emocional.

No contexto da inteligência artificial em engenharia é imperativo reconhecer que, apesar dos avanços tecnológicos que têm existido, a importância da decisão humana permanece inquestionável, uma vez que a mesma nos guia relativamente à ética, criatividade e sensibilidade necessárias para moldar um futuro inovador e sustentável.

Na esfera mais concreta dos subsetores de engenharia e indústria, o processo de integração da IA ainda está numa fase gradual de implementação. No entanto, já se vislumbram aplicações promissoras nomeadamente sistemas inteligentes que otimizam os cronogramas dos projetos, drones equipados com câmaras e sensores que identificam comportamentos de risco, possibilitando formar as equipas no terreno ou então identificar, em tempo real, fissuras e desgastes em edifícios em reabilitação, sugerindo soluções imediatas. Criam-se, também, plataformas analíticas, alimentadas por dados de sensores que oferecem soluções em tempo real, que permitem reduzir custos ou priorizar as manutenções preventivas.

Numa perspetiva mais ampla, a aplicação da IA nas áreas de engenharia é bastante promissora. Ela não apenas revoluciona a conceção de produtos, tornando-os mais inteligentes, mas também aprimora a eficiência nos processos de construção e manutenção. A capacidade de resolver problemas complexos de forma eficiente, prevenindo falhas dispendiosas, destaca o potencial transformador nas empresas.

A utilização da IA nas áreas de engenharia e indústria não é apenas uma adaptação tecnológica é uma oportunidade para desbravar novos horizontes, capacitando os profissionais a enfrentar desafios complexos com eficiência e inovação. O futuro da engenharia está intrinsecamente ligado à parceria entre a mente humana e a artificial, promovendo uma revolução que transcende o presente e molda o amanhã.

(*) Team Leader Adecco Recruitment