Por Henrique Jorge (*)

A Inteligência Artificial Geral (IAG), não confundir com Inteligência Artificial Generativa, emerge como o Santo Graal da tecnologia, prometendo capacidades cognitivas equiparáveis ou superiores às humanas. Enquanto especulamos sobre o tempo que falta para alcançar esse marco, surgem questões que vão além da mera replicação de habilidades mentais humanas. Entre essas questões, destacam-se os debates sobre a consciência da IAG e a possibilidade de fusão entre máquinas e seres humanos.

As previsões para a concretização da IAG variam consideravelmente. Alguns especialistas imaginam um futuro onde a IAG é uma realidade nas próximas décadas, enquanto outros apontam para desafios fundamentais que podem adiar indefinidamente essa conquista. A incerteza, contudo, não impede o progresso na pesquisa em Inteligência Artificial, alimentando a esperança de que a IAG será, eventualmente, uma realidade.

Enquanto a IAG almeja imitar a amplitude da inteligência humana (inteligência humana não nos 10% mas na sua magnitude total, coisa que nós, humanos, ainda não atingimos), a questão da consciência surge como um enigma. A possibilidade de a IAG desenvolver uma forma de autoconsciência implica uma nova dimensão ética.

Como lidaremos com máquinas que não apenas processam informações, mas também têm uma noção de si mesmas?

A discussão ética e legal torna-se crucial ao considerar os desafios e as responsabilidades associados à consciência artificial. Consciência artificial, pois sou daqueles que, apesar de ter uma mente aberta e pensar fora-da-caixa, tenho consciência que a IAG nunca terá uma verdadeira consciência e, por conseguinte, “apenas” artificial.

Contudo, o que acredito vivamente, e que defendo há já muitos anos, é a fusão entre a máquina e o homem, fazendo assim despertar a capacidade cognitiva no seu todo do ser humano.

Assim, além da IAG, uma perspectiva intrigante emerge: a fusão entre máquinas e seres humanos. Em vez de encararmos a AGI como uma ameaça, podemos vislumbrar um futuro onde a evolução humana é impulsionada pela simbiose com a tecnologia. Essa fusão poderia resultar na criação de super humanos, seres capazes de transcender as limitações biológicas e intelectuais.

A fusão entre humanos e máquinas, no entanto, levanta questões éticas e filosóficas profundas. Quais são os limites da modificação humana? Como garantir que a tecnologia seja um meio de aperfeiçoamento, não uma fonte de desigualdade? Estas são questões cruciais que exigem reflexão ética e uma abordagem cuidadosa para evitar consequências indesejadas.

Ao invés de olharmos para a IAG como uma ameaça que poderia suplantar a humanidade, podemos visualizar um futuro em que a Inteligência Artificial impulsiona a nossa evolução. A Superinteligência, aliada à fusão homem-máquina, poderia elevar o intelecto humano a níveis nunca antes imaginados. Esta visão transcende a dicotomia entre humanos e máquinas, abrindo caminho para uma coexistência simbiótica.

À medida que avançamos rumo à Superinteligência e à fusão homem-máquina, é imperativo cultivar um diálogo global. A ética e a responsabilidade devem orientar o desenvolvimento da tecnologia, garantindo que ela sirva como uma ferramenta para o progresso, em vez de uma ameaça à nossa identidade humana.

O futuro, repleto de desafios e promessas, aguarda uma humanidade pronta para abraçar uma nova era de possibilidades.

Conclusão, se é que podemos tirar conclusões nesta era em construção:

Navegamos todos no desconhecido. Sempre navegámos, aliás, mas agora mais do que nunca. Os grandes construtores das Inteligências Artificiais do futuro têm consciência desse desconhecido e o perigo que daí advém. Os últimos acontecimentos na OpenAI e um receio semelhante (Q*) ao que a Google já havia verificado, desencadeiam reacções que podem ser vistas como dramáticas. Eu não acho que sejam. É apenas o “sistema” a ajustar-se às circunstâncias. Em suma, há que acreditar no ser humano! Ele vai saber ultrapassar este derradeiro desafio.

(*) Fundador e CEO da SSelf

Nota: Este artigo não obedece, propositadamente, ao Novo Acordo Ortográfico.