Por Edgar Ivo (*)

Com o colapso recente de retalhistas como a Austin Reed, as grandes lojas europeias estão a sentir os tremores da revolução digital. Todos os dias há negócios que falham, mas a queda destas marcas tradicionais despoletou um debate mais alargado acerca da modernização e deixou os proprietários de negócios a perguntarem-se o que devem fazer para evitar o mesmo destino.

Os retalhistas e outras indústrias tradicionais ainda estão com dificuldade em lidar com os desafios da era digital. Um dos problemas é que muitas marcas firmadas não estão a aproveitar totalmente novas tecnologias, como a automatização cada vez mais sofisticada e a tecnologia de Realidade Virtual/Aumentada (VR/AR). Como tal, a revolução tecnológica tem sido acompanhada por um abrandar do crescimento das empresas mais tradicionais.

Por todo o mundo, o online first é uma tendência de consumo antiga e os cada vez maiores avanços da tecnologia têm levado os consumidores a esperar por serviços mais personalizados e mais proactivos. O aumento dos serviços baseados em tecnologia levou a um envolvimento cada vez maior com empresas como a Amazon, Facebook e Netflix, que estão assentes em tecnologia mas não fabricam nada que tenha existência física, nem produzem conteúdo directamente. Isto aponta para uma das maiores tendências da era actual: a ascensão das empresas baseadas em software. O software está a fornecer aos clientes experiências que não estavam anteriormente disponíveis, como a capacidade de experimentar roupas antes de as encomendar online.

Consegue imaginar-se a entrar numa loja para ver um produto, mas ter de ficar na fila para o poder fazer? É isto que as baixas velocidades de um site significam para clientes online. Ou não conseguir virar um produto para o ver de todos os ângulos? É essa a experiência de compras que muitos clientes têm quando compram online em marcas mais antigas. O comportamento dos consumidores está a evoluir a um ritmo superior àquele que muitas empresas conseguem acompanhar. Frequentemente e por todo o lado, empresas tradicionais de todos os sectores estão a fracassar em corresponder aos desejos e às expectativas dos seus clientes na era digital. E, para aquelas que não conseguem acompanhar o ritmo, o impacto pode revelar-se substancial.

De uma perspectiva, o fracasso de um negócio faz parte do que leva o capital mudar de um sítio onde não se revela lucrativo para outro onde o lucro existe. Mas com a ascensão do novo consumidor, o software é cada vez mais a chave do sucesso de qualquer empresa. Seja no retalho ou em qualquer outro sector de actividade, as empresas têm de desenvolver uma competência basilar para aproveitar o poder da tecnologia. No entanto, não é só tecnologia: é toda uma cultura que precisa de mudar nas empresas tradicionais. Nesta era digital, é necessário aprender com as Amazons do mundo e fomentar uma cultura de inovação e disrupção. Isto significa ter uma abordagem mais DevOps ao negócio. Por isso, embora as marcas não tenham de mudar os preços várias vezes ao dia como a Amazon, elas devem procurar gerar um ciclo de inovação e derrubar as barreiras internas.

(*) Key Account Manager Red Hat Portugal