As regras que impediam os fornecedores de internet (e de banda larga, onde se inclui a televisão por cabo) de ditar a velocidade e a qualidade do acesso à internet foram revogadas nos EUA mesmo depois de muitas pessoas terem partilhado a opinião contrária à proposta da Federal Communications Commission (FCC).

Na altura, a FCC terá recebido um recorde de 22 milhões de comentários antes da sua decisão final, no entanto um estudo revela que apenas 800 mil eram verdadeiros e não automatizados. A pesquisa, levada a cabo pelo investigador Ryan Singel, da Universidade de Stanford, mostra ainda que a esmagadora maioria (99,7%) desses comentários era a favor da neutralidade da rede.

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Singel revela que muitos dos comentários falsos usavam nomes de pessoas reais, incluindo jornalistas, senadores e pessoas já falecidas, bem como endereços de email falsos ou duplicados.

Nesse sentido, a Procuradora Geral de Nova Iorque, Bárbara Underwood, está a investigar a fonte dos mais de 22 milhões de comentários públicos submetidos à FCC, tendo intimado várias organizações de forma a determinar se estão envolvidas na fraude.

"O processo de comentários públicos da FCC foi corrompido por milhões de comentários falsos", disse Underwood em um comunicado.

A responsável disse ainda que “a lei protege os nova-iorquinos do engano e do uso indevido das suas identidades”, deixando claro que irá “chegar ao fundo do que aconteceu e responsabilizar os culpados ​​pelo uso de identidades roubadas para distorcer a opinião pública sobre a neutralidade da rede”. Durante a investigação descobriu-se que até 9,53 milhões desses comentários roubaram as identidades de pessoas reais.

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Entre as várias organizações intimadas estão grupos do sector de telecomunicações, como o Broadband for America, e grupos conservadores, como a Century Strategies e a Media Bridge. Alguns grupos a favor da neutralidade da rede, entre os quais o Free Press e Fight for the Future, também estão a ser investigados.

Recorde-se que, em maio o Senado dos EUA votou contra a decisão da FCC. Por 52 votos a 47, os senadores norte-americanos optaram por impedir as mudanças de regras que permitiriam às operadoras tratar de forma diferentes alguns sites e serviços de Internet. No entanto, a resolução ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados e pelo presidente, Donald Trump.