Em junho, o Facebook envolveu-se em novas polémicas em torno da partilha de dados com cerca de 60 tecnológicas ligadas ao fabrico de dispositivos, entre elas a Apple, Microsoft, Samsung e Amazon. Estas beneficiaram de uma parceria com a rede social para obter dados sobre “amigos” de utilizadores sem o seu consentimento. O Facebook defendeu-se de que era necessário para testar algumas funcionalidades, mas havia um acordo que impedia a partilha, não tendo sequer detetado qualquer abuso das respetivas empresas, e muitas dessas parcerias já terminaram.

Vem agora à tona informações adicionais sobre este caso, e segundo o New York Times, a empresa de Mark Zuckerberg falhou por completo a vigilância de como os seus parceiros utilizavam os dados acedidos. Em causa está uma carta enviada pelo Facebook ao senador de Oregon, Estados Unidos, Ron Wyden, considerado um “advogado da privacidade” e crítico recorrente da rede social. A carta, que foi depois enviada ao jornal, refere que em 2013 o Facebook fez um acordo de partilha de dados com sete fabricantes de dispositivos para realizar aquilo que chamou de “Facebook Experience”. Tratou-se de software criado especialmente para os clientes desses smartphones terem acesso ao Facebook nos dispositivos.

O problema agora levantado é que o Facebook não vigiou de perto as fabricantes de dispositivos, no que diz respeito aos dados partilhados. Num estudo encomendado pela FTC (Federal Trade Commission) em 2013 à PricewaterhouseCoopers (uma agência de monitorização aprovada pelo governo), foi testada a parceria do Facebook com a Microsoft e a fabricante da BlackBerry, Research in Motion, e ambos revelaram “provas limitadas” de que a rede social tenha monitorizado ou verificado se os seus parceiros estavam a respeitar as políticas de utilização de dados. Em causa estavam alguns dados riscados do relatório, que o Facebook (suportado pela PricewaterhouseCoopers) refere como sendo necessários para proteger segredos de negócios da rede social. O senador refere que as partes censuradas da carta são "muito perturbadoras" e pressionou Sheryl Sandberg, COO do Facebook a libertar a carta completa.

Devido à falta de leis gerais sobre a privacidade dos consumidores nos Estados Unidos, o porta-voz da PricewaterhouseCoopers refere que o Facebook define procedimentos de privacidade, conhecidos como “controlos”. Estes são testados durante a avaliação e isso pode constituir um problema, porque pode haver mudanças nesses controlos à medida que as plataformas evoluem. Por isso, um controlo que foi testado nesse intervalo poderá não ser idêntico num período subsequente”, refere o técnico.