As polémicas em torno da partilha de dados de utilizadores do Facebook continuam a fazer manchete. Ainda recentemente Mark Zuckerberg foi ao parlamento europeu justificar-se perante o caso Cambridge Analytica, em que uma das questões prendia-se ao facto de ter sido um caso isolado, ou se havia mais situações de acesso a dados não autorizados. Segundo o New York Times, cerca de 60 empresas, ligadas ao fabrico de dispositivos, beneficiaram de uma parceria com o Facebook para partilha de dados de “amigos” dos utilizadores sem consentimento. Entre as empresas estão listadas a Apple, a Microsoft, a Blackberry, HTC, a Amazon e a Samsung.
Quando esteve no congresso dos Estados Unidos, o líder do Facebook havia referido que as permissões para aceder às informações dos amigos estavam desligadas. Desde 2012 que as empresas acedem às informações, questão de privacidade levantada na altura por Sandy Parakilas, que liderou o Facebook no compromisso de conformidade com as regras de privacidade.
Entre as informações que os fabricantes tiveram acesso encontravam-se o seu estado de relações, religião, inclinações políticas e até eventos que os utilizadores planeavam participar. O jornal aponta ainda que as informações de “amigos” poderão ter sido acedidas, mesmo com o sistema de partilha de dados desligado.
Desde 2014 que o Facebook começou a cortar o acesso das informações aos produtores de aplicações. Medida que parece não ter sido imposta aos fabricantes de dispositivos.
O Facebook, através do vice-presidente para parcerias com produtos, Ime Archibong, veio defender-se, alegando que há 10 anos, com a explosão dos smartphones, não havia capacidade para produzir a aplicação da rede social que trabalhasse em todas as versões de dispositivos e sistemas operativos. Refere ainda que não havia lojas digitais, e por isso, empresas como o Facebook, Google, Twitter e YouTube teriam de trabalhar diretamente com os sistemas operativos e os fabricantes para conseguirem lançar produtos para os utilizadores.
Nesse sentido, foi integrado nas APIs a possibilidade de as empresas emularem as experiências do Facebook nas suas soluções, e desde então cerca de 60 empresas recorreram ao sistema nos últimos 10 anos. No comunicado, o Facebook refere ainda que foram assinados contratos com as empresas onde era mencionado que as informações dos utilizadores não poderiam ser utilizadas para outros motivos, que não o acordado anteriormente. Todas as experiências de Facebook construídas pelas empresas teriam de ser aprovadas pela equipa de engenheiros da rede social.
O representante do Facebook saiu ainda em defesa dos fabricantes, referindo que não detetou qualquer abuso das empresas na utilização dos dados pessoais dos utilizadores. Desde abril que o Facebook tem cortado o acesso às informações, referindo que 22 dessas parcerias já terminaram.
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