Depois de avaliadas as principais prioridades e recursos em todo o negócio, tomamos a difícil, mas necessária decisão de reduzir globalmente o ‘headcount’ [número de trabalhadores] e funções redundantes”, disse a mesma fonte.

“Esta decisão permite sustentar o futuro do negócio e como resultado permite que a Farfetch opere numa posição reforçada e focada naquilo que faz melhor: fornecer experiências excecionais para as marcas, boutique e clientes”, destacou, assegurando que “Portugal continua a ser uma base importante para a Farfetch”.

Farfetch: a nova vida do primeiro unicórnio português passa pela Coreia do Sul e pela saída da bolsa
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O último relatório e contas completo do grupo, de 2022, dava conta de quase 6.800 trabalhadores na Farfetch.

Ontem José Neves, que fundou em 2007 aquele que viria a ser o primeiro unicórnio português, anunciou a sua saída da empresa. Já estava sozinho desde que o resto da equipa de diretores independentes da Farfetch apresentou demissão, após ser conhecida a oferta da Coupang.

A história da Farfetch ilustrada pelo percurso na bolsa

Farfetch dispersou capital em bolsa em setembro de 2018, com cada ação a valer 20 dólares no IPO. Como mostra o gráfico da Yahoo Finance, durante a pandemia chegaram a valer mais do triplo desse valor. Entre março de 2020 e fevereiro de 2021 o percurso da empresa em bolsa foi notável. Enquanto isso, foram tomadas decisões estratégicas que alguns analistas acreditam ter um peso importante na situação atual. Nomeadamente, a aposta em segmentos diferentes daqueles que a empresa começou por explorar, como dos perfumes ou cosmética.

A premissa inicial da Farfetch era de fazer chegar moda de luxo a todo o mundo, abrindo o acesso a produtos exclusivos aos consumidores, a preços mais acessíveis, e dando às marcas um novo canal para escoar fins de coleção. Ao longo do tempo mostrou que conseguia fazer bem esta ligação. Não só no que se refere à comercialização dos produtos junto do público final, mas na gestão de toda a cadeia logística por trás disso e na interação com as marcas, que também são clientes das soluções de comércio eletrónico da empresa. Nos segmentos explorados mais recentemente a história foi menos feliz.

Na informação divulgada a propósito do negócio com a Coupang, a Farfetch assume que a solução encontrada seguiu-se a “um processo exaustivo e alargado para garantir liquidez adicional à Farfetch Limited e às suas filiais. Sem essa liquidez, a Farfetch Limited e as suas filiais não teriam podido manter-se em atividade”.

Dados de junho do ano passado indicavam que a Farfetch contava no final de junho com mais de 4 milhões ativos e produtos de mais de 1.400 marcas. Teria então mais de 6.700 colaboradores em Portugal - espalhados por Braga, Guimarães, Porto e Lisboa -, mas também no Reino Unido, em Itália e nos Estados Unidos. Mais de metade dos colaboradores estavam em Portugal nessa altura e notícias entretanto divulgadas indicam também que é por aqui que começam os principais cortes.