O grupo Altice anunciou um acordo para a venda da Altice Media em França por 1,55 mil milhões de euros ao grupo CMA CGM, propriedade da família Saadé, dona de meios como o Le Tribune, e à Merit France. O negócio envolve a totalidade do capital do grupo de media, que inclui órgãos de comunicação social como a BFM e a RMC e que dá emprego a 1.700 colaboradores, entre os quais 900 jornalistas.

Para que o acordo de exclusividade anunciado na passada sexta-feira se confirme, será ainda necessário aval dos reguladores e a verificação das condições do acordo, mas a dona da Meo, antecipa já que o negócio deve estar concluído no verão.

No comunicado divulgado refere-se que a Altice Media gera receitas de 362 milhões de euros, valor que compara com 195 milhões de euros há 10 anos, quando o negócio foi comprado pelo grupo, e um EBITDA de 112 milhões de euros, que há uma década era de 40 milhões. O número de jornalistas do grupo também mais do que duplicou neste período, de 350 para 900.

A venda de ativos do grupo Altice já tinha sido anunciada pelo fundador Patrick Drahi no final do ano passado, como medida essencial para reduzir a dívida de 55 mil milhões, 24 mil milhões relativos à operação em França, segundo números do terceiro trimestre do ano passado.

A venda da operação em Portugal pode ser o passo seguinte na estratégia de redução da dívida da Altice. Têm surgido várias notícias nesse sentido. Uma destas notícias refere o nome de António Horta Osório como parceiro de dois fundos, numa das propostas apresentadas à Altice.

Em janeiro surgiram ainda notícias a indicar que o grupo francês Altice quer vender a operação em Portugal “por partes”, estando a direcionar as negociações com os diferentes interessados na corrida à operadora de telecomunicações para propostas que visem ativos isolados.

A intenção será vender a Meo sem a respetiva rede de fibra ótica e separar ainda deste bolo o centro de dados da Covilhã, escrevia à data o Jornal de Negócios. Pela mesma altura, o Económico indicava que a Altice já teria recebido cerca de 20 manifestações de interesse pela operação em Portugal. Esta semana é possível que surjam mais novidades sobre o tema, já que a Altice tem agendada para dia 20 a apresentação de resultados do 4º trimestre de 2023.

A Altice foi co-fundada por Armando Pereira. O empresário luso-francês está no cerne da Operação Marquês e é indiciado pela prática de mais de uma dezena de crimes, num processo que acabou por influenciar as medidas de saneamento do grupo Altice, também a braços com o aumento das taxas de juro e seu impacto na dívida que o grupo tem de gerir.