A Huawei tem sido um dos principais alvos da política norte-americana de restrição ao uso e fabrico de tecnologia chinesa. As poucas exceções permitidas têm de ser autorizadas através de uma licença especial e podem acabar em breve.

A fabricante chinesa lançou o Mate 60 Pro, cuja tecnologia já foi escrutinada por alguns especialistas, concluindo-se que dificilmente o smartphone poderia ser construído sem utilizar tecnologia norte-americana, abrangida pelo bloqueio às exportações.

Em causa está o processador usado no equipamento, que foi fabricado pela SMIC (Semiconductor International Manufacturing Corp), outra empresa chinesa que faz parte também das listas de entidades consideradas uma ameaça à segurança nacional e com contratos de exportação controlados pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos. A Huawei não revelou detalhes do chip, mas têm surgido análises à tecnologia, que chegaram a esta conclusão.

Na sequência desta alegada constatação, a ameaça de um bloqueio total às exportações de tecnologia para a Huawei e para a SMIC foi deixado por um membro da câmara dos representantes e presidente do comité daquela câmara para os assuntos com a China, o republicano Mike Gallagher.

"Este chip provavelmente não poderia ser produzido sem a tecnologia dos EUA e, portanto, a SMIC pode ter violado a Regra de Produto Direto Estrangeiro do Departamento de Comércio", refere um comunicado assinado por Gallagher.

"Chegou a hora de acabar com todas as exportações de tecnologia dos EUA para a Huawei e para a SMIC, para deixar claro que qualquer empresa que desrespeite a lei dos EUA e prejudique a nossa segurança nacional ficará sem acesso à nossa tecnologia”, acrescenta-se na mesma nota, citada pela Reuters.

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A Huawei foi uma das primeiras empresas a figurar na lista negra de empresas de tecnologia para os Estados Unidos, ainda em 2019. A SMIC passou a estar na mira das autoridades americanas no final do ano seguinte. As restrições impostas às exportações para estas empresas devem-se aos alegados indícios das ligações entre as companhias e o governo chinês, e o potencial uso da tecnologia que fabricam e comercializam para fins militares, que ponham em causa a segurança nacional dos Estados Unidos.

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Estes receios fizeram dos Estados Unidos o primeiro país ocidental a proibir a tecnologia da Huawei em redes de comunicações locais e a impor restrições à exportação de tecnologia que permita criar chips avançados.

Esta medida de controlo à exportação procura abranger, não apenas empresas americanas com contratos com empresas de tecnologia chinesas, mas também outras companhias, desde que usem tecnologia nos EUA. A Regra do Produto Direto Estrangeiro visa impedir que qualquer empresa, em qualquer parte do mundo, use ferramentas dos Estados Unidos para fabricar processadores para a Huawei. É esta regra que pode ter sido violada.