Esta semana ficou marcada pelo lançamento do iOS 17.4, com as alterações ao ecossistema da Apple para estar em conformidade com as novas regras DMA impostas pela União Europeia. Isso significa que a Apple deixa de poder bloquear a configuração de outros browsers como predefinidos além do Safari ou a possibilidade de os utilizadores instalarem outras lojas de aplicações paralelas à App Store.

A entrada em vigor da nova Lei dos Mercados Digitais (DMA), que obrigou às mudanças na casa da Apple no mercado europeu foi aplaudido pela Epic Games, a editora de Fortnite. “Apple, o mundo está atento”, foram palavras publicadas na conta de Fortnite, anunciando o regresso a iOS, através da Epic Store, uma vez que segundo a nova lei, esta não pode ser impedida de ser instalada no iPhone e iPad.

“O mundo está atento”: Epic Games provoca Apple e anuncia o regresso de Fortnite para iOS
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Mas ainda nem a nova versão do sistema operativo assentou e já voltou a estalar o verniz entre a Apple e a Epic Games. A empresa liderada por Tim Cook não terá reagido bem à provocação anterior e terá encerrado a conta de developer da Epic Games. Segundo diz a empresa em comunicado, depois da sua conta criada a partir da sua sucursal sueca ter sido aprovada, que tinha o objetivo de lançar a sua Epic Store e Fortnite em iOS, ao abrigo da nova lei, a sua conta foi encerrada.

A editora diz-se incapaz de desenvolver a versão iOS da sua Epic Games Store. “É uma séria violação ao DMA e mostra que a Apple não tem intenções de permitir a verdadeira concorrência nos equipamentos iOS”. A empresa invoca o artigo 6.4 da lei DMA, onde se diz que os gatekeepers devem permitir e tecnicamente abrir a instalação de aplicações ou lojas de terceiros. “Ao bloquear a conta de developer da Epic, a Apple está a eliminar um dos maiores potenciais concorrentes à Apple App Store”, lê-se na nota.

Na sua mensagem, a Epic Games afirma ainda que ao eliminar a sua capacidade de competição está a passar uma mensagem a outros developers daquilo que acontece quando tentam competir com a Apple ou que sejam críticos das suas práticas injustas. “Se a Apple mantiver o poder de eliminar as empresas terceiras do iOS, em sua própria descrição, nenhum developer poderá utilizar a sua app store, porque a qualquer momento poderá ser separada da sua audiência”.

A Epic Games acusa a Apple de ter justificado o cancelamento da conta devido às críticas públicas que a empresa de Fortnite fez à forma como a tecnológica da maçã apresentou o seu plano de cumprimento do DMA. Apesar de permitir a prática de sideloading das aplicações fora da App Store e dos marketplaces alternativos, estas têm de ser feitas nos “moldes” da Apple. A Epic Games, juntamente com o Spotify e a Deezer, num total de 34 entidades, publicaram uma carta conjunta a acusar a Apple de não estar a cumprir as regras com as alterações que anunciou.

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A Apple terá citado alguns dos posts do líder da Epic Games, Tim Sweeney na rede social X, nomeadamente as acusações monopolistas das aplicações e outro onde se diz acusado de ser um “hater” da Apple, o qual desmente. Por outro lado, a Apple terá justificado à Epic Games que a empresa é uma ameaça ao seu ecossistema, mas considera uma desculpa injustificada para eliminar as suas contas. “A Apple foi desde há muito um apoiante do motor Unreal. E temos estabelecido relações contratuais com a Apple desde 2010, com o motor Unreal e outras ferramentas de criação”.

A editora aponta os diversos jogos que foram lançados na App Store criados com as suas ferramentas ao longo de mais de uma década, desde Epic Citadel, Rocket League Sideswipe, Horizon Chase 2, Wonderbox, além do suporte experimental para o Apple Vision Pro do motor Unreal. A “novela” continua com a exposição dos emails trocados entre os representantes legais.