Em “vésperas” da entrada em efeito do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), Mark Zuckerberg, o dono do Facebook, vai hoje finalmente prestar o seu depoimento no Parlamento Europeu para esclarecer o escândalo Cambridge Analytica. A DECO, associação de defesa do consumidor,  considera que o líder da rede social está a fugir às suas responsabilidades no caso e exige que os consumidores lesados sejam compensados, e que assuma compromissos claros sobre as práticas futuras do Facebook.

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Desde que o escândalo explodiu  que a instituição tem tentado estabelecer conversações diretas com a empresa, afirmando que o caso Cambridge Analytica é apenas a ponta do iceberg sobre o assunto e que poderão ter ocorrido outras situações semelhantes. Depois de semanas a aguardar respostas às questões levantadas, a DECO não recebeu justificações que tenham sido satisfatórias, diretas e inequívocas, explica em comunicado.

A instituição acusa o Facebook de encenação, adotando uma estratégia para fugir às suas responsabilidades, consistindo em simular a negociação com as organizações ligadas à defesa dos consumidores, ao mesmo tempo que Mark Zuckerberg “jura” uma nova postura da empresa baseada na nova política de proteção de dados dos consumidores, mas sem apresentar medidas concretas.

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Perante o iminente testemunho do dono do Facebook às instâncias europeias, a DECO elaborou uma lista de perguntas que exige ver respondidas durante o inquérito. Entre elas, que compensações vão ser pagas aos consumidores afetados e como poderão os mesmos controlar no futuro os seus dados. A instituição quer ainda saber os resultados da inspeção interna, que foi revelada pelo Facebook, para detetar outras violações semelhantes.

A DECO quer ainda saber quais as medidas tomadas para recuperar a confiança na plataforma, mesmo que se tenha comprometido em adotar o RGPD. Por fim, a Defesa do Consumidor questiona como é que a gestão de partilha de dados dos utilizadores é compatível com o seu modelo de negócio.

De forma a manifestar o seu desagrado perante a postura do Facebook, diferentes organizações europeias ligadas à Defesa do Consumidor uniram-se num Grupo do Facebook “osmeusdadossaomeus” com o objetivo de esclarecer e alertar os consumidores para a utilização dos seus dados.