Na semana em que arranca mais uma edição do Google Cloud Next, a gigante tecnológica revelou novidades relativas às suas plataformas de cloud, salientando-se sobretudo o Workspace, que são as ferramentas de produtividade da empresa, semelhante ao Office da Microsoft. Katie Watson, responsável pela estratégia de cloud da Google, fez um balanço do mercado da computação em nuvem, referindo que este ainda está na sua fase inicial, valendo atualmente 505 mil milhões de dólares, mas que nos próximos anos pode ultrapassar o bilião de dólares. A transformação da cloud divide-se em quatro pilares: Data Cloud, Open Infrastructure, Collaboration Cloud e Trusted Cloud.

Para falar da Data Cloud, Gerrit Kazmaier, vice-presidente para dados e analítica da empresa, salientou o crescimento da importância dos dados na transformação digital. Refere que muitas empresas estão a utilizar dados que não foram feitos para atual idade digital. Todos querem aceder aos dados para progredir e o próximo passo será aceder à informação através de dados abertos disponíveis em clouds públicas. Defende que os dados devem ser acedidos abertamente, para permitir às empresas criar as suas aplicações baseadas nas informações disponíveis. A Google acredita que ao terem acesso aos dados, as empresas apenas têm de se preocupar em criar produtos de elevada qualidade.

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Assim, a gigante tecnológica acredita num ecossistema de parceiros para criar dados abertos, tendo já centenas de empresas parceiras a utilizar o seu sistema de open cloud data. As empresas estão ligadas e com acesso em tempo real aos dados para as suas necessidades individuais. A tecnológica diz que está a suportar novos formatos de dados, e que o Apache Hudi e o Delta Lake serão as próximas integrações.

A empresa diz que quer oferecer dados com qualidade, suportando Dataplex que inclui gestão de dados, Governance, Qualidade, Lifecycle e metadados. A Google diz que tem mais de 10 milhões de utilizadores ativos mensais no seu negócio de Business Intelligence. A flexibilidade e a confiança dos dados são os principais selling points da empresa, assim como os serviços centralizados, produtos de dados embebidos com capacidade de gerar APIs, assim como integração nas folhas do Workspace.

A Google anunciou o sistema Vertex AI Vision, que permite construir e lançar facilmente aplicações de Visão Computacional, incluindo vídeo ao vivo, analítica e storage. O sistema Translation Hub já traduz 135 linguagens em segundos, sendo apontado à qualidade pós-edição em predição.

Para Sachin Gupta, vice-presidente da Google Cloud, a infraestrutura aberta permite retirar o peso dos servidores, das arquiteturas, num ecossistema aberto para facilitar a vida aos gestores. A Google está a investir numa infraestrutura de IA em Open Source, para ajudar os clientes a acelerar a inovação. A Google passa a ser parte da OpenXLA Project da Meta AI. O seu compromisso a longo termo vai ao encontro do pensamento que a revolução da IA não deve estar presa a apenas uma empresa, mas aberta a todos.

Para acelerar a cloud, a empresa está a fazer upgrades na sua infraestrutura. Empresas como a Snap, viram a sua performance crescer rapidamente com a infraestrutura de cloud da Google e a Paramount+, suporta mais assinantes através das novas soluções, referiu Sachin Gupta como exemplos de como as empresas estão a beneficiar da estrutura aberta. As empresas podem fazer cópias digitais e correr os seus sistemas na cloud da Google em paralelo, com as respetivas vantagens.

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São 35 as regiões cloud espalhadas pelo mundo da empresa para servir os seus clientes, esperando-se a abertura de mais cinco. A Google diz que há uma oportunidade para aumentar a produtividade, referindo que a cloud possa gerar 41,1 mil milhões de dólares na contribuição do GDP em 2030, esperando-se a criação de mais de 320 mil postos de trabalho no mesmo período.

Quanto à segurança, Sunil Potti, general manager da Google Cloud, defende a segurança invisível, que essencialmente é manter uma segurança omnipresente, de forma simples. A simplificação de operações, assim como automatização, é um objetivo, dando o exemplo de como a Tesla transformou a condução. Diz que aumentar a segurança não é contratar mais pessoas especialistas, mas facilitar o trabalho aos que estão presentes.

A parceria com a Mandiant é referida como “game changing”, por ser a empresa que é contactada por quem tem problemas de cibersegurança. A empresa é líder do sector da cibersegurança e a parceria, com o acesso às ferramentas da Google, vai dar origem a uma nova geração de sistema de segurança ao nível de cloud. Vai permitir elevar o Google Search ao nível da segurança, disse Sunil Potti. Vai ter uma total integração, desde a deteção à mitigação dos problemas.

Para proteger a privacidade dos dados dos clientes, foi criado o Confidential Space, que permite ao grupo de colaboradores proteger em conjunto os seus dados, sejam análises de dados, modelos de treino de machine learning, tudo dentro deste “cofre-forte”.

Novidades do Google Workspace para suportar colaboradores em trabalho híbrido

Depois de uma passagem pelas novidades da sua infraestrutura de cloud e cibersegurança, a Google centralizou as atenções na sua plataforma colaborativa, o Workspace. E Aparna Pappu, diretora geral da plataforma, salientou que o Google Workspace já chega a 8 milhões de clientes e 3 mil milhões de utilizadores, que criam e se conectam no trabalho ou escola através da plataforma. Referiu ainda que os utilizadores estão no centro daquilo que fazem. A empresa procura preencher o “buraco” entre as necessidades das pessoas que trabalham em casa e na empresa, mas também com um foco na cibersegurança.

Há ainda um investimento em conexões imersivas, para aproximar as pessoas através das suas aplicações de comunicação. A partilha de ecrã, a gestão da câmara ou microfone, costumam ser dores de cabeça constantes dos utilizadores. O novo sistema, concebido em parceria com a Logitech, transforma a webcam num sistema mais dinâmico na captura dos intervenientes. A fadiga dos encontros nas videoconferências incentivou a empresa a criar sistemas mais dinâmicos e menos enfadonhos para os participantes.

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O novo canvas é mais flexível, suportado por IA, oferecendo ferramentas de gestão de espaço, para não ter diversas abas abertas em simultâneo. Aparna Pappu diz que os próprios trabalhadores da Google são “cobaias” das suas novidades, uma vez que são igualmente utilizadores em colaboração híbrida. A empresa vai permitir aos utilizadores modificar a sua experiência, de forma mais simples e personalizada, escolhendo as aplicações que necessitam para o seu Workspace. Além disso, beneficiam de toda a cibersegurança que a Google oferece em toda a sua infraestrutura.

A tecnológica diz que está dedicada em ajudar as equipas a trabalhar melhor de qualquer lugar ou equipamento através do sistema Conexões Imersivas. O Speaker Sportligh no Slides, permite aos apresentadores criar uma visão personalizada com o feed de vídeo a aparecer no seu conteúdo e não paralelamente. O Modo Companheiro para o Google Meet chega aos equipamentos mobile, adicionando ainda uma sala de encontro para check in. Este modo adiciona um segundo ecrã para que as pessoas presentes possam partilhar o ecrã ou conversar no chat, sem qualquer eco.

O sistema Adaptive Framing é gerido por IA, através de câmaras da Huddly e Logitech, para ajudar os participantes a terem um contexto total do que se está a passar nas salas de encontros. As câmaras detetam melhor os oradores dos encontros, focando sempre o seu ângulo mais apropriado.