
Esta semana o Grupo Joom inaugurou a sua nova sede em Lisboa, depois de ter mudado a base operacional do negócio para Portugal há dois anos com o compromisso de investir 200 milhões de euros. A empresa que foi criada em Riga, na Letónia, quer fazer de Portugal o centro da sua operação de um marketplace de comércio internacional, referindo que Lisboa é a "nova Sillicon Valley europeia".
Mas mesmo com o plano de investimento e a dimensão que a empresa já tem, com mais de 400 colaboradores em todo o mundo, o processo não tem sido fácil. Em entrevista ao TEK e a um jornal de economia, Ilya Shirokov, CEO e fundador do Grupo Joom, diz que mais de 50 dos seus colaboradores têm agora os vistos de residência caducados, e que ele próprio está nesse grupo.
"Há dois anos foi um verdadeiro pesadelo conseguir os vistos de residência para as pessoas", explica, lembrando que são trabalhadores altamente qualificados e muito bem remunerados, com salários acima de 100 mil euros, que se mudaram para Portugal e estão a fazer a sua vida cá. Dois anos depois os vistos de residência expiraram e não estão a conseguir marcar atendimento na AIMA para as revalidar.
Ilya Shirokov admite que este é um problema que está a trazer muito descontentamento e a gerar grandes dificuldades, a nível pessoal e também ao negócio, já que impede algumas pessoas de viajar.
"O meu visto de residência também está expirado", confessa o fundador da Joom que nasceu em Moscovo, na Rússia.
Com o visto expirado as pessoas não podem viajar nem ir ter com a família. "Assim é muito difícil trazer gente nova. Se queremos construir algo grande, precisamos de trazer as melhores pessoas, onde quer que estejam”, afirma.
Nos últimos dias os problemas burocráticos das empresas internacionais localizadas em Portugal foram também notícia com o CEO da Cloudflare a dizer que "Portugal não é um país sério", Matthew Prince criticou a “burocracia sufocante” e diz que quem deseja investir no país "devia pensar duas vezes".
Para o fundador do Grupo Joom "o problema não é tão mau" e a empresa tem uma equipa preparada para apoiar a localização dos seus colaboradores. Mesmo assim admite que esta fase está a ser difícil, ainda que isso não o faça estar arrependido de ter escolhido Portugal para localizar a sede da empresa.
"Escolhemos Lisboa entre 11 outras cidades porque tem vantagens únicas", explica Ilya Shirokov, apontando a localização geográfica que permite estar num fuso horário central, o regime fiscal favorável e o elevado nível de formação e a fluência em inglês.
"Recomendo na mesma a empreendedores para virem a Portugal e para nós é uma localização estratégica", sublinha Ilya Shirokov em entrevista.
"Acreditamos que Portugal sempre foi e continua a ser um dos locais estrategicamente mais importantes para o comércio. Deve, por isso, voltar a ser o posto avançado do comércio global", explica Ilya Shirokov. O CEO e fundador do Joom Group confessa o seu fascínio pela história dos descobrimentos e a forma como Portugal conseguiu reunir os elementos de conhecimento, instrumentos e formação especializada para partir à descoberta das rotas de comércio global há 500 anos.
Em dois anos o Grupo já investiu mais de 40 milhões de euros e o plano é chegar aos 200 milhões, segundo o objetivo traçado inicialmente quando se mudou para Portugal. A empresa é privada e não divulga valores financeiros, mas o negócio é global e está em crescimento, segundo a informação partilhada.
Veja as imagens da nova sede inaugurada esta semana em Lisboa
Para já o negócio da empresa é sobretudo focado no B2C, que tem um peso de cerca de 90% do total, mas o B2B é uma das apostas da Joom que desenvolveu a plataforma JoomPro que já faz a ligação entre os vendedores da China e os compradores no Brasil e México mas que a empresa pretende alargar a outras áreas geográficas.
"Temos grandes planos [...[ esta é uma das maiores indústrias do mundo e queremos ser uma das maiores empresas", explica Ilya Shirokov, sublinhando porém que é uma indústria difícil e há muitas camadas de complexidade, com muitas coisas ainda não automatizadas.
Melhorar o comércio global através da tecnologia
O Grupo Joom foi fundado em Riga, na Letónia, em 2016 e já conta com escritórios na China, Brasil, Estados Unidos, Alemanha, Letónia e Portugal. A nível global tem mais de 400 pessoas, e em Portugal estão localizadas cerca de 150, mas a ideia é continuar a contratar e investir.
O negócio da empresa está organizado em três áreas de atividade, que são a plataforma online Joom para consumidores; o JoomPro que é uma solução tecnológica chave na mão para importação B2B de produtos da China e o JoomPulse, uma plataforma de dados que fornece análises e recomendações para vendedores em marketplaces.
A tecnologia é a base da operação da Joom que investe no desenvolvimento dos seus marketplaces para facilitar os processos dos clientes nas suas operações de comércio globais.

Antes de fundar a Joom em 2016 Ilya Shirokov já tinha uma longa experiência no desenvolvimento de plataformas tecnológicas e empreendedorismo, tendo sido um dos co-fundadores do Moi Krug, uma rede social russa que em 2007 foi comprada pela Yandex, a empresa de internet. Entre 2010 e 2016 foi presidente da Odnoklassniki, a segunda maior rede social na Rússia e subsidiária do grupo Mail.Ru, uma das maiores empresas de internet no país.
Com quatro graus académicos, incluindo um MBA pela Universidade de Stanford, um mestrado com distinção em Matemática e um doutoramento em ciências da computação pela Academia Russa de Ciências, Ilya Shirokov mantém-se próximo das equipas de desenvolvimento da Joom e acompanha a evolução das plataformas, que estão também a usar Inteligência Artificial para facilitar os processos.
"O nosso negócio não seria possível sem inovação. No B2B as margens são muito curtas e o negócio tem de ser muito eficiente", explica o CEO da empresa. A Joom está por isso baseada em tecnologia e inovação e agora a Inteligência Artificial vem adicionar novas possibilidades que a empresa já está a explorar.
"Temos uma equipa de 50 engenheiros a trabalhar nesta área", explica Ilya Shirokov que diz que a empresa está a desenvolver agentes que vão acelerar a produtividade e rapidez nos processos. "Um processo que demorava um mês é reduzido para alguns dias e isso vai reduzir os preços finais", justifica.
O JoomPulse é a plataforma de analítica baseada em IA que apoia as decisões dos comerciantes no Brasil para decidir o que podem comprar no marketplace e onde podem conseguir as melhores margens, e é uma das apostas da empresa.
Joom pode acelerar negócio nos EUA devido à política de tarifas de Donald Trump
Até agora a Joom está centrada no mercado da China como base dos produtos do marketplace, mas a política de tarifas de Donald Trump pode fazer com que a empresa procure outros mercados, e até acelere a expansão para os Estados Unidos.
Há muita incerteza neste mercado, admitiu o CEO em entrevista, dizendo que o foco da empresa é facilitar os processos e torná-los mais transparentes para todos os clientes.
Com a possibilidade de aplicação de taxas de mais de 100% a produtos importados da China, a Joom pode avançar para o mercado da Índia, apesar de admitir que não será fácil porque os processos não são tão optimizados. "Para nós é uma oportunidade mas temos de adicionar fornecedores de outros países fora da China [...] Quando tivermos volume vamos para os Estados Unidos", justifica Ilya Shirokov.
O plano inicial era pensar no mercado norte americano para os próximos dois a três anos, mas as mudanças podem acelerar o projeto. "Antes não considerávamos investir nos EUA em menos de 2 a 3 anos, agora pensamos no próximo ano. Mas temos que ter previsibilidade do investimento", adianta ainda o CEO da Joom.
Nota da Redação: Foi adicionada informação. Última atualização 9h47
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