Investigadores da empresa de cibersegurança iVerify descobriram bloqueios de software, fora do normal, que afetou smartphones pertencentes a pessoas que trabalharam no governo dos Estados Unidos, políticos, jornalistas e funcionários de tecnológicas, reporta a ABC News. Estes bloqueios começaram no final de 2024 e continuaram em 2025 são apontados como ataques sofisticados que permitiram aos hackers infiltrarem-se nos equipamentos, sem qualquer interação do utilizador.

Apesar de não deixarem rastros ou pistas sobre a sua entidade, a equipa de investigação da iVerify conclui que os utilizadores trabalharam em áreas de interesse do governo chinês, tendo mesmo sido vítimas de ciberataques no passado. De recordar que em dezembro do ano passado, o departamento do Tesouro dos Estados Unidos sofreu uma invasão em mais de 400 computadores, com enfoque nas máquinas da equipa ligada às sanções, assuntos internacionais e inteligência, num ciberataque por hackers chineses.

400 computadores afetados e 3.000 ficheiros roubados no ciberataque ao Tesouro dos Estados Unidos
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Especialistas em tecnologia e a segurança nacional, apontam as vulnerabilidades dos equipamentos mobile e aplicações, salientando o risco de expor informação sensível, deixando os interesses dos americanos abertos a ciberataques, destaca a ABC. Rocky Cole, investigador da iVerify (anteriormente esteve na NSA e na Google) diz que o mundo está a viver uma crise na segurança mobile e que ninguém está a vigiar os telefones.

Em dezembro, as autoridades dos Estados Unidos tinham alertado que estas campanhas de ciberataques davam aos hackers chineses o acesso a conversas de texto e voz dos telefones, de um número desconhecido de utilizadores americanos, cita a publicação.

Desde o início do ano que a China e os Estados Unidos trocam acusações sobre ciberataques. Depois dos ataques ao modelo de inteligência artificial DeepSeek, que obrigou a limitar os registos na app R-1, a imprensa oficial chinesa apontaram a sua origem em utilizadores localizados nos Estados Unidos. A ABC destaca que o governo chinês acusou os Estados Unidos de montar as suas próprias operações cibernéticas para roubar segredos de outros países. Além de referir a segurança nacional como uma desculpa para aplicar sanções contra as organizações chinesas e de afastar a sua tecnologia do mercado global.

Media chineses dizem que ciberataques contra DeepSeek são originados nos EUA
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Já os serviços de inteligência dos Estados Unidos dizem que a China representa uma ameaça significante e persistente para os interesses políticos e económicos do país, através de propaganda online e desinformação, assim como mecanismos de inteligência artificial e espionagem.

Apesar dos Estados Unidos terem banido a China das redes de telecomunicações, as empresas chinesas continuam a usar formas de se infiltrarem nas infraestruturas críticas, acusou John Moolenaar, Membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. As preocupações relativas aos smartphones, que são usados tanto para comprar ações, como lançar drones ou gerir centrais energéticas. Mas estes podem ser valiosos quando pertencem a membros do governo, pelas informações sensíveis que guardam, assim como o acesso a palavras-passe e discussões políticas e de decisões.