Ataque informático obriga DeepSeek a limitar registos na app R-1

O sucesso da aplicação chinesa de inteligência artificial generativa DeepSeek R-1 está a abanar o mundo da tecnologia mas a empresa também está a ser alvo do maior interesse. Depois de um ataque em grande escala decidiu limitar, embora temporariamente, os registos de novos utilizadores.

lusa

A apresentação e disponibilização do R1, o modelo mais recente da empresa chinesa, recebeu no início pouca atenção, eclipsado pela tomada de posse de Donald Trump. Mas, durante o fim de semana, a DeepSeek tornou-se a aplicação gratuita mais descarregada na loja em linha da Apple nos EUA, suplantando o ChatGPT, da OpenAI, que lançou a corrida à IA generativa no final de 2022.

Agora está a limitar os registos, alegadamente devido a um ataque em larga escala. "Na sequência de ataques maliciosos em grande escala contra os serviços DeepSeek, limitámos temporariamente os registos para garantir a continuidade do serviço. Os utilizadores existentes podem iniciar sessão normalmente. Obrigado pela sua compreensão e apoio", informa a aplicação no seu portal na Internet.

DeepSeek indisponibilidade serviço

A plataforma "está ainda a investigar o problema", que fez com que os serviços web e as interfaces de programação de aplicações operassem com "desempenho degradado", admitiu a DeepSeek.

Esta segunda-feira, a aplicação liderou a tabela de descargas na App Store, tanto na China como nos Estados Unidos, batendo o popular ChatGPT. Sam Altman, o CEO e um dos criadores da OpenAI, empresa que desenvolveu o ChatGPT, disse na segunda-feira à noite que o novo modelo do DeepSeek é impressionante. "Especialmente tendo em conta o que conseguem entregar pelo preço", acrescentou sobre Altman, na rede social X.

O modelo DeepSeek-R1, lançado a 20 de janeiro, é, de acordo com o criador, comparável ao modelo o1 da OpenAI, o criador do ChatGPT, na resolução de problemas matemáticos, programação e inferência de linguagem natural.

O modelo é uma criação da DeepSeek, startup chinesa de modelação de inteligência artificial que é apoiada pela empresa de investimentos Huanfang Quant.

A ferramenta de código aberto teve recentemente um impacto significativo na comunidade internacional de programadores e no setor tecnológico devido à sua eficiência e baixo custo.

Segundo a empresa, o modelo foi treinado ao longo de 55 dias, com um orçamento de 5,57 milhões de dólares (5,33 milhões de euros), utilizando um conjunto de 2.048 unidades de processadores gráficos H800 do fabricante norte-americano de semicondutores Nvidia, uma versão de baixa capacidade concebida para o mercado chinês, face às restrições impostas pelos Estados Unidos sobre as exportações de alta tecnologia para a China.

Este custo representa menos de um décimo da despesa de formação do modelo 4o da OpenAI, segundo a imprensa chinesa.

Nvidia é uma das "vítimas" do sucesso da DeepSeek

Os modelos inovadores e de baixo custo da DeepSeek estão a desafiar gigantes como a Nvidia, OpenAI, Google e Meta, gerando reações diversas nos mercados e colocando em questão a narrativa otimista em torno da IA.

Hoje a perda de capitalização bolsista da Nvidia atingiu os 17%, com queda de 589 mil milhões de dólares, um valor que, colocado em perspetiva, corresponde a cerca de duas vezes o do produto interno bruto de Portugal no ano de 2023. Esta quebra é uma das piores alguma vez registada na praça bolsista nova-iorquina, apontaram os meios locais, com os investidores a digerirem a possibilidade de uma solução mais rentável que a dos grupos dos EUA em matéria de IA.

Com esta queda, a Nvidia perdeu o estatuto de empresa com a maior capitalização mundial, passando para trás da Apple e da Microsoft.

A empresa de chips não foi a única a registar perdas e outras fabricantes foram também afetadas na sua capitalização em bolsa. A Broadcom perdeu 17,40%, a AMD 6,37%, a Micron 11,71% e a Marvell Technology 19,10%.

(Com Agências)