Parece fácil. Depois de 87 lançamentos o Falcon 9 da SpaceX voltou hoje voar, cumprindo com sucesso mais uma missão, levando a bordo um satélite de comunicações militar desenvolvido pela Lockheed Martin para a Coreia do Sul. O sinal de partida foi dado em Cabo Canaveral, às 22h30 de Portugal Continental, 5h30 EDT.

Seis minutos depois o foguetão aterrava na plataforma Just Read the Instructions, após lançar o módulo que leva o satélite. É a 57º aterragem bem sucedida para a SpaceX depois de alguns falhanços espetaculares.

A cada missão da empresa de Elon Musk são quebrados novos recordes. Desta vez é o booster B1058 que tem a recuperação mais rápida de sempre depois a utilização no lançamento da missão Demo-2 para a NASA, com o Crew Dragon que fez história tornando-se a primeira missão comercial que transportou astronautas para a Estação Espacial Internacional. Foram apenas 51 dias, 2 horas e 8 minutos para voltar a ser usado, mas a SpaceX quer continuar a reduzir este tempo.

Essa é, aliás, uma das estratégias da SpaceX e uma das chaves do sucesso da empresa aeroespacial que tem uma agenda bem preenchida de missões.

Os dois astronautas da NASA, Bob Behnken e Doug Hurley, que viajaram na Crew Dragon já têm data de regresso marcada à Terra para o início de agosto. Recorde aqui alguns dos momentos desta missão histórica que o SAPO TEK acompanhou a par e passo.

Falcon 9: Uma década de história

O Falcon 9 começou a sua “carreira” em 2010 e, em maio de 2012, a SpaceX lançava-o com sucesso com o objetivo de reabastecer a Estação Espacial Internacional. Mais tarde, a empresa liderada por Elon Musk começou a sua saga de tentativas de recuperação de foguetões para futura reutilização, com a intenção de dar início a toda uma nova era espacial mais “em conta”.

Depois de numa primeira tentativa em que o foguetão quase aterrou numa plataforma no meio do mar, mas acabou por se despenhar, a SpaceX não conseguiu fazer melhor à segunda vez, com o rocket a afundar-se no oceano, e ao contrário do popular ditado, nem à terceira foi de vez. Mas a cada tentativa que passava o objetivo da empresa em ter foguetões reutilizáveis ficava mais próximo.

A tentativa seguinte, a 28 de junho de 2015, correu mal logo no lançamento, com a explosão a acontecer apenas 139 segundos após o Falcon 9 ter deixado de tocar o solo. A empresa de Elon Musk conseguiria recuperá-lo depois de este ter estado a 100 quilómetros do solo terrestre em dezembro do mesmo ano.

Em 2016 o foguetão reutilizável continuou a marcar a atualidade, com alguns percalços pelo caminho. A SpaceX voltou aos lançamentos logo no início de 2017, após ter terminado 2016 de forma "explosiva". Depois de uma primeira marcação, o regresso dos Falcon 9 “aos ares” deu-se em meados de janeiro.

No final de março de 2017 as atenções voltaram a virar-se para a sua SpaceX, que escreveu um novo capítulo na história da exploração espacial ao aterrar um foguetão já usado. Um Falcon 9 que já tinha sido utilizado em 2016 foi lançado e aterrado em segurança, num feito que garantiu a redução de custos nas missões espaciais, e que voltou a ser repetido até hoje.

Além de ser utilizado para enviar as remessas de satélites que farão parte da constelação Starlink, o ambicioso projeto promete atingir a meta dos 42.000 equipamentos em órbita para criar um serviço de cobertura de Internet a nível global, o Falcon 9 fez parte da recente missão histórica da SpaceX.

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Depois do cancelamento do lançamento da missão comercial devido ao mau tempo, a missão que une a SpaceX e a NASA partiu para o Espaço, recuperando a partida de astronautas do território norte americano, o que já não acontecia desde 2011 com o fim do Space Shuttle.

Concluido o lançamento, a Crew Dragon separou-se autonomamente da Estação com os dois astronautas a bordo, e o Falcon 9 reentrou na atmosfera da Terra e aterrou na costa atlântica, perto da Flórida, onde foi recolhido pela equipa da SpaceX Go Navigator, regressando a Cabo Canaveral.