O momento ideal para fotografar surge quando menos se espera e nem sempre é possível trazer no bolso a câmara fotográfica. As máquinas compactas estão por isso a ser progressivamente substituídas pelos telemóveis, cujos fabricantes têm investido na melhoria das lentes e dos sensores, e na adição de novas funcionalidades. Mas nem sempre o resultado é satisfatório, mesmo que o nível de exigência não seja muito elevado.

Certamente que já lhe aconteceu fazer as fotografias de um jantar de amigos, de uma tarde na praia ou um passeio a pé com o telemóvel e perceber que perdeu grande parte do impacto depois de as passar para o computador. A maior parte das vezes até podem ser "aceitáveis" quando vistas no ecrã do smartphone, ou partilhadas em blogs e nas redes sociais, com baixa resolução, mas para pouco mais...

O conhecimento das limitações das câmaras dos smartphone é essencial para evitar estas desilusões com os resultados, e por isso surgem cada vez mais cursos que ensinam a fotografar com estes dispositivos, usando técnicas bem diferentes das aplicadas em câmaras reflex, e recorrendo muitas vezes a aplicações que ajudam a editar as imagens captadas.

Porém, por muitos truques que se usem, em última análise, a qualidade final da fotografia dependerá sempre da qualidade, tamanho do sensor e da lente da fotografia. Há ainda que olhar também para o estabilizador de imagem, capacidade de autofocus, flash, disparo rápido ou funcionalidades de fotografia panorâmica para quem quiser imagens mais originais e precisas, sem as tradicionais poses sorridentes.

Sem pretensões de especialização em fotografia, e aproveitando um fim de semana e a oportunidade de estarmos a testar três smartphones em simultâneo, quisemos experimentar no terreno o comportamento das câmaras do iPhone 5, do Nokia Lumia 920 e do LG Maximo VU, num testdrive que envolveu passeios montanhosos, atividades desportivas e ambientes rupestres. Em alguns casos entrou também no teste uma Canon EOS 550D, mas para equilibrar o "campeonato" todas as fotos foram captadas com recurso às configurações automáticas dos vários equipamentos...

Como seria de esperar, os resultados foram bastante diversificados em usabilidade e qualidade final. Até porque os próprios smartphones não foram escolhidos por serem os mais brilhantes em termos de capacidades fotográficas e a comparação neste teste surgiu da oportunidade e não de uma seleção deliberada.

Mesmo assim há uma base comum: os três possuem sensores de 8 Megapixels nas câmaras traseiras, embora as lentes variem. No caso da Nokia a associação à Carl Zeiss dá uma chancela de qualidade, para além de se somar a tecnologia Pureview, que já deu provas de qualidade noutros modelos anteriores...

Justificações feitas, seguem-se os resultados em termos de usabilidade, funcionalidades integradas, qualidade de imagem e capacidade de partilha.

Usabilidade
Para quem está habituado a fotografar com uma câmara reflex, ou mesmo uma compacta, a utilização do smartphone obriga sempre a malabarismos estranhos, sobretudo nos modelos de maior dimensão, como é o caso do LG Maximo VU, que tem um ecrã de 5 polegadas em formato 4:3 (competindo com as dimensões de alguns leitores de eBooks).

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Também por isso a forma como orienta a posição do smartphone vai ter influência na dimensão e orientação da imagem captada, como pode ver em exemplos abaixo... Mas nem tudo é mau, até porque depois o LG funciona melhor como "montra" para mostrar o resultado final com o ecrã True HD IPS.

O iPhone 5 não tem um botão dedicado à fotografia, mas quando a aplicação da câmara está aberta é possível usar o botão de som + ou - para fazer fotos, e a resposta é bastante rápida e sensível ao toque.

Pelo contrário, o Nokia Lumia 920 mostra-se mais preguiçoso. Apesar de um botão dedicado para usar o smartphone como câmara fotográfica, a resposta aos toques sucessivos é lenta, talvez pelo cuidado em focar bem os objetos a fotografar, mas em determinadas situações corre o risco de perder o momento certo para captar a imagem.

Funcionalidades
Nesta área todos se esforçaram para acrescentar mais "extras" que enchem o olho e diversificam os resultados finais, mesmo que não contribuam de forma relevante para a qualidade da imagem.

A Apple adicionou na última versão do iOS a possibilidade de fazer fotografias panorâmicas, que se tem revelado um sucesso entre os utilizadores que querem captar todos os ângulos de um determinado cenário. O uso desta funcionalidade é fácil, sendo aperfeiçoado pelo software mesmo que o fotógrafo não seja capaz de seguir rigorosamente a linha proposta.

O HDR (High Dynamic Range), que combina o melhor de três exposições numa única fotografia, já tinha sido uma adição para os fotógrafos de bolso na versão 3 do iPhone, mas continua a mostrar a sua capacidade na melhoria da qualidade final.

A LG tem uma profusão de "ferramentas" adicionadas à aplicação da câmara, mas uma das que se distingue nesta área é o TimeCatch, que vai gravando 5 segundos atrás para ir buscar a imagem e escolher a melhor foto...

A Nokia pôs também os seus trunfos nesta área. Opções por configurações automáticas para cenários de grandes planos, noite, retratos noturnos, desporto e contraluz podem ajudar os fotógrafos novatos a conseguir melhores resultados de imediato, mas quem quiser pode ainda mexer no ISO, na exposição, equilíbrio de brancos e configurar a luz de auxílio à focagem. Isto para quem quiser levar a fotografia à séria, porque se for uma captura instantânea e ocasional há que duvidar da capacidade de recorrer a estas configurações....

Escuro e claro
Em ambientes exteriores, e mesmo em dias soturnos, qualquer um dos smartphones se porta bem na captura de imagens, com algumas diferenças na qualidade das cores e na luminosidade, ou nas já referidas facilidades de uso de zoom e com configurações automáticas.

Um passeio pelo Alentejo profundo, com três smartphones no blso, acaba por ser mais arriscado e demorado, sobretudo quando se quer captar o melhor ângulo de uma barragem. E é preciso ter cuidado para não incluir o sol no enquadramento para evitar o já famoso circulo lilás que afeta o iPhone...

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Mas em situações de fraca luminosidade, e luz artificial, a situação complica-se no uso de smartphones, principalmente em alguns modelos onde o sensor de luminosidade integrado é mais limitado. As imagens ficam desfocadas, ganham cores garridas para disfarçar, e em alguns casos chegam a acrescentar fantasmas que não existem... como acontece na imagem abaixo com o LG Vu.

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Partilha
Este é um ponto onde sem dúvida os smartphones batem as câmaras tradicionais, apesar da concorrência acesa dos fabricantes de máquinas fotográficas que começam a adicionar conectividade Wi-Fi aos seus equipamentos para os tornar mais competitivos num cenário onde os utilizadores querem rapidamente partilhar nas redes sociais as fotografias captadas.

Enquanto as imagens recolhidas com as câmaras reflex são saboreadas e editadas à posteriori num computador, onde se escolhem as melhores para guardar em álbuns digitais - ou mesmo partilhar com os amigos em redes sociais - as fotografias dos telemóveis transitam rapidamente para a Internet.

As ligações Wi-Fi e 3G facilitam o processo mas também as funcionalidades de partilhar por email, mensagem, no Twitter ou Facebook dão o incentivo certo para que os mais leigos inundem os seus perfis com as últimas imagens dos eventos mais especiais.... ou não...

A Nokia acrescenta o carregamento direto para o SkyDrive e a criação de uma nota no OneNote, mas também o Tocar+Enviar com a transferência por Bluetooth.

Outra modalidade passa por imprimir, ou exibir num ecrã de grande dimensão, como um televisor, através de DNLA ou de outro tipo de interface, como o MHL da LG.

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Embora em análise breve, estes são os principais pontos que testámos nos três smartphones. E apesar da qualidade final conseguida com o iPhone, mesmo sem usar truques das múltiplas aplicações disponíveis na App Store, se quiser comprar um telemóvel que junte o melhor das capacidades de comunicação e substitua a câmara fotográfica, a escolha deverá passar pelo Nokia Lumia 920.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico