A Samsung tem tentado dominar o mercado dos tablets e para isso já lançou vários modelos da linha Galaxy Tab e com diferentes tamanhos. Quando as várias investidas para tentar derrubar a hegemonia do iPad mostraram-se pouco eficazes, a marca decidiu pegar no conceito vencedor do Galaxy Note e adiciona-lo a um dispositivo maior.

A fabricante importou a caneta e a tecnologia de toque para a gama Tab e lançou o Galaxy Note 10.1, um tablet em tudo igual a outros tablets mas com o fator extra da caneta. Poderá este add-on fazer a diferença num mercado cada vez mais competitivo e ultimamente marcado por dispositivos mais pequenos e baratos?

Definitivamente a Samsung não tem o mesmo sucesso nos tablets tal como tem nos smartphones. Basta ver um exemplo: a marca sul-coreana está constantemente a gabar-se dos números muito positivos que os dispositivos móveis têm alcançado, mas a euforia da contabilidade não é partilhada pela divisão de tablets.

[caption]TeK Galaxy Note 10.1[/caption]

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Esta revisão vai centrar-se sobretudo no conceito e nas funcionalidades da S Pen, pois nos restantes campos os argumentos são mais ou menos sabidos: um tablet Android na versão Ice Cream Sandwich com especificações de última geração. Processador de quatro núcleos, 2GB de RAM, câmara de cinco megapixéis e suporte a redes 3G, no modelo que foi testado - existe um modelo do Note 10.1 apenas Wi-Fi.

Na era digital a caneta volta a fazer a diferença

A caneta vem integrada dentro do tablet num compartimento próprio e "inteligente", isto porque sempre que a caneta é retirada ou colocada nesse local o dispositivo deteta a ação e emite um som de notificação. Ao mesmo tempo, quando o periférico é retirado, abre-se um conjunto de aplicações do lado direito do ecrã que são específicas para o uso da S Pen.

S Note, S Planner, Crayon Physics, Photoshop Touch e Polaris Office são alguns dos softwares móveis que estão desenvolvidos de modo a serem compatíveis com o periférico da Samsung. Nas opções do sistema operativo é possível definir a inicialização de uma aplicação específica sempre que a caneta é retirada do tablet - abrir somente o PS Touch por exemplo.

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Aqui a Samsung esteve bem e cobriu a possibilidade de haver um uso mais generalista das diferentes apps ou então o uso mais específico por parte de alguém que quer o dispositivo móvel para uma tarefa específica do trabalho ou em entretenimento.

E estes dois conceitos são importantes na análise. O tablet, como dispositivo, é visto maioritariamente como um equipamento virado para o entretenimento e para o consumo multimédia, mas com a abordagem ao estilo Note, a Samsung tentou dar um conceito mais laboral e empresarial ao equipamento.

Ainda assim os limites são claros relativamente ao uso da S Pen em diferentes postos de trabalho. Para um mecânico, para um padeiro ou para uma empregada de limpeza nem o tablet nem a caneta trazem vantagens, mas para um designer, para um analista ou para um executivo que têm que estar constantemente a lidar com informação, justifica-se o uso de uma ferramenta mais específica.

Existem algumas funcionalidades que podem ser executadas com o periférico e que dão jeito na hora de manobrar alguns dados. Carregando no botão da S Pen e pressionando a caneta no ecrã durante dois segundos, é feita uma captura de tela que é automaticamente exportada para uma aplicação de edição de imagem. Aí o utilizador pode acrescentar notas, fazer chamadas de atenção ou simplesmente destacar um conteúdo que seja importante.

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Existem outros "comandos" que são executados através da caneta. Pressionar o botão lateral da S Pen e dar dois toques no ecrã faz abrir a aplicação S Note, o que permite tirar apontamentos de forma rápida e sem grandes rodeios - as especificações técnicas de última geração que equipam o Note 10.1 permitem a quase instantaneidade dos comandos executados.

Mesmo que estes movimentos não seja suficientes ou o utilizador ainda não esteja habituado, existe uma barra de aplicações escondida no final do ecrã que permite aceder, também de forma mais acelerada, a aplicações de produção enquanto outras apps estão a ser executadas.

Trabalho e entretenimento lado a lado

A cadência para o lado produtivo também é assinalada através da opção que existe em colocar duas aplicações lado a lado, evocando o verdadeiro conceito de multitasking. Assim é possível estar a ver um vídeo e estar a escrever ou a desenhar ao mesmo tempo, ou estar a editar um documento e partilhar excertos por email.

Neste aspeto das apps side by side rapidamente o utilizador vai descobrir que ou não dá uso à funcionalidade ou gostaria que todas as aplicações pudessem ser executadas neste modo. A limitação de apps "limita" uma das funcionalidades que a Samsung queria como diferenciadoras. Mas o que para muitos pode ser uma ferramenta de produtividade, ao estilo Evernote por exemplo, não o parece ser para os criadores da marca sul-coreana.

Escreve bem mas representa mal

A precisão da caneta é impressionante e isso mostra que a tecnologia das canetas digitais, apesar de ainda não estar no seu auge, já está num ótimo estado de desenvolvimento. Fruto dos 1024 pontos de reconhecimento que o ecrã do dispositivo tem, pouco tempo depois de o utilizador se habituar ao periférico está a escrever no tablet com uma caligrafia semelhante à que aplica em suportes físicos.

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A velocidade de reprodução dos manuscritos é que deixa a desejar: é notória, ainda que reduzida, a existência de lag entre o que é escrito e a sua representação no ecrã. Mas esta diferença está longe de ser incomodativa e encarada como um ponto negativo. Para o que existe nos outros dispositivos, tem até que ser encarado como um fator muito positivo.

E mesmo os mais resilientes, estes, devem considerar que para haver perfeição na deteção do que é escrito é preciso perder num outro fator.

Mas se o objetivo é criar imagens, desenhos e produzir conteúdos multimédia acima da média, então nota negativa para a Samsung pelo fraco ecrã do Note 10.1. A resolução de 1280x800 pixéis é atualmente fulminada pela resolução de outros tablets, incluindo o Nexus 10 que a empresa desenvolveu em parceria com a Google.

Desenhos e fotografias retocadas não dependem só da habilidade do utilizador, também dependem da capacidade que o dispositivo tem em "promover" estas criações. E neste caso a montra é fraca demais para as exigências que se lhe colocam. Apesar de os seguintes desenhos não representarem essas exigências, ficam exemplos do que um utilizador amador consegue produzir no tablet da Samsung:

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Por fim mais um fator negativo: o preço. O modelo que o TeK testou está avaliado, e olhando para os preços praticados pelas lojas de retalho, em 700 euros. Por preços muito, mas muito inferiores, existem tablets que desempenham a "função de tablet" tão bem ou até melhor.

É verdade que a S Pen ou conceitos semelhantes não se encontram em muitos dispositivos, pelo menos com a mesma qualidade - mas basta lembrar que existem canetas à venda em sites de retalho online que transformam qualquer dispositivo móvel do mercado num equipamento ao estilo Galaxy Note. E a importação de software também não é um problema certamente.

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Por isso é que no fim da análise fica a ideia de de que o Galaxy Note 10.1 não é um tablet para todos, mas antes um produto de nicho e com um público muito específico.

Um tablet de nicho

Em suma é justo dizer que o conceito de um tablet com caneta é interessante e tem as suas vantagens práticas, especialmente num tablet com ecrã de grandes dimensões. Em vez de usar os dedos para mexer no dispositivo, use os dedos para agarrar a caneta - confere outro nível de precisão e inclusive um outro status.

Mas ao mesmo tempo são válidas as acusações de que este modelo ainda está subdesenvolvido, apesar da existência de algumas aplicações. O software parece ser o grande problema já que a tecnologia de toque e a própria caneta são bastante boas.

A própria Samsung reconhece esta falha e vai disponibilizar uma Suite Premium para o Note 10.1 com funcionalidades que já estão disponíveis no Galaxy Note II: pop up vídeo, Airview e outros comandos que podem ser executados com a caneta.

Quando a atualização chegar o Galaxy Note 10.1 este vai-se tornar num dispositivo mais completo mas vai continuar com o principal problema: não se destina a todos os públicos e não é estonteante o suficiente para ter um lugar no Olimpo dos tablets. Mas a S Pen garante-lhe certamente um lugar no memorial da história destes dispositivos móveis.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico