As máquinas compactas já não são o que eram. Os modelos de “apontar e tirar” sempre ficaram muito presos às versões de entrada de gama que foram bastante populares junto dos utilizadores no início da década passada.
Mas à medida que a tecnologia foi evoluindo, também as máquinas acompanharam esse ritmo de transformação. Se tivesse uma Sony RX100 III pousada numa mesa e não soubesse do que ela é capaz, olharia talvez com algum descrédito e pensaria que uma DSLR é que seria uma máquina apelativa.
Nada mais errado, no sentido em que esta point-and-shoot entrega resultados de grande qualidade e que a podiam colocar como a única máquina fotográfica necessária numa casa. A grande concessão do equipamento, além da falta de alguma versatilidade, é o preço. São quase 850 euros de investimento e que se tornam difíceis de justificar não pelo que a máquina não tem, mas pelo que existe lá fora no mercado por preços inferiores.
Mas mais do que falar já nas qualidades e defeitos da máquina, o melhor é deixar algumas fotografias falarem por si. Estes são alguns exemplos de imagens conseguidas com a Sony RX100 III:
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Será que o ditado “ver para crer” é tudo nesta máquina?
Controlar todos os aspetos da fotografia
A qualidade está à vista. São imagens com detalhe, de grande definição e que conseguem captar muito bem os contrastes - seja entre cores ou sombras - que existem numa composição.
O grande senão destas imagens é o nível de saturação das cores. As tonalidades são pouco vivas e quando as fotografias são vistas num ecrã generoso, como o de um portátil, o utilizador pode acabar por ficar desiludido com esta incapacidade de reprodução fiel das cores.
Para compensar, mesmo em ambientes de baixa luminosidade o sensor Exmor R de uma polegada com 20,1 megapíxeis de capacidade e o processador Bionz X da Sony RX100 III apresentaram-se com um desempenho de respeito ao conseguirem “iluminar” os motivos das fotografia mesmo sem grandes condições para tal.
No caso das fotografias captadas em ambientes com poucas luz também contribui muito a engenharia de focagem que foi implementada nesta máquina. Além de conseguir reconhecer vários pontos - o que ajuda a alcançar a nitidez de forma mais consistente em toda a fotografia -, faz a focagem de forma muito rápida.
A rapidez é aliás a principal arma da RX100 III. É uma máquina pensada para os que gostam dos resultados e não das metodologias de trabalho. Entre ter a máquina desligada e estar a captar uma fotografia são precisos apenas dois segundos, se não menos. A focagem ao nível do vídeo já funciona de forma diferente e obriga o utilizador a prestar cuidado ao que está a filmar, sob pena de ficar com metade do filme focado e a outra metade totalmente desfocada.
Mas isto se optar pelos modos automáticos, que neste caso específico, são o forte do equipamento. As compactas não estão pensadas para grandes aventuras ao nível da configuração dos vários elementos que podem condicionar uma fotografia - abertura do obturador, velocidade de captura e focagem manual por exemplo. A RX100 III vem com sete modos de captura automáticos ou semi-automáticos, com destaque para os Auto Superior e Auto Inteligente - definem os melhores parâmetros para cada cena e fazem a captação da imagem.
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Mas o modo manual que existe na máquina também vai agradar aos mais entusiastas. O controlo da abertura da lente é feito na roda que antecede a lente mecânica, enquanto a velocidade de obturação pode ser definida com a ajuda da roda que serve para navegar nas definições do equipamento. Apesar de estar longe de ser o modo mais prático de o fazer, pelo menos está lá.
A abertura da lente varia entre o F/1.8 e o F/11. Quer isto dizer que captação de rosto, macros e elementos específicos é o ideal, enquanto paisagens não são o forte do equipamento. Já a velocidade do obturador varia entre os 30 segundos - com opção para Bulb - e os 1/2000 segundos. Já a sensibilidade do ISO - aquela que ajuda a obter melhores resultados em menores condições de luminosidade - varia entre 80 e 12.800, o que não sendo uma das maiores gamas do mercado, é no entanto bastante aceitável e superior àquelas que é possível encontrar noutras compactas.
Sim, porque nesta altura e olhando para as especificações e características já referidas, por vezes parece difícil lembrar que esta câmara da Sony trata-se de uma compacta muito ambiciosa.
Uma outra vantagem dos controlos manuais na RX100 III é a possibilidade de o utilizador ver em tempo real como vai ficar a fotografia final através do visor digital - um ecrã de três polegadas, bastante versátil, diga-se. Mesmo não rodando para as laterais, a tela apresenta uma grande amplitude vertical o que facilita na captação de fotografias a partir de ângulos pouco comuns.
Mas o visor eletrónico não é o único que existe nesta máquina. Existe mais do que à vista é revelado.
Máquina digital de construção mecânica
A Sony RX100 III tem muitos elementos mecânicos e isso confere um aspeto modernista e clássico ao equipamento. O ecrã retrátil está preso por uma placa metálica que permitem reclinar o LCD para várias posições e a fixação está sempre assegura.
Depois existem dois botões muito bem disfarçados que permitem soltar o Flash integrado e o visor ótico. A maneira como estes dois elementos “disparam” dentro do corpo da máquina reforçam o aspeto mecânico do equipamento. A construção do corpo em alumínio transmite uma sensação de solidez e cuidado no design, mas uma contrapartida está nas amolgadelas - o modelo que o TeK recebeu já vinha com algumas amolgadelas e isso foi rapidamente visível por destoar do restante maciço preto.
Quando todos os elementos da máquina estão em posição, parece que a RX100 III não é mais aquela compacta pequena que se tirou da caixa. E isso é bom: os utilizadores ficam sempre com a sensação de que têm mais do que aquilo que compraram.
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E apesar do tamanho reduzido que condiciona alguns aspetos, como a inclusão de uma bateria mais potente, esta point-and-shoot consegue garantir uma autonomia a rondar as 350 fotografias, o que para uma tarde de passeio pode ser suficiente, mas para uma aventura turística mais longa já precisará de algum apoio energético.
Neste campo os utilizadores podem recorrer às baterias portáteis já que uma das duas entradas multimédia da RX100 III - além da mini-HDMI - é uma microUSB. E no campo das comunicações a máquina não fica por aqui garantindo também conexão Wi-Fi com smartphones e tablets ou partilha através de NFC.
Agora os aspetos negativos
Para o comum dos portugueses o primeiro aspeto negativo será certamente o preço. São 849 euros pedidos, o que quase perfaz dois ordenados mínimos no nosso país. Mas investir numa câmara é quase como comprar um televisor, é algo que está previsto durar vários anos e ter uma grande nível de utilização.
Se do ponto de vista fotográfico e da qualidade de imagem existem argumentos que ajudam a sustentar esta etiqueta de preço, há também um par de contras que levantam algumas dúvidas no valor deste investimento.
A Sony RX100 III não suporta lentes intermutáveis. A decisão percebe-se porque para isso a empresa tem outros segmentos de câmaras fotográficas, mas ao colocar tanto poder na mão dos utilizadores é de esperar que com o tempo fiquem mais ambiciosos e queiram explorar mais possibilidades de fotografia. Algo que aqui não vai acontecer.
Assim o utilizador estará confinado à lente de 24-77 milímetros que existe. Apesar de garantir alguma capacidade de zoom, na prática esta capacidade acaba por ser reduzida e limita por exemplo os cenários de utilização do equipamento.
A RX100 III tem ainda alguns pormenores que parecem desajustados com a restante estrutura simplista e facilitadora da máquina. Por exemplo, se o utilizador baixar o visor ótico a máquina vai desligar-se, mesmo que apenas pretendesse passar a usar o visor digital. Nada prático mesmo.
Existe também uma grande concentração de botões e instruções numa pequena área, algo que pode ser confuso para os que tentam aventurar-se pela primeira vez com máquinas de grande qualidade.
Teria sido preferível ver a Sony a apostar antes numa utilização mais simplista do Wi-Fi e do NFC já que o uso destas tecnologias não se faz de forma fácil e implica algum tempo perdido nas definições da máquina - que mesmo sendo uma compacta tem muitos parêmetros e detalhes onde é possível procurar... ou então perder-se.
Olhando para o pacote de grande qualidade que a Sony criou, era imperativo apostar por exemplo num ecrã sensível ao toque e que assim permitisse facilitar a usabilidade e navegabilidade no software da máquina. Mas esta seria por exemplo uma adição que certamente encareceria o equipamento e o tornaria ainda menos apelativo olhando para segmentos como o das compactas com lentes intermutáveis ou as DLSR.
Outro elemento que podia ser melhorado é ao nível da qualidade de gravação. Esta compacta já grava no formato proprietário da Sony XVAC S, mas não atinge a resolução Ultra HD. É possível emitir imagens fixas em 4K, mas apenas quando a máquina está ligada a um televisor compatível. São demasiados fatores e demasiadas condicionantes para considerar isto como um ponto positivo, sabendo por exemplo que a Panasonic LX100 já grava um UHD.
Considerações finais
A Sony RX100 III é uma máquina para quem gosta das coisas feitas de forma rápida e com grande qualidade. O tamanho compacto do equipamento permite guardá-lo no bolso de um casaco, por exemplo, e não é por ser pequena que não garante acesso a alguns elementos importantes como o visor ótico ou um flash pop-up incorporado.
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A máquina só perde é na versatilidade, isto é, quem investir os 850 euros pedidos neste equipamento terá de ficar por aqui durante alguns anos. Se o gosto pela fotografia acabar por despertar, terá forçosamente de comprar outra máquina pois para controlar aspetos como abertura, velocidade de obturação e o foco uma DSLR é mais indicada.
E depois a questão das lentes não-intermutáveis desta Sony também ajuda a reforçar este ponto. O utilizador terá de saber viver com o que tem, pois não é possível colocar uma lente mais ambiciosa. E é assim que alguns fotógrafos vão fazendo a sua atualização intermédia do equipamento - experimentam lentes diferentes, recentes, para só mais algum tempo depois tentarem uma máquina nova.
Quem estiver a ler apenas as considerações finais até pode pensar que a RX100 é uma má escolha. Longe disso. O preço pedido pela Sony é que pode ser demasiado assustador para uma máquina tão pequena.
Mas tal como no quotidiano, o tamanho engana e bastante. Esta peça metálica esconde alguns extras muito bem vindos como o ecrã rotativo, o viewfinder e o flash escondidos, assim como as mais recentes tecnologias de comunicação móvel: Wi-Fi e NFC.
Se só se interessa com o resultado final das imagens e não tanto com os processos que permitem lá chegar, então esta máquina encaixa no seu perfil. Se procura uma máquina que o faça entrar no mundo da fotografia e permita evoluir ao longo dos tempos, deve procurar outro produto.
No final fica no entanto a sensação de que a Sony RX100 III é possivelmente uma das máquinas que entregam melhor qualidade e mais tecnologia por centímetro cúbico de espaço. Pois basta abrir a palma da sua mão para ter ao seu alcance a possibilidade de captar algumas fotografias que aos olhos da maioria das pessoas podiam perfeitamente passar por composições realizadas por fotógrafos mais dedicados.
Se numa futura versão a Sony apostar um pouco mais na qualidade da lente e em controlos dedicados, então aí o caso fica mais sério e as RX100 podem trazer novamente as point-and-shoot para a dianteira do mercado fotográfico recreativo. E a gravação em Ultra HD terá de ser um elemento obrigatório se a próxima versão quiser lutar pelo título de melhor compacta do mercado.
Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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