A Nintendo foi a primeira grande fabricante de consolas a introduzir um modelo de nova geração depois dos êxitos que foram e ainda são a Wii, a PS3 da Sony e a Xbox 360 da Microsoft. A Nintendo Wii é um caso particular de sucesso e ocupa o 5º lugar das consolas mais vendidas de sempre com 97 milhões de unidades comercializadas - a herança é por isso pesada.

Além da força comercial a Wii foi responsável por uma revolução no gaming. Transformou o conceito de comando, introduziu plataformas de jogo como a Wii Balance que até então pareciam pouco prováveis e, acima de tudo, conseguiu conquistar os jogadores ocasionais e pouco habituados a consolas.

Jogar não significa propriamente sentar numa cadeira concentrado e transformar-se num militar de Call of Duty ou num futebolista profissional de FIFA. Jogar também significa jogos "infantis" em que os modelos de jogo tendem mais para o divertimento e para a viciação do que para a competição aguerrida.

A Nintendo pensou nesses jogadores e conquistou um segmento de mercado pouco explorado pelas restantes empresas. A Wii U vem reforçar a aposta no setor dos jogadores ocasionais mas puxa os limites até aos jogadores mais dedicados com a introdução de jogos como Ninja Gaiden 3 e Alien: Colonial Marines.

A Wii U tem ainda um fator "psicológico" que neste momento lhe garante uma vantagem relativamente às empresas da concorrência, que continuam a apostar todas as fichas nas consolas que lançaram há seis anos. O Wii U GamePad é um comando grande, mas de proporções aceitáveis, que tem semelhanças com um tablet. E todos sabem como os tablets estão na moda...



[caption]TeK Nintendo Wii U Review[/caption]

Este controlo vem juntamente com a consola, independentemente da versão comprada: 8GB ou 32GB. A versão de 32GB, a que o TeK teve acesso por cortesia da Nintendo Portugal, traz ainda de origem o jogo Nintendo Land, um sensor para os Wiimote e um suporte de descanso para o Wii U GamePad que ao mesmo tempo funciona como carregador.

Para os que não gostam do GamePad existe um comando mais tradicional, conhecido como Wii U Pro Controller - muito semelhante ao comando da Xbox 360. Os mais poupados podem ficar-se pela compatibilidade que existe com os Wiimote da Nintendo Wii.

A compatibilidade com jogos da consola anterior da Nintendo é quase total o que vai ajudar uma fatia dos utilizadores a migrarem com o tempo para a nova consola - afinal, já possuem um grande conjunto de material que não precisa de ser desperdiçado. E na opinião de muitos especialistas, foi este modelo de "compatibilidade" que ditou o sucesso da consola mais vendida da história, a Playstation 2.

O Wii U GamePad tem um ecrã tátil de 6,2 polegadas, dois botões analógicos, o D-pad tradicional, oito botões "jogáveis" e uma tecla Home que transporta os jogadores para o menu inicial da interface da consola. Existe ainda a tecla TV que permite transformar o comando da consola no comando da televisão - prático para quem gosta de simplificar e controlar tudo através do mesmo dispositivo.

Existe ainda uma área que é destinada ao suporte de periféricos que funcionam através de NFC.



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O tamanho pode assustar ao início mas o primeiro contacto com o comando surpreende toda a gente: é leve, muito leve mesmo. O que por sua vez levanta a questão da resistência e durabilidade do periférico em caso de acidente. Mas outra construção não se podia esperar da Nintendo, isto porque a fabricante japonesa espera que este seja o comando principal da consola e por isso não pode ser muito pesado, caso contrário teriam que existir intervalos a sério nos jogos de FIFA.

Mas relativamente ao Wii U GamePad, a grande novidade na nova consola da fabricante japonesa não se limita apenas do formato. Trata-se também de funcionalidade. O conceito de um segundo ecrã como apoio ou complemento do jogo principal que está a correr na televisão é interessante e também já teve a sua dose de sucesso - como comprova a Nintendo DS, a segunda consola mais vendida de todos os tempos.

A Nintendo aposta numa jogabilidade linear e sem interrupções. Em FIFA 2013 por exemplo, o jogador principal ou um colega podem estar a fazer alterações em tempo real nas táticas e nos jogadores enquanto o jogo continua a decorrer. Em Super Mario Bros Wii U é possível que um jogador esteja a acrescentar elementos físicos no nível que outro jogador está a passar, com o intuito de ajudar ou complicar a missão.



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Nem todos os jogos permitem que isto aconteça. No jogo Rayman Legends e no jogo Sonic & All-Stars Racing Transformer, não é possível ter este nível de independência, e a televisão é sempre necessária. Contudo, em mini-jogos da Nintendo Land, como o Donkey Kong Crash Course e a aventura de Zelda: Battle Quest, a TV pode estar desligada e os níveis de jogabilidade não ficam comprometidos.

Por vezes o segundo ecrã também funciona como ferramenta necessária para evoluir na "carreira" do jogo, como em Rayman Legends, em que muitos dos obstáculos apenas conseguem ser ultrapassados com a ajuda do Wii U GamePad e das suas características especiais, sobretudo o giroscópio.



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O transporte e a independência do Wii U GamePad são fatores positivos da nova consola da Nintendo. O jogador pode ligar a consola e ir para outra divisão da casa jogar. Imagine por exemplo que a consola está na sala e que o filho mais novo quer jogar enquanto os pais estão a ver televisão. A independência do periférico permite que o jogador esteja no quarto, desde que este não esteja a mais de 7/8 metros da consola principal.

Existe um limite físico para que a ligação da Wii U e do GamePad funcione em condições. Houve casos na experiência do TeK em que, estando a pouco mais de dois metros da consola, esta começou a alertar para a perda de sinal. Mas também houve situações em divisões completamente diferentes da casa onde foi possível continuar a jogar e sem nenhum tipo de arrastamentos ou quebras na reprodução dos conteúdos.

Mas há mais diferenças além do comando. A Wii U é um bloco grande de cor preta e de cantos arredondados, num formato maior mas mais tratado que a Nintendo Wii. Tem uma saída HDMI na parte traseira e tem quatro portas USB na parte dianteira, que permitem a ligação de Pens USB ou discos externos à consola para aumentar a "memória" da mesma. Ou seja, mesmo que um utilizador compre o modelo de 8GB o espaço não vai ser um problema.

Em termos de aspecto a Wii U é bastante discreta e com a devida arrumação passa desapercebida aos olhos dos visitantes. Mesmo que esteja à mostra, tem feições minimalistas e que não a tornam num elemento desconfortável independentemente do design de interiores que as casas tiverem.

A evolução na qualidade dos gráficos e das imagens também é notória. Jogar Ninja Gayden 3 é um prazer para os olhos e para os batimentos cardíacos, tal é a emoção que o jogo consegue transmitir. Se o utilizador tiver uma televisão que consiga acompanhar a qualidade gráfica dos jogos, prepare-se para momentos imersivos de gaming.



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E por falar em Ninja Gayden, um jogo que prima pela violência e pelo sangue a jorrar em todas as direções, vale a pena referir uma regra curiosa que existe na nova Nintendo. Para que os jogos considerados para adultos possam ser descarregados da loja virtual é necessário que o download seja feito entre as 23 horas e as 3 horas da manhã.

A nível de software a Wii U vem mais "equipada" que a sua antecessora. A consola no seu estado out-of-the-box vem incompleta e o utilizador é convidado a fazer uma atualização que vai permitir ter acesso ao Miiverse, à Nintendo eShop, ao Youtube, à TVii (que não funciona em Portugal) e ao Youtube.



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O Miiverse foi apresentado como um dos grandes trunfos desta nova consola. A vertente social da Wii U é de longe maior do que a da Wii. Na opinião do TeK funciona como mais uma aplicação de entretenimento do que como uma plataforma de compromisso, tal como é o Facebook e o Twitter. Apesar de o jogador poder ter amigos e poder fazer publicações, tudo gira à volta do gaming e tudo parece bastante limitado. Entre sarrabiscos e utilizadores a escreverem mensagens aleatórias, o Miiverse não entusiasmou.

Com o passar do tempo e com o crescimento da plataforma talvez se venha a tornar num utilitário, mas falta uma integração maior com os próprios jogos, por exemplo.

Fica também a ideia de tentativa falhada da Nintendo em conseguir transformar a Wii U num centro multimédia de qualquer casa. Apesar de nos EUA haver suporte a aplicações como a Netflix, que permitem outro consumo de conteúdos, parece que o aspecto "a la Nintendo" do interface acaba por condicionar esse intuito. E a falta de mais aplicações e de maior compromisso entre a Wii U e a televisão também não ajudam.



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Esta consola da fabricante japonesa ainda não pode ser considerada uma set-top box, mas também já esteve mais longe desse conceito. Resta esperar para ver como a Nintendo vai fazer evoluir a Wii U em jogos, mas sobretudo em conteúdos e aplicações.

Em suma a Wii U é uma consola que se aconselha. Definitivamente. Cobre todas as gamas de jogos, desde os mais competitivos aos mais sangrentos, até aqueles que servem apenas para estimular o cérebro. Não falta uma componente social, uma loja de jogos que dispensa o formato físico e o conceito de dispositivo móvel - aspetos em que a Nintendo acertou em cheio.

Escrito ao abrigo do novo Acordo
Ortográfico