Nas últimas semanas o Moto 360 da Motorola passou pelo TeK. O modelo é uma das opções que já pode encontrar em Portugal e foi o gadget do género mais vendido em 2014. O design é sem dúvida um dos pontos fortes do modelo, que se destaca pelo mostrador redondo mais ao estilo de um relógio tradicional.



O botão do lado direito, que serve para ligar e desligar a iluminação do ecrã, ajuda a aproximar o aspeto do modelo daquele que tem uma peça normal de relojoaria, o que pode ser um bom argumento para quem não gosta de exibir gadget de aspeto mais geek, mas também para quem procura uma opção confortável.



O Moto 360 tem um ecrã LCD de 1.56 polegadas com 205 pixéis por polegada, que não impressionam mas que são suficientes para mostrar a informação que pode ver no relógio. O modelo que testámos, com a bracelete em pele castanha e pesa 49 gramas. Mesmo para quem tem um pulso mais fino adapta-se bem ao braço e não é excessivamente pesado ou incómodo, se decidir usá-lo para dormir.

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A grande mais-valia de um gadget deste tipo é mesmo o facto de dar acesso mais rápido e de forma mais fácil às notificações que vai recebendo no telemóvel, como os emails, ou SMS, a notificação de chamadas ou notificações associadas a aplicações ou jogos. Nos primeiros dias vai continuar a pegar no telemóvel várias vezes ao dia para descobrir se há novidades, mas algum tempo depois começa a render-se à comodidade de saber o que precisa sem ter de tirar o telemóvel da mala, desbloquear o ecrã e por aí fora.



A partir do relógio pode consultar a notificação e agir sobre ela. Ou seja, se tem nota de uma chamada não atendida, por exemplo, pode usar o relógio para iniciar uma chamada de resposta, criar uma mensagem de resposta ou abrir uma aplicação.



A partir do dispositivo também pode ditar SMS ou notas de agenda, criar lembretes, tarefas que podem passar a ser desempenhar na totalidade a partir do relógio sem ter de recorrer ao telemóvel. O Google Now está por trás desta habilidade, e funciona tão bem aqui como no smartphone, percebendo sem grandes problemas a maior parte das ordens dadas.



A mesma aplicação deixa-o usar o relógio para atalhar outras funcionalidades, como sejam definir um percurso e conhecer informações sobre a rota, fazer pesquisas na Internet, ou escolher uma música para ouvir no telemóvel. Tudo a partir de comandos de voz.

Claro que para tirar partido destas opções vai fazer aquela figura de Michael Knight a chamar o Kitt, mas se lhe serve de consolo a interação com o relógio pode ser feita quase a sussurrar que o dispositivo "ouve na perfeição".



Para os fãs das selfies um relógio inteligente com Android Wear, como é o caso do Moto 360, também tem outro atrativo: transforma-se num verdadeiro controlo remoto para tirar fotos. Permite tirar a foto e ver o resultado no ecrã do próprio wearable.



Os adeptos do exercício físico são outro público que têm neste tipo de gadgets um bom aliado e uma alternativa às pulseiras de fitness, embora a diferença no número de sensores de um e outro gadget possa ter impacto na fiabilidade dos resultados (dependendo do relógio e da banda).

No caso do Moto 360, o dispositivo integra com a aplicação Moto Body da própria Motorola, que permite monitorizar passos e atividade cardíaca, mas pode funcionar como uma extensão para um sem número de outras apps. Se usar o Runtastic, por exemplo, pode passar a iniciar uma corrida através do relógio (e em simultâneo no smartphone) e aí mesmo ver o resumo dos dados que a aplicação vai compilando.



A lista de apps compatíveis com Android Wear tem aliás vindo a aumentar de forma significativa. A partir da própria aplicação - que tem de instalar no telemóvel antes de começar a usar o relógio - há uma área que facilita o acesso a todo esse universo, graças ao menu Procurar apps sugeridas. Muitas são opções pagas, mas também vai encontrar sugestões interessantes com download gratuito em áreas como a produtividade, entretenimento, viagens, comunicações ou no já referido domínio do fitness. Também há jogos.



Experimentámos alguns, mas não tivemos nenhuma experiência memorável. As opções ainda não são muitas e na maior parte dos casos também não são brilhantes o suficiente para prender a atenção (e o olhar) a um ecrã tão pequeno, durante mais do que uns breves segundos. Outra opção de personalização garantida pela Motorola são os mostradores. Há vários há escolha, que pode instalar diretamente a partir do relógio ou no telemóvel, via Android Wear. Na loja há mais.

Falta dizer que a navegação, no Moto 360 é simples. Pode não ser a mais intuitiva num primeiro momento (até se habituar a deslizar o dedo pelo ecrã na direção certa) mas rapidamente nos habituamos a ela e que o relógio pode ser configurado para se adaptar à luz solar e ao nível de luminosidade do local onde o utilizador está. É aliás para garantir essa adaptação que a Motorola deixou no mostrador uma pequena faixa preta na base.



Otimizar a luminosidade do equipamento é um exercício que no entanto tem um impacto claro na autonomia da bateria (de 320 mAh) e aqui entramos num ponto menos positivo da experiência com o Moto 360, que provavelmente também sentiríamos com outros modelos concorrentes, já que as opções disponíveis estão a anos luz dos relógios tradicionais, no que à autonomia diz respeito.



Num dia longo com entrada pela noite dentro, se tiver recebido muitas notificações e tiver esticado ao máximo as capacidades do relógio para se adaptar a condições de luminosidade mais exigente, não estranhe se ficar sem bateria. Num dia de utilização mais moderada o relógio resiste às solicitações mas à noite terá de passar pelo carregador.



O Moto 360 tem uma memória interna e 4GB e RAM de 512 MB. É à prova de água, tem compatibilidade garantida com qualquer smartphone com Android na versão 3.4 ou superiores e custa 259€, no modelo com a bracelete em pele, ou 279,99€ no modelo com a bracelete metálica. Está longe de ser o modelo mais barato do mercado (encontra opções da Sony menos dispendiosas), mas também vai encontrar opções mais caras, como o LG G Watch - a outra saída para quem procura um relógio inteligente discreto e com aspecto de relógio "normal".



O Apple Watch, que chega às lojas a partir de 24 de abril, tem preços a partir de 399 euros. Uma das novidades mais interessantes do modelo parece-nos a interface completa e intuitiva, que antecipa uma forma fácil de ter acesso a toda a informação no smartphone e navegar entre opções. O suporte para o Apple Pay (o sistema de pagamentos da Apple) é outro fator distintivo, bem como a possibilidade de contactar diretamente de forma rápida com outros utilizadores do relógio, através de um menu próprio.



Sem experimentar o modelo é impossível perceber se no dia-a-dia essas diferenças serão assim tão relevantes para aquilo que vai efetivamente fazer a partir do relógio. Para já salta à vista é a diferença de preços entre o wearable criado pela empresa da maça e os produtos da concorrência.

Nas opções mais em conta o Moto 360 afirma-se sem dúvida como uma solução interessante, mas cara tendo em conta o número de operações que permite realizar apenas a partir do relógio, sem ter de "pedir a ajuda do telemóvel", ou a garantir mais (ou pelo o mesmo) confortável no wearable que no smartphone.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Cristina A. Ferreira