É uma boa jogada de marketing: dizer que o computador que está a comprar é na realidade quatro dispositivos em um. Isto enche o ego a muitos consumidores, mas a verdade é que muitos deles vão acabar por não tirar partido desta flexibilidade. Mas e se na realidade o que as pessoas estivessem a comprar fosse um bom portátil?
Acima de tudo é este o resumo de vida do HP Pavillion x360. Numa altura em que os dispositivos móveis estão em tendência, os fabricantes de computadores parecem querer também entrar neste campo ao dizerem que os seus portáteis podem ser usados, por exemplo, como tablet. E noutros modos de visualização que dificilmente interessam.
Mas o mais curioso é que neste caminh, a tecnológica norte-americana acabou por construir um portátil tradicional muito bem conseguido: mais do ponto de vista estético e funcional do que do ponto de vista da potência e do grafismo, diga-se. Mas esse também não era o objetivo.
No geral fica uma boa impressão deste computador da HP, mas será preciso detalhar diversos aspetos do equipamento para que cada leitor descubra, se na realidade, este é ou não o portátil ou híbrido do qual anda à procura.
“O Sr. x360 irá recebê-lo agora”
Se chegasse a uma mesa e visse o Pavillion x360 fechado à sua espera, seria difícil considerar este equipamento como não-apelativo. Apesar de ter uma construção em plástico, está pintado em cor metálica e o acabamento usado reproduz uma boa sensação ao toque da mão.
O design, mesmo sendo de um computador portátil robusto, tem no entanto linhas muito elegantes e simplistas. Com a tampa baixada, o portátil é uma grande folha platinada com o símbolo da HP. Levantando-a, surge um interior negro, mas que continua a ser elegante.
As linhas do portátil são arredondadas e isso ajuda a que tenha um aspeto mais “simpático” e não tão agressivo como aquilo que acontece, por exemplo, nos ultrabooks.
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Mesmo sendo um portátil de 13 polegadas, a verdade é que o x360 pode parecer um pouco maior. As teclas, por exemplo, estão bastante espaçadas, garatindo espaço para que pouse as mãos no computador e tenha espaço mais do que suficiente para os dedos não entrarem em “conflito”. E o ecrã está ladeado por rebordos pretos de espessura considerável, o que também contribui para a sensação de tamanho maior do que aquele que realmente tem.
E é justamente o ecrã o primeiro revés deste computador. A qualidade não surpreende, apenas cumpre. E isso acaba por ser notório justamente pelo tipo de construção que a HP dá ao portátil: um desenho bem conseguido e a puxar para o aspeto premium, mas com um ecrã que sofre de falta de definição.
A resolução é de 1.366x768 píxeis. Apesar de ser suficiente para as tarefas mais comuns do dia a dia - como ler um artigo online ou passar algum tempo no YouTube -, não faz esquecer a falta de detalhe nas letras dos textos ou nos contrastes dos filmes.
As cores apresentam-se um pouco esbatidas e isso também contribui para a opinião menos positiva sobre a tela deste Hewlett-Packard. Os ângulos de visão são maus tendo em conta o que há lá fora no mercado.
Mas regressando um pouco atrás, ao teclado, há que louvar as teclas em estilo chiclete que garantem uma experiência de escrita bastante agradável. Esta mesma análise está a ser escrita no Pavillion x360 e tal como a utilização até aqui feita, o teclado está a ter um bom comportamento com uma taxa mínima de falhas nas entradas de texto realizadas.
E se este elemento é um ponto a favor, o touchpad é definitivamente um ponto contra. Não tem uma sensibilidade muito grande e parece estar sempre solto - quando recebe o toque do dedo emite um som “barato”. Durante o período de testes chegou mesmo a apresentar dois casos sérios de problemas, apenas resolvidos com a reinicialização do computador - teve grande dificuldade em reconhecer os gestos efetuados.
Valeu o facto de o ecrã ser sensível ao toque e é este o momento no qual a flexibilidade deste portátil Pavillion vem ao de cima.
Um ecrã touch num portátil tradicional não faz muito sentido. Mas também não vale a pena abusar no dinamismo que um ecrã sensível ao toque pode conferir a uma máquina. Segundo a HP são quatro as posições: portátil, modo de visualização, modo de tenda para jogos e modo tablet.
Entre o modo de portátil e de visualização a grande diferença está no facto de o teclado estar virado para baixo. Mas será esta realmente uma diferença ou será até antes uma desvantagem, já que as teclas e o trackpad não ficam acessíveis?
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O modo de tenda ainda se pode ter alguma justificação, mas também não será o mais confortável, pelo menos neste tipo de máquina.
Do modo tablet basta por exemplo referir que o computador pesa dois quilogramas. É bom poder dobrar o ecrã a 360º e ficar com uma superfície plana, mas a ergonomia e a usabilidade neste modo caem de forma drástica.
O segredo do dispositivo está nas duas dobradiças robustas, possivelmente o aspeto mais positivo das múltiplas faces do computador. As dobradiças são rijas, grossas e de qualidade e ajudam a que este Pavillion mantenha a firmeza mesmo quando está em posições mais “embaraçosas”.
Mas é pelos motivos acima referidos que se defende aqui que como portátil este x360 é uma boa máquina, bem construída e com apontamentos de qualidade. Mas quando se procura a flexibilidade apregoada pela HP, o equipamento perde algum do seu sentido.
Certamente que alguns utilizadores encontrarão vantagens nos diferentes modos de utilização, mas é de acreditar que o consumidor geral passará a esmagadora maioria do seu tempo na posição de portátil e é aqui que está o grande valor da máquina.
Perfomance média para as carteiras médias
Mesmo apresentando características técnicas interessantes - processador Intel Core i5 4120U, 4GB de memória RAM, 750GB de armazenamento interno em disco SATA de 5.400 rotações por minuto e gráfica Intel HD 4400 -, elas não garantem um desempenho arrebatador.
É certamente mais do que suficiente para as tarefas do dia a dia na Internet e mesmo ao nível de programas de computador. O streaming de vídeos em Full HD é normal, apenas com um soluço de longe a longe. Mesmo não tendo ecrã para isso, lida de forma exímia com a reprodução de conteúdos em Ultra HD. Assim como uma conversa no Skype, facilitada pela Webcam integrada.
A prejudicar o desempenho no geral está a grande quantidade de software proprietário da HP que está constantemente a emitir alertas e a pedir interação do utilizador, o que além de desviar a atenção, desvia recursos que podem ser importantes para outras tarefas.
Mas se se aventurar por caminhos mais exigentes, como uma edição de vídeo mais profissional, então aí já vai sentir as limitações, sobretudo da unidade de processamento gráfico.
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Tal como muitos Intel Core i3/5/7 no mercado o grafismo acaba por ser o lado mais fraco do computador e um jogo como Murderer Soul Suspect tem sérios problemas em ser reproduzido, mesmo nas configurações mais reduzidas.
A verdade é que por 600 euros - o preço mínimo a que o TeK encontrou o portátil - os consumidores sabem que terão de fazer algumas concessões. O chip Core i5, mesmo não sendo o mais potente da sua gama, é “topo de gama” o suficiente para as típicas atividades quotidianas num computador. Criativos, profissionais multimédia e entusiastas mais exigentes terão de forçosamente olhar para outras máquinas e por consequência para outros segmentos de preço.
Os aspetos que ninguém liga num portátil, mas que fazem diferença
Autonomia, qualidade do som e entradas multimédia. Este é o triumvirato denegrido por muitos utilizadores. Que interessa ter o melhor ecrã se a bateria não acompanha? De que vale ter uma boa gráfica se o som do computador condiciona toda a jogabilidade? Qual o sentido de comprar um computador sem garantir que o mesmo está bem apetrachado ao nível de entradas e saídas multimédia? Mas indo por partes…
A bateria é um elemento em destaque, mas pela negativa. A autonomia da empresa está estimada em cinco horas, mas a verdade é que num nível de utilização exigente o computador pode não render muito mais do que três horas.
Se decidir poupar no brilho do ecrã e na performance da máquina, vai conseguir mais. Mas nesta altura do “campeonato” os utilizadores não deveriam ter estas preocupações de poupança com os portáteis, sabendo que já existem máquinas cujas baterias vão até às 18 horas de autonomia - mas com processadores muito menos exigentes, é certo.
O som é garantido por duas colunas com assinatura da Beats Audio. Mesmo no volume máximo, o som não cede e apresenta um desempenho sólido. Este é sem dúvida um dos grandes aspetos deste x360.
De louvar ainda a colocação de uma tecla de volume dedicada na parte lateral do portátil, que dá um jeito imenso - numa altura em que os utilizadores estão habituados a este posicionamento por causa dos smartphones e tablets.
Ao nível do som um último apontamento para a ventoínha incluída no portátil que produz um ruído considerável, notório mesmo quando o utilizador está em tarefas menos exigentes, como escrever um texto, ou está ele próprio a produzir barulho com o bater dos dedos nas teclas.
Duas portas USB 3.0, uma porta USB 2.0, uma entrada HDMI, um entrada para cartões SD e uma porta Ethernet fazem a “festa” multimédia deste portátil, que tem ainda a última versão da tecnologia Bluetooth. O suficiente para a grande maioria das utilizações, seja a ligação a um televisor, seja através da extensão da memória através de múltiplas unidades de armazenamento.
Considerações finais
Olhando para o que o HP Pavillion x360 disponibiliza por um preço entre os 600 e os 700 euros - dependendo do retalhista - este pode ser o portátil que muitos portugueses procuram. Ainda que o valor possa ser um pouco acima do orçamento de muitas famílias, as características do computador colocam-no como um bom parceiro para os próximos cinco ou seis anos.
O design, a usabilidade como portátil e o processador rápido são as suas maiores armas. O ecrã e bateria os seus calcanhares de Aquiles. Pelo meio existem outros apontamentos a favor, como o sistema de som, e outros contra, como a gráfica pouco ambiciosa.
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Mas olhando para as especificações técnicas muito pouco ambiciosas de alguns computadores de entrada de gama existentes, talvez seja uma boa ideia investir mais algum dinheiro e garantir um computador dentro deste género - se não for este da HP, conseguirá encontrar semelhante na Asus, na Toshiba ou na Lenovo por exemplo.
Mas onde a Hewlett-Packard ganha é na criação de um pacote de qualidade e moderno, algo onde as outras fabricantes parecem estar ainda um pouco atrás - pelo menos neste segmento de mercado.
No final é necessário referir a versatilidade do equipamento. Por aqui, defende-se que é mais um golpe de marketing do que propriamente produtividade garantida. Mas se acha, por exemplo, que o modo tenda consegue entreter os seus filhos através de jogos interativos, então esta é sem dúvida uma característica a ter em conta.
Ainda assim, o Pavillion x360 parece portar-se melhor naquilo para o qual foi construído: ser um portátil do quotidiano.
Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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