Logo na apresentação da quarta geração do iPad, a 23 de outubro, foi fácil perceber que não haveria "revoluções" mas apenas "melhorias" para o tablet mais famoso do mundo. O novo iPad foi até eclipsado pelo iPad mini, esse sim com mudanças a nível de design e de preço que justificavam o entusiasmo de quem tinha interesse num formato mais pequeno - de 7 polegadas - e num custo mais acessível.

Mas - como era esperado - não foi esta falta de características revolucionárias que comprometeu o sucesso do novo tablet da Apple, que terá vendido três milhões de unidades nos primeiros dias, entre o modelo de 10 polegadas e o mini, voltando a quebrar recordes. Segundo os analistas a explicação é simples: há mais gamas disponíveis - porque a segunda geração continua à venda e baixou de preço - e há cada vez mais utilizadores interessados em comprar um tablet da Apple, apesar das múltiplas alternativas com sistema operativo Android (e agora também Windows 8) que vão chegando ao mercado.

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Em Portugal as vendas da quarta geração do iPad tiveram início a 2 de novembro, mas só na versão Wi-Fi. Não houve filas de entusiastas à porta das lojas e continua a não haver números de vendas, mas a conjuntura económica ajudará a contribuir para um entusiasmo moderado, numa altura em que muitos fazem contas aos cortes nos subsídios e ao aumento de impostos.

Tal como aconteceu noutros mercados, a versão com ligação de banda larga móvel (3G) só começou a ser comercializada mais tarde, a 26 de novembro, e foi esta que o TeK teve oportunidade de testar, com uma unidade gentilmente cedida pela Vodafone.

Confesso que depois de ter desembrulhado quatro gerações diferentes do iPad, o entusiasmo acaba por ir arrefecendo. A caixa é muito semelhante, a forma como o tablet vem acondicionado não tem qualquer diferença em relação ao modelo anterior e o processo de configuração já é mais do que conhecido, sendo fácil carregar todos os conteúdos e aplicações que já "personalizaram" modelos anteriores.

E ao lado do iPad de terceira geração - ou mesmo do iPad 2 - não há qualquer diferença imediatamente identificável que permita fazer a distinção e aumentar a curiosidade dos observadores. O mais certo é ouvir comentários do género: para que queres dois tablets iguais?

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Se é verdade que entre a primeira e a segunda versão estive tentada a escrever um anúncio para troca do tablet, na terceira o resultado da análise mostrava que as diferenças não justificavam o investimento. E agora a sensação de diferenciação entre o iPad de terceira e quarta gerações é ainda menor.

As dimensões são quase iguais, embora o novo iPad seja 0,4 mm mais fino e cerca de 50 gramas mais leve (nas versões Wi-Fi e 3G). Pequenos pormenores que passam quase despercebidos perante o chassi em alumínio e a cor exterior igual ao que já possuía.

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Os mais atentos e de olhar "aguçado" começam a notar alguma diferença na qualidade de imagem. O novo iPad integra o ecrã com qualidade Retina e 3.1 milhões de pixels - 264 pixels por polegada - , que já tinha sido estreado no iPad de terceira geração e cuja qualidade se nota sobretudo na visualização de texto, mas que são também evidentes no impacto das cores e no detalhe das fotografias e vídeos.

Mas no dia-a-dia a principal mudança vem da rapidez que o novo processador A6 garante. As aplicações abrem mais rapidamente (algumas décimas de segundo), os jogos e vídeos são mais fluídos e os processos de editar imagens, aumentando e reduzindo zoom, ou o folhear de livros é cada vez mais natural.

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Segundo os dados da Apple, o A6 é duas vezes mais rápido no processamento do CPU e gráfico, sem comprometer o desempenho da bateria, que tem uma duração estimada de 10 horas. A verdade é que seja por ser "novinha" ou por não termos conseguido dedicar a atenção necessária para esticar ao máximo o tablet, o novo iPad se aguentou graciosamente sem exigir nova carga durante quase dois dias.

Outra das diferenças notórias é o novo conector, o Lightning, muito mais pequeno do que o de 30 pinos, que tem a vantagem de ser reversível e mais durável. Mas também há desvantagens (já por demais referidas no TeK), sobretudo para quem já investiu num "ecossistema" de ligações para modelos anteriores e que agora tem de repensar a conectividade a altifalantes externos, ou mesmo o simples carregamento da bateria e a ligação ao computador em dois ou três locais distintos.

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Claro que existem alternativas: pode comprar mais um cabo lightning para manter um em casa e um no escritório e há adaptadores para converter as ligações do cabo de 30 pinos para cabo lightning ... mas há que admitir que quem já gastou umas largas centenas de euros no tablet e em dispositivos auxiliares tem menos disponibilidade (ou nenhuma) para voltar a abrir os cordões à bolsa.

Muito havia ainda para dizer, mas vamos centrar-nos em duas questões antes de fechar o artigo: conectividade e espaço de armazenamento, que determinam os modelos escolhidos. E os preços.

Embora o potencial de maior rapidez trazido pelo LTE não se concretize ainda, pela falta de compatibilidade com a tecnologia implementada em Portugal pelas operadoras, durante o teste não sentimos grande razão de queixa com a ligação 3G, onde conseguiu muitas vezes os melhores débitos da HSPA.

As contas bem feitas ao orçamento também interessam nesta escolha, até porque apesar da versão só Wi-Fi custar menos 100 euros, a ligação móvel dá muito jeito para quem usa o tablet fora de casa e do escritório. A alternativa pode ser o tethering com a ligação do telemóvel ou a utilização de um hotspot 3G, e em tempo de "vacas magras" esta solução sai muito mais em conta... Mesmo que opte pelo 3G não convém "abusar" muito da banda larga móvel, para não gastar o orçamento todo na comunicação de dados, por isso a escolha para downloads pesados deve recair sempre no mais baratinho Wi-Fi.

Quanto ao espaço de armazenamento a Apple disponibiliza três versões: 16, 32 e 64 GB, com incremento no preço. A versão que testámos foi a de 32 GB, e mesmo depois de "artilhada" com todos os conteúdos e aplicações que temos vindo a colecionar por uma utilização mais ou menos intensiva ainda sobraram mais de dezena e meia de GB livres. Por isso quem quiser poupar mais uns cobres (pelo menos 100 euros!) pode ser contido também neste aspeto. E se necessitar de espaço extra tem sempre a possibilidade de recorrer à iCloud...

Mesmo com estas possibilidades de "cortar na despesa" não consegue comprar o iPad de quarta geração por menos de 509 euros - isto considerando que opta pela versão só Wi-Fi e só com 16 GB de espaço de armazenamento. Os valores sobem até aos 839 euros na versão com 3G e 64 GB, um luxo caro...

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Por isso a pergunta do início do artigo justifica-se: será que o novo iPad vale este investimento?

Cada um sabe do seu bolso, mas há que considerar que a terceira versão (já retirada do mercado) e mesmo o iPad 2 cumprem perfeitamente a maioria da funções de um tablet na área de entretenimento e produtividade, podendo não se justificar o investimento adicional. Por menos 100 euros compra um iPad 2 e até é capaz de encontrar no mercado um iPad de terceira geração por valores equivalentes...


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Fátima Caçador

Nota da Redação: O texto foi alterado para explicar melhor as comparação das dimensões e qualidade do ecrã com as versões anteriores do iPad e foi retirada a referência à ligação USB, que se deveu realmente a uma perceção distorcida da minha parte...

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