Apesar da incerteza sobre a data do lançamento dos serviços de 5G em Portugal, as fabricantes de smartphones continuam a lançar os seus equipamentos no mercado com suporte à quinta geração móvel. É o inevitável futuro tecnológico, mesmo que tenhamos acesso a funcionalidades que ainda não podemos utilizar. E este é o caso da Oppo, que tem vindo a aumentar a aposta no nosso país com o lançamento do Reno4 Pro 5G, um smartphone com um design muito elegante e algumas especificações de topo, a um preço mais acessível que as joias da coroa das principais fabricantes: 799 euros.
É certo que ainda não temos 5G, mas ao ter um equipamento pronto para a nova geração significa também o acesso a um modem de topo. E por isso estes equipamentos primam por oferecer ligações mais rápidas que outros smartphones limitados ao 4G. Neste caso, o Reno4 Pro 5G assenta no processador de 7 nm Snapdragon 765G, que embora não seja tão rápido como um 865, este está otimizado com o foco na poupança de energia, e claro, nas comunicações 5G ao integrar o modem Snapdragon X52 para velocidades até 2,7 GB/s. E na identificação das redes informa a velocidade das mesmas, se são a 2,4 GHz ou a 5 GHz, na lista geral.
O primeiro contacto com o Reno4 é muito agradável, por estarmos perante um equipamento extremamente fino e leve (172 gramas) e com um aspeto premium. Mas ao mesmo tempo pareceu um “peixe” escorregadio na mão quando o tirei da caixa, de tão esguio que é. Tem 7,6 mm de espessura e cantos arredondados. Na sua boa experiência de utilização contribuiu bastante a sensação háptica quando se escreve ou a interage com as aplicações, vibrando ligeiramente, aumentando dessa foram o feedback dos inputs.
Este modelo que recebemos para teste tem uma traseira com tons azuis, com uma textura “fosca” e um degradê a puxar para tons esverdeados, conferindo-lhe um toque de classe. E o ecrã prolonga-se um pouco pelas bermas, criando uma espécie de simetria com o espelho traseiro, e uma maior ilusão de que é muito fino nas laterais, e bem mais largo na sua parte base superior e inferior.
No entanto, o design agradável do equipamento e o seu charme perde-se pela “obrigatoriedade” do uso da capa transparente de proteção que acompanha o smartphone, fazendo-o “engordar” um pouco mais. E isto porque o seu conjunto de câmaras na traseira são bastante salientes, e quando pousa o telemóvel estas são o primeiro ponto de impacto com a superfície.
É preciso ter cuidado ao pousar o equipamento, pois estas não só podem ser danificadas com algum toque em falso; como tornam o equipamento desequilibrado, como uma cadeira “manca” que necessita de um calço para assentar. A capa atenua este detalhe importante, mas não fica ao mesmo nível das câmaras, mantendo-se a questão do contacto com as lentes. Ainda assim, o equipamento está protegido com Gorilla Glass 6, tanto na frente como traseira, evitando danos maiores em algum “descuido”.
Ainda no que diz respeito ao design deste Reno4 Pro 5G, este segue as tendências atuais e descarta o jack 3,5 mm para auscultadores. Os auriculares que acompanham o equipamento são com fio, ligados através de USB-C na parte inferior e ao seu lado esquerdo a bandeja dos cartões. No lado esquerdo tem os dois botões de volume, que pode expandir para controlar outros elementos multimédia. E do lado direito o botão de energia.
É realmente estranho a fabricante ter libertado as laterais, tendo concentrado na parte inferior a bandeja, a entrada USB-C, mas também um dos orifícios de microfone e o altifalante principal. Já agora, a bandeja é dupla, permitindo utilizar um segundo cartão SIM, embora apenas o principal suporte 5G.
Nas questões de segurança do desbloqueio, o sensor biométrico de impressões digitais está alocado debaixo do ecrã e funciona muito bem. Apenas necessita de se habituar ao ponto onde está presente se pretende desbloquear o sistema ao primeiro contacto. Mas o pequeno círculo iluminado no ecrã mostra-lhe com precisão onde deve tocar com o dedo configurado. O sistema é muito rápido a ativar. E o mesmo para o reconhecimento facial. Mesmo em locais sem iluminação, como de noite, a luz emitida pelo ecrã é suficiente para ajudar a reconhecer o rosto do utilizador.
Carregamento da bateria funciona como “um sopro”
Um dos aspetos mais importantes de um smartphone, ou qualquer outro equipamento eletrónico como um portátil ou tablet, é a sua autonomia. Este modelo tem um total de 4.000 mAh divididos em duas células de bateria, ainda que não seja a mais duradoura do mercado, mas mesmo assim com capacidade para trabalhar todo o dia e ainda sobrar um pouco para o seguinte. O que surpreende mesmo é o seu sistema de carregamento rápido.
A tecnologia SuperVOOC 2.0 de 65W permite ver o carregamento quase em “tempo real”, como se estivesse a “encher um balão de ar”, tal a rapidez. Em poucos minutos consegue carregar energia suficiente para umas boas horas de utilização, e em cerca de 20 minutos a carga total. E este é o sistema que vai salvar muita gente quando precisa de apenas um “encosto” ao smartphone, durante uma pausa para café.
O único senão é ter de andar com o enorme “sabonete” do carregador atrás. Além disso, o equipamento não suporta carregamento via wireless, que começam a ser cada vez mais comum nos modelos recentes.
No que diz respeito ao consumo de multimédia, o ecrã AMOLED de 6,5 polegadas a 90 Hz, oferece uma experiência nítida, vibrante e fluída a ver vídeos de alta resolução. No YouTube pode mesmo adaptar a imagem ao seu ecrã com um simples “pinch” dos dedos sem perder qualidade. As cores são vívidas e cristalinas, sobretudo nos concertos ao vivo que usámos no teste. O equipamento tem bastante brilho, e quando este nem sequer está regulado no máximo oferece uma imagem nítida, mesmo em locais sob luz forte, como o sol intenso.
E claro, para uma experiência completa, os altifalantes apresentam um bom equilíbrio de graves, mas pessoalmente não existe experiência que substitua um bom par de auscultadores. Mesmo os auriculares presentes na caixa oferecem uma experiência mais envolvente, com realce nos baixos.
Mas sem dúvida que a imagem deste equipamento é muito boa. A única falha da experiência multimédia é a “mosca” sempre presente, ou melhor, o pequeno punch-hole da câmara fotográfica frontal que se sobrepõe à imagem quando decide utilizar a totalidade do ecrã.
Se considera jogar, este equipamento tem hardware mais que suficiente para jogar sem “soluços” jogos como Fortnite ou PUBG, mesmo que não tenha sido concebido para tal. E considerando a sua excelente conectividade, certamente que irá ter um desempenho melhor no que diz respeito a latência que muitos outros jogadores.
Câmaras fotográficas de qualidade e com estabilizador digital
No interior do smartphone, para além do referido Snapdragon 765G da Qualcomm, tem 12 GB de RAM e 256 GB de memória interna, que são requisitos dos smartphones de gama média alta. E o espaço considerável de armazenamento é bem-vindo, porque o smartphone não tem suporte a expansão através de cartão SD card.
O smartphone oferece um conjunto de três câmaras na sua traseira, composto por uma lente principal Sony IMX 586 de 48 MP onde se destaca o seu estabilizador de imagem ótico (OIS). Tem também uma lente ultra grande angular de 12 MP e uma ótica de 3X de 13 MP. O sistema garante fotografias nítidas e detalhadas tanto para quem gosta de fotografar os mais pequenos insetos, às paisagens mais abrangentes com registos panorâmicos igualmente ricos e coloridos.
Obviamente que não estamos a falar do conjunto fotográfico mais completo do mercado, mas dentro da sua gama é um dos pontos de realce. O zoom ótico ajuda a captar objetos a uma distância considerável, e se isso não chegar, pode “esforçar” o sistema no modo digital, ainda que isso estrague o detalhe da imagem. Interessante que ao fazer “pinch” com os dedos no ecrã para encontrar a posição mais confortável para fotografar, o sistema vai alternando entre as câmaras automaticamente, sem a necessidade de tocar em cada modo de fotografia. E mesmo o sistema HDR, que atua automaticamente, garante fotografias mais nítidas e detalhadas, especialmente em situações de captação contra-luz do sol.
E relativamente ao OIS, esta tecnologia deveria ser “obrigatória” em qualquer smartphone, pois ajuda qualquer amador a captar as melhores fotografias e vídeos. Foram raras as fotos que tive de apagar durante o teste por terem ficado desfocadas. E para provar que o seu sistema é competitivo, a Oppo levou-nos mesmo para o autódromo do Estoril, para gravar vídeo a, literalmente, alta velocidade. Ao assistir ao resultado, parece que os carros circulavam em “marcha lenta”, quando na verdade chegou-se a atingir os quase 200 Km/h em pista, sem qualquer problema na sua captura. As imagens continuam nítidas e sem perdas nos detalhes.
Nas capturas de fotografias em locais menos iluminados ou em exteriores noturnos, a câmara utiliza o Night Mode para ajudar a clarear as imagens. Esta é uma área onde as fabricantes continuam à procura de um “milagre”, mas o software da câmara dá uma boa ajuda a corrigir as imagens e a diminuir o granulado, ajudando a preencher e definir as áreas mais negras. O principal problema na captura noturna é sempre o tempo que é necessário manter a câmara firme, correndo o risco de obter fotos tremidas. Ainda assim, o resultado deste modelo foi bem satisfatório, mesmo que não perfeito.
A câmara selfie apresenta uma lente de 32 MP, mostrando o compromisso da fabricante com os criadores de conteúdo para as redes sociais. As imagens têm qualidade, sobretudo os utilizadores que gostam das “maquilhagens virtuais”, com a inteligência artificial a retocar certos tons. Quanto a vídeo, o sistema de estabilização também funciona na frente, ainda que não com a mesma eficácia da lente traseira, caso queira documentar e registar algo num vlog, por exemplo. E caso queira dar um toque nas imagens antes de publicar ou se não tiver tempo para transferir para o computador para as trabalhar, o smartphone oferece o editor Soloop da marca.
É sempre bom ver as principais marcas a apostar no mercado português e a Oppo tem procurado inovar nos seus equipamentos, ora centrando-se nos mecanismos da câmara fotográfica, ora na tecnologia de recarregamento. Este Oppo Reno4 Pro 5G não poderá ser desfrutado em pleno, no que diz respeito às redes de alta velocidade, mas ainda assim tem alguns truques na manga que merecem atenção. Do meu lado, sem dúvida que destacaria a rapidez com que carrega a bateria. É mesmo impressionante.
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