Mais fino e mais leve do que qualquer outro smartphone dobrável no mercado, o Honor Magic V3 arranca boas impressões desde que foi lançado na China. E logo que o vimos na IFA, no evento que marcou a chegada à Europa, comprovámos que está entre os mais impressionantes modelos à venda, superando em design a concorrência mais direta, leia-se o Samsung Galaxy ZFold 6. Mas as primeiras impressões não chegam e muitas vezes é na utilização mais continuada que surgem os pontos fracos, com dificuldades no software ou desapontamento com o desempenho ou duração da bateria. Só que isso não aconteceu com o Magic V3 da Honor.
Nas últimas semanas o smartphone tem sido companhia diária, naquilo que se pode considerar uma "long review", muitas vezes em situações desafiantes, como longas viagens de avião, dias inteiros de reportagem com recurso a gravação de voz mas também vídeos e fotografias. O smartphone da Honor nunca deixou de responder na melhor forma, mesmo que chegando nestes casos ao final do dia com o nível de bateria mais reduzido.
Em modo fechado ou aberto, o Magic V3 junta o melhor de um dobrável em forma de livro com um smartphone tradicional (ou de barra como muitos chamam) e é uma excelente evolução do modelo Magic V2 no design, hardware e também no software, que já está a um nível bastante avançado, embora ainda com algumas arestas por limar. Mesmo na fotografia e vídeo há poucas críticas a fazer.
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Elementos de design que se destacam
É fácil ficar impressionado com a forma como a Honor conseguiu reduzir a espessura do Magic V3 para os 9,2mm, com um peso total de 226 gramas, para o qual contribui a utilização de novos materiais que “afinam” o equipamento mas não comprometem a resistência nem a bateria. A empresa não partilha os segredos de engenharia e embora tivéssemos visitado a fábrica dos topos de gama em Shenzen não conseguimos ver a linha de produção onde é montado o dobrável.
Fechado o Magic V3 tem a dimensão do ecrã de 6,4 polegadas e a Honor optou por manter o formato 20:9, distanciando-se da escolha da Samsung que tornou o seu Z Fold mais “magro” na largura do display. Isso faz com que o ecrã exterior se torne mais útil e agradável de usar, dispensando muitas vezes a utilização do display interior, com o smartphone aberto.
Responder a mensagens, ver emails e até ler textos e navegar em páginas Web acaba por ser prático usando apenas o ecrã exterior, e na maioria das vezes acabávamos por não chegar a abrir o ecrã principal. Só para uma leitura mais extensa, para ver um vídeo ou para jogar é que recorria ao ecrã maior, beneficiando também da possibilidade de usar mais do que uma aplicação em simultâneo, o que em algumas situações de edição ou de consulta de informação se revelou bastante útil. E o som acompanha de forma positiva a experiência.
A dobradiça do Magiv V3 foi reforçada com novos materiais e a Honor diz que é “super steel” e suporta mais de 500 mil aberturas. A verdade é que parece resistente, mas torna a abertura do smartphone um pouco mais difícil, exigindo alguma força e até a intervenção das unhas, mantendo ainda assim a “forma” ao fim de várias semanas sem se tornar mais lassa.
A espessura reduzida, e o peso, tornam também agradável a utilização continuada do smartphone, que ganha aos pontos ao Z Fold nesta área. Os materiais da traseira ajudam, assim como a capa que a Honor inclui no pacote e que ajuda a proteger o smartphone. Integra também um útil apoio para suportar o equipamento em ângulos mais elevados, mas que tem também um ponto negativo de que falaremos mais à frente.
O design octagonal da câmara principal destaca-se na traseira e é um elemento distintivo incontornável, também pelo equilíbrio que dá à utilização do telemóvel sobre uma superfície plana, como uma mesa. Pelo menos quando fechado, porque quando aberto já não acontece a mesma sintonia. Confesso que para mim esta é sempre uma questão importante já que muitas vezes uso o telemóvel pousado na mesa enquanto trabalho, respondendo a mensagens ou verificando informação, usando o áudio das gravações de entrevistas ou simplesmente ouvindo música.
A colocação das câmaras num dos lados da traseira, uma opção do Magic V2 e e de outros smartphones no mercado, faz com que “balancem” demais, sobretudo sem capas.
Para ver vídeos ou documentos mais longos, vale a pena optar pelo ecrã interior já com o recurso do suporte, mas a utilização com as duas mãos é também confortável, especialmente em viagens. Na maior parte das vezes usámos auriculares para não incomodar os vizinhos, mas o som é também bastante potente para usar os altifalantes. Nas chamadas optámos por usar o telefone fechado.
A capa incluída pela Honor é da mesma cor do smartphone, no caso do que testámos é verde, e com o hábito torna-se fácil de colocar. Tem uma proteção para o ecrã frontal separada da que tapa a traseira e a dobradiça lateral, mas depois de alguns dias acabei por retirar esse elemento que não era muito útil e tapava alguma da elegância do telefone.
Um ecrã extensível onde é fácil ignorar o “vinco”
O Magic V3 tem um ecrã exterior OLED de 6,43 polegadas que rivaliza com qualquer outro smartphone topo de gama do mercado e é perfeitamente suficiente para grande parte das tarefas. Mas a “magia” acontece quando se abre o smartphone para “esticar” o ecrã para as 7,9 polegadas, quase em modo tablet pequeno, para ver vídeos, jogar, ler documentos mais longos, ou para usar mais do que uma aplicação na mesma janela.
O ecrã interior AMOLED garante alguma uniformidade com as definições do exterior, e pode ir também até aos 120 Hz de taxa de refrescamento com a opção de resolução dinâmica que pode ser ativada. O brilho é mais reduzido do que no exterior, mas pode ir até aos 1.800 nits que não se mostrou um grande obstáculo mesmo em situações de utilização no exterior com luz intensa. Não se compara com o exterior, com 5.000 nits de pico, mas são tecnologias diferentes, e notámos também que é mais fácil acumular dedadas (e mais difícil de limpar).
Para maior proteção, a Honor melhorou a proteção do ecrã exterior com uma capa anti riscos de nano cristal e do interior com uma capa super armored, que não afeta a flexibilidade necessária para abrir e fechar o smartphone.
Veja o vídeo oficial da apresentação Honor Magic V3
A empresa incluiu um sistema de desfocagem apoiado por IA que ajuda os olhos a ajustarem-se mais rapidamente à visualização de conteúdos quando altera a distância focal entre objetos mais longe e mais perto, mas sinceramente não senti grande diferença em relação a outros smartphones.
Para ver vídeos ou jogar em títulos mais “imersivos”, a qualidade do ecrã é bastante satisfatória mas ainda há muitas aplicações com dificuldade de adaptação a ecrãs neste formato, incluindo o YouTube que continua com as “faixas pretas”. O mesmo acontece até com as fotografias e vídeos captados pelo próprio smartphone no formato 16:9 e mesmo 21:9, ocupando o ecrã todo apenas quando se muda para as opções de “ecrã inteiro” na fotografia.
Com o tempo e a habituação tornou-se mais fácil tirar partido do ecrã com os recursos de software para abrir mais aplicações em simultâneo e por isso recomendo que vejam os vários tutoriais para aprender o que se pode fazer, com e sem a caneta, com os ecrãs divididos e os menus laterais.
Quanto ao “vinco” que se torna visível na zona da dobragem, acaba por deixar de ser um problema. Depois de testar várias gerações de smartphones dobráveis nota-se alguma evolução com os vincos a serem mais discretos, mas não invisíveis. Só que passam a ser uma característica e não um dilema, deixando de ser notados facilmente quando se vê conteúdos, a menos que se esteja claramente à procura dele.
Desempenho nas provas de “endurance” e software optimizado
A Honor não poupou no desempenho do Magic V3, colocando-o ao nível dos seus melhores equipamentos de topo de gama, com um processador Snapdragon 8 Gen3 que não desilude, mesmo em situações de maior esforço, com várias aplicações abertas e a usar funcionalidades de Inteligência Artificial mais exigentes.
Está entre os melhores smartphones que já usámos e por isso nas últimas semanas tornou-se mesmo o equipamento principal no meu dia a dia. O smartphone vem com 12 MB de RAM e ainda que não tenhamos sentido isso como um entrave ao bom desempenho, era simpático que a Honor reforçasse esta alínea das especificações, sobretudo para garantir que a performance não irá degradar-se com a evolução das ferramentas de IA que vão certamente exigir mais memória para funções executadas diretamente no smartphone.
O modelo que testámos tem a versão 14 do Android adaptada no Magic OS 8.0.1 e já teve algumas atualizações desde que o começámos a testar no início de outubro. A Honor já conseguiu melhorar muito o software do Magic face ao V2, e a mudança entre a utilização do ecrã externo e interno está mais fluída, em ambas as direções, podendo ser configurada como o utilizador preferir.
As definições ajudam a “arrumar” as aplicações, escolher o estilo de apresentação e as cores e templates, e os modelos de janelas flutuantes e de múltiplas aplicações exigem algum tempo de adaptação mas resultam em boas experiências e não são apenas uma “brincadeira” ou uma novidade para mostrar aos amigos.
Ainda há coisas a melhorar, sobretudo em aplicações externas como já tínhamos referido, e uma das mais notórias foi mesmo o MB Way onde a apresentação dos cartões e dos menus aparece completamente desproporcionada no ecrã principal.
Há ainda uma funcionalidade de “espaço paralelo”, que pode ativar usando os dois dedos e arrastando para fora a partir do centro do ecrã, onde é possível guardar documentos que quer manter privados, e que são acessíveis apenas com autenticação de impressão digital.
Ainda nesta lista, o Magic Portal é também uma funcionalidade a explorar para arrastar imagens ou texto para algumas aplicações, como o Maps ou o Gmail e enviar ou procurar informação, e com o Magic Ring pode optimizar a ligação a outros equipamentos nas proximidades com WiFi ou Bluetooth.
O Assistente ativa os serviços de IA, com sugestões das aplicações mais usadas, ou adequadas a cada momento, a tradução frente a frente ou o texto mágico, que pode extrair texto de uma imagem e que funciona surpreendentemente bem. Além disso tem acesso a todas as outras ferramentas de IA que a Google tem adicionado ao Android, como a edição de imagens no Google Photos e a pesquisa com o circle to search, mas ainda sem as vantagens que a utilização do português de Portugal podem trazer.
Fotografia a precisar de mais uns “pozinhos”
Por muito bom que seja o design, o desempenho e a bateria, nenhum smartphone passa a prova de fogo de uma análise sem garantir nota máxima ao nível da fotografia, especialmente nesta gama de preços. E aqui há que admitir que o Magic V3 andou perto mas ainda tem pontos a melhorar.
A Honor optou neste modelo por ter nas câmaras principais um arranjo de câmaras tripla em formato octagonal, que recorda alguns modelos com os módulos de câmara traseiros redondos, e o design torna-se interessante e distintivo. Junta uma telefoto periscópica de 50MP, uma câmara principal de 50MP e uma câmara ultra-wide de 40MP, garantindo bastante flexibilidade e uma qualidade de imagem bastante elevada, em fotografias e vídeo.
A empresa ainda não aderiu à moda de se associar a marcas conhecidas da fotografia analógica, como fez a Huawei e agora a Xiaomi, assim como a Oppo, e usa sensores Sony na câmara principal mas peca no zoom, que é apenas de 3,5 vezes óptico e 10 vezes digital, ficando atrás do que a própria fabricante já garante nos modelos Magic V6.
Veja as imagens captadas com o Honor Magic V3
Com o ecrã fechado ou aberto, a captação de imagens é fácil e a gestão das configurações é de acesso simples, com a vantagem ainda de usar o ecrã exterior para pré visualização da imagem a captar.
Uma das situações que notámos como menos positiva é que o aro de suporte da capa surge na frente da câmara quando se está a usar o telefone aberto e pousado numa mesa, e com o suporte a suportar o ecrã. De qualquer forma, esta não será uma forma habitual de captar fotografia, mesmo quando se quer usar a opção do telefone como tripé porque é mais prático aproveitar o ângulo de 90 graus.
Bateria à prova de duas mais "duros"
A Honor conseguiu "encaixar" uma bateria de 5.150 mAh num smartphone dobrável, e tão fino como este, o que é um passo importante para estes modelos. A empresa indica que é uma bateria de silício carbono de terceira geração, sendo que na utilização continuada deu prova de estar à altura de dias mais compridos, e com utilização intensa.
Só em situações de recurso intensivo a fotos e vídeos, gravação de voz e utilização em reportagem sentimos alguma preocupação com a possibilidade de chegar ao final do dia com a bateria descarregada. O que não chegou a acontecer mas também porque recorremos mais frequentemente ao ecrã externo do que ao interior.
O suporte ao carregamento de 66W com fios e 50W sem fios, é também uma vantagem adicional pela garantia da recuperação rápida dos níveis de bateria, conseguindo atingir mais de 50% em meia hora. A Honor ainda inclui o carregador na caixa, uma opção que deixou de estar disponível em grande parte das fabricantes, e isso é uma vantagem sobretudo para os carregadores rápidos, que nem todos têm em casa.
O carregamento é feito pela porta USB-C que é quase da espessura do smartphone, e de futuro este pode ser um dos limites físicos para conseguir um equipamento ainda mais fino.
De notar ainda que o telefone pode ser carregado em modo fechado mas que o software avisa que o resultado é melhor se o usar aberto.
Um smartphone que está pronto para bater a concorrência
Não vai ser fácil substituir o Honor Magic V3 como smartphone "de bolso", não só pelo desempenho e funcionalidade mas também pelo design e o modo prático como se "desdobra" para acomodar vários tipos de utilização, e vários momentos diferentes. Entre o mais habitual de resposta a uma mensagem ou chamada, ou mesmo captação de vídeos e fotografias, até à visualização de conteúdos mais longos, vídeos e jogos, este é um formato que já entrou nos hábitos e do qual agora parece estranho abdicar.
Os pontos fortes são muitos e fáceis de elencar, e foi difícil encontrar alguns elementos menos positivos (que também existem e referimos). Destacamos sobretudo a performance em visualização de conteúdos, na sincronização de redes e a bateria, mas é também muito positiva a forma como o software já evoluiu para maior fluidez na utilização do modo multijanelas e da conjugação entre ecrã aberto ou fechado, que ainda tinha alguns problemas na geração anterior do smartphone.
Por tudo isto colocamos o Honor Magic V3 entre os melhores smartphones do mercado, dobráveis ou "de barra", e a única razão pela qual não vou comprar um é o preço, porque ainda custa dar 2 mil euros por um aparelho de trazer no bolso.
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