O anúncio do Huawei MateBook dominou a conferência de imprensa da marca chinesa em Barcelona mas já havia rumores que davam como certa a aposta estratégica num tablet híbrido, com Windows 10 e que poderia ser dual boot com Android.
A entrada da marca no mercado dos PCs é vista como uma estreia, mas na verdade o MateBook também pode ser encarado como a continuidade de uma estratégia onde os tablets já tinham peso, mas com o sistema operativo Android na linha MediaPad.
A Huawei não é propriamente estranha ao sistema operativo da Microsoft, e durante algum tempo foi uma das marcas que manteve “viva” a opção para smartphones com Windows Mobile. Pelo menos até à entrada da Microsoft na área de hardware móvel com a aquisição da unidade da Nokia, altura em que a marca decidiu que este investimento não era rentável.
Mas o que mudou? Provavelmente os ganhos de estabilidade do Windows 10, embora a Huawei não o confesse. O Android não é o sistema operativo ideal para quem quer juntar o melhor dos dois mundos, na produtividade e no lazer, e num equipamento que funcione como tablet mas também como computador pessoal, com grande potencial de ligação a outros dispositivos.
E o Huawei MateBook tem ambição de ser isso tudo e mais. Posiciona-se como um concorrente do Surface da Microsoft, que é sem dúvida um dos melhores híbridos do mercado e uma alternativa credível ao notebook tradicional, e o design acabou por surpreender pelo cuidado nos detalhes e a integração com a capa teclado, assim como pelos acessórios que acompanham o MateBook, nomeadamente a caneta e a doca, a MateDock.
O processador de Intel Core série M de sexta geração dá o suporte para a capacidade de processamento exigida, mas não compromete a leveza e dimensões do tablet, que se mantém fino e leve como é expectável, com a mesma espessura que alguns telemóveis.
O ecrã IPS de 12 polegadas, multitoque, é uma das mais valias do equipamento, sobretudo quando são exigidas cores mais realistas e capacidade de resposta em jogos. O desempenho revelou-se interessante em algumas aplicações, sobretudo no desenho e escrita com a nova caneta apresentada pela Huawei, mas em alguns casos o arrastamento e atraso fizeram-se sentir nos breves testes que o TeK fez em Barcelona, num ambiente não totalmente adequado a conclusões nesta área, mas que tinha as condições ideais para “forçar” a capacidade do tablet, já que os equipamentos estavam ligados e “suportaram” a curiosidade de milhares de jornalistas.
Este ambiente foi também propício a revelar que ao fim de algum tempo o tablet aquece mais do que é desejável. A salvação aqui pode ser a capa-teclado, embora este seja talvez o acessório menos bem conseguido do conjunto. O design é interessante mas suporta apenas duas posições de inclinação, e a ligação ao tablet não pareceu muito estável. Pelo menos nos equipamentos que experimentámos houve algumas falhas e nem sempre a ligação funcionou “à primeira”. Uma nota ainda para o próprio teclado, cujas teclas e acabamentos dão uma sensação de menor qualidade e refinamento do que o resto do conjunto, embora o trackpad com tecnologia multi-toque tenha reagido bem aos movimentos exigidos.
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De notar ainda que a experiência com a caneta é bastante interessante. A Huawei afirma que a MatePen tem mais pontos de sensibilidade (2.048), e a verdade é que é preciso alguma aprendizagem para a usar adequadamente e fazer sentir a diferença de pressão, mas que depois de alguns desenhos se torna mais fácil. Há ainda dois botões que fazem com que a caneta possa funcionar como rato perto do ecrã, abrindo aplicações e fechando janelas ou movimentando apresentações.
A caneta pode ainda ser usada como apontador laser, o que pode ser útil em apresentações, ou pata chatear os colegas e animar os gatos.
O tablet é construído em alumínio com um design elegante, com um peso de apenas 640 gramas, mas a verdade é que ao fim de algum tempo acaba por aquecer mais do que o desejável, o que será resultado do processador. Nas mesas de teste em Barcelona era fácil perceber que estes eram produtos “quentes”.
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Interessante é também a integração de um sensor de leitura de impressões digitais, o mesmo que a Huawei integrou no Mate 8, de toque único, que reforça a segurança do Windows Hello e pode ser uma boa solução para utilizadores individuais e empresas.
O tablet vai estar disponível em Portugal no segundo trimestre deste ano, mas não há confirmação de que todas as configurações vão chegar ao mercado português. Na apresentação a Huawei revelou modelos que vão do mais básico com Core M3, 4 GB de RAM e 128 GB de armazenamento, ao Core M7 com 8 GB de RAM e disco SSD de 512 GB. Os preços variam entre os 799 e os 1.799 euros, a que se somam o custo da capa-teclado (150 euros), da caneta (69 euros) e da doca (99 euros).
De referir ainda um último elemento muito relevante, mas que não foi possivel testar nestas primeiras impressões: a bateria. É óbvio que num equipamento como este a expectativa de uma longa duração de bateria é grande, e a Huawei promete 9 horas com uma bateria de lítio de alta densidade, que é conjugada com tecnologia exclusiva da empresa para poupança de bateria, e recarregamento completo em duas horas e meia.
Numa comparação direta do MateBook com o Surface, há ainda alguns pontos que ficam atrás do híbrido da Microsoft, mas a integração do sensor de impressão digital pode fazer a diferença para quem se preocupa com a segurança, enquanto o preço pode ser um bom argumento a usar na maioria dos mercados.
Fátima Caçador
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