Quem vê as fotografias do XO da OLPC, mais conhecido como o computador de 100 dólares, dificilmente percebe a dimensão e usabilidade do equipamento. Desenhado especialmente para crianças, o XO é um concorrente sério de outras iniciativas que pretendem disponibilizar o acesso a computadores em países em vias de desenvolvimento.

O TeK teve acesso a um protótipo, que funciona, durante o V Encontro Nacional sobre Tecnologia Aberta e ficou agradado com a materialização do conceito, já sobejamente conhecido pela informação disponibilizada a nível internacional. O XO fazia parte da bagagem de Sérgio Amadeu, professor da pós-graduação da Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, no Brail, e conhecido militante do software livre, que mostrou também o equipamento durante uma palestra do evento.

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Embora sem muito tempo para mexer no XO, uma ideia é facilmente transmitida: o ar de brinquedo de plástico que o XO - tipo "computador" da Barbie mas em tons de verde - revela nas fotografias é rapidamente substituído pelo interesse na robustez do design e no iniciar das aplicações quando o equipamento é ligado.

Com dimensões aproximadas de 242mm X 228mm X 32mm, o XO é mais pequeno do que um caderno A4 e pesa cerca de 1,5 quilogramas, possuindo um ecrã LCD de 7,5 polegadas com uma resolução de 1200x900 pixels e 200 DPI. O ecrã pode ser usado aberto sobre o teclado ou em modo de Tablet, como demonstram as imagens.

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Fabricando pela Quanta, o XO usa um processador Geode da AMD com uma velocidade de relógio de 433 MHz e integra uma memória de 265 MBytes de RAM, com um armazenamento NAND flash. Uma imagem da motherboard dá aos mais técnicos uma noção real da integração conseguida neste modelo.

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O teclado é uma das surpresas para quem pega pela primeira vez no equipamento. Em plástico verde, tem 70 teclas e não há espaço para a entrada de pó ou migalhas que muitas vezes aflige os utilizadores de teclados de secretária e até de portáteis. A superfície de toque do teclado é feito numa única peça que não tem fendas para que esses acidentes ocorram, sobretudo se pensarmos em crianças. A introdução de dados é completada com o Touchpad.

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A descrição do hardware inclui ainda dispositivo de som integrado com altifalantes internos, microfone e uma câmara de vídeo. A expansibilidade contempla também três portas USB 2.0.

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A conectividade Wi-Fi faz do XO também um instrumento de comunicação, como salientou Sérgio Amadeu ao TeK. Cada computador comunica com os servidores instalados na escola e cada um deste com outros equipamentos envolvidos na rede educativa de serviços e conteúdos que se quer criar. Os servidores vão fornecer também ferramentas de colaboração com redes XO, que incluem wikis e media servers.

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Interface doce
A execução do Sugar - o interface desenvolvido especialmente para o equipamentos e que corre sobre Fedora - no ecrã dá lugar a um interface que nada tem a ver com o que habitualmente nos deparamos num PC ou ambiente gráfico Linux, tendo sido desenhado para ajudar os mais novos a identificar as aplicações que lhes interessa usar sem preocupações de o equiparar a nenhum ambiente de trabalho que já exista.

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Sérgio Amadeu explicou mesmo ao TeK que o objectivo é pôr as crianças a pensar e a tirar partido da ferramenta e não criar hábitos sobre o local onde se encontra um determinado ícone que depois podem revelar-se prejudiciais quando mudam de ambiente de trabalho.

As ferramentas incluídas no Sugar servem não só para trabalhar mas também para brincar, propiciando uma primeira experiência positiva e uma adaptação ao computador por crianças que nunca experimentaram equipamentos electrónicos.

O TamTam, uma aplicação que permite brincar com vários instrumentos, é um excelente exemplo desta filosofia, transformando o teclado numa verdadeira orquestra que tem correspondência num quadro de instrumentos musicais que aparece no ecrã.

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O XO começou a ser usado numa escola piloto na periferia de São Paulo (Brasil) na semana passada e está em Porto Alegre e na Nigéria desde Janeiro. As novidades dos últimos meses têm sido muitas, com a primeira rede mesh implementada em Março e o início do fabrico da nova geração de equipamentos(o B3).

Mas nem todas boas, já que a Quanta admitiu à imprensa na sexta feira passada que os últimos desenvolvimentos de software iriam atrasar a entrega em massa do XO para o terceiro trimestre deste ano.

Apesar de tudo, este pequeno atraso não irá implicar certamente prejuízo de monta para as milhares de crianças a que a OLPC quer chegar, embora faça gerar notícias que por vezes não são simpáticas para o projecto.

Fátima Caçador