Vários estudos provaram já que a velocidade real das ligações está muitas vezes (demasiadas) longe da velocidade contratada e definida pelo operador. Condicionantes de rede e traffic shapping são algumas das razões apontadas para estas diferenças que podem ser de dezenas de Mbps, embora muitos utilizadores nem se apercebam do problema, queixando-se apenas da lentidão no download ou upload de ficheiros, ou mesmo na navegação Web.

Longe vão os tempos dos modems e da Internet a “estonteantes” 9,6 kbps. Os serviços de Internet por cabo, ADSL, fibra e a banda larga móvel trouxeram larguras de banda que são confortáveis para muitos utilizadores, mas as queixas continuam a estar entre as principais listadas junto da DECO e da Anacom, sobretudo pelas falhas de serviço e velocidade.

Um estudo realizado a nível Europeu mostra que 60% dos internautas desconhecem a velocidade da sua ligação à Internet. Entre os que têm consciência desse valor, 26% garantem que a velocidade contratada não é igual à efectivamente disponibilizada pelo operador de rede.

Mesmo assim a qualidade do serviço e a velocidade do acesso à Internet tem vindo a melhorar e o último relatório da Akamai mostra que os índices estão a melhorar a nível global, e também em Portugal, onde a velocidade média de acesso atinge já os 5,9 Mbps.

Ferramentas de controle
E agora a pergunta: sabe qual é a velocidade de acesso à Internet lá de casa? E a do telemóvel?

Se tem dúvidas o melhor é recorrer a ferramentas que podem ajudar a “tirar teimas” e fazer a validação face aos níveis referidos no contrato com o operador. E se não houver correspondência pode sempre reclamar…

Para além de fazer a validação em situações normais, estas ferramentas são úteis também quando as operadoras impõem os “limites responsáveis” ao tráfego que deveria ser supostamente ilimitado. Isto acontece quando é detectado um consumo “fora do normal”, que ponha em causa a qualidade do serviço, reservando as operadoras o direito de reduzir a velocidade ou suspender o serviço, ou faturar os consumos que excedam o limite.

A DECO já assumiu uma posição contra aquilo que designa como “publicidade enganosa” e fez uma reclamação junto da Direção-geral do Consumidor, mas sem resultados práticos, pelo menos até agora.

A Anacom avançou de forma mais cautelosa na avaliação da utilização de traffic shaping, a utilização de mecanismos de gestão de tráfego, limitando por exemplo serviços de peer-to-peer (P2P) ou mesmo de Voz sobre IP.

Veja nas próximas páginas alguns dos serviços e aplicações que podem ajudar a identificar os limites de velocidades de Internet, também no telemóvel.

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Net.mede : reunir dados para atuar no mercado

Quando apresentou o Net.mede a Anacom admitiu que a ferramenta online poderia funcionar como uma forma de pressão sobre os operadores de Internet que não estivessem a garantir os serviços contratados pelos clientes.

O serviço foi desenvolvido em parceria com a FCCN e nos primeiros meses registou um interesse elevado dos utilizadores, preocupados sobretudo com a medição da velocidade e não tanto com as questões de modelação de tráfego (traffic shaping).

O teste é feito em menos de 30 segundos e permite avaliar a velocidade real da ligação. Toda a informação está bastante detalhada no site, que explica também os procedimentos a realizar para que o teste seja mais fiel, nomeadamente desligando alguns programas de P2P ou actualizações automáticas.

Fica também o alerta para quem está a usar ligações Wi-Fi: é preciso assegurar que a intensidade do sinal recebido no computador é suficientemente forte para não constituir uma limitação das velocidades medidas. Para isso é conveniente evitar localizações muito afastadas do router WiFi ou em lugares de difícil penetração do sinal, como divisões de paredes grossas, caves ou sótãos.

Um pouco mais escondida está a opção para medir o traffic shaping, que é mais demorada – demora cerca de 8 minutos – e faz medições diferenciadas para BitTorrent e outro para vídeos flash (YouTube).

A análise pressupõe a comparação de fluxos de dados e para cada protocolo ou aplicação testado são gerados dois fluxos de dados. Enquanto um simula o protocolo a testar, o outro não tem qualquer lógica associada (bits aleatórios), sendo feitas várias repetições de comparação. Se a diferença for inferior a 20% nos dois fluxos de dados não há modelação associada à sua ligação à Internet.

A Anacom avisa que esta componente da análise do Net.mede tem um consumo de dados elevado, que pode chegar aos 700 MB…

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Speedmeter: A consola de controle da velocidade de download e upload

A ferramenta disponibilizada pela FCCN em 2006 é semelhante a um painel de um velocímetro e facilita a percepção da realidade mesmo pelos “não iniciados”, o que é uma vantagem para quem não tem grandes conhecimentos técnicos.

O know how acumulado no Speedmeter ajudou no desenvolvimento do Net.mede e se quiser testar os dois não deverá encontrar grandes diferenças nos resultados.

O serviço permite ainda verificar se já estão disponíveis opções de IPv6 na rede do seu operador.

Teste de âmbito Europeu ajuda a medir desempenho global

Teste de âmbito Europeu ajuda a medir desempenho global

Esta não é uma ferramenta que meça de forma imediata os desempenhos mas, a médio prazo, poderá ter um efeito significativo na forma como os operadores cumprem as velocidades contratadas.

O objetivo do estudo da
SamKnows
é colocar 10 mil equipamentos de medição em casas de cidadãos europeus, avaliando a velocidade e disponibilidade do serviço.

[caption]SamKnows[/caption]

O estudo começou no ano passado e a avaliação estende-se a todos os 28 países da UE, decorrendo até novembro de 2014. Ainda está ativa a procura de candidatos que cumpram alguns requisitos definidos, nomeadamente a subscrição de um serviço de banda larga fixa.

A SamKnows envia a Whitebox e há instruções de instalação para quem quiser entrar no programa, mas vale a pena ler as obrigações associadas, e também as FAQ relacionadas com o funcionamento do sistema. Mas nem todos os que se inscrevem são selecionados para participar...

Veja ainda duas apps para testar a velocidade da Internet no telemóvel.

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A rede está sempre a falhar? A culpa é do telemóvel ou do operador?

Quando a Internet não funciona e não consegue abrir as páginas Web, nem os emails nem sempre o problema reside apenas na rede do operador a que está ligado.

A aplicação Netradar foi desenhada para ajudar a identificar a fontes dos problemas de acesso móvel (por wi-fi ou 3G/4G) que podem deixar os nervos de muitos utilizadores em franja.

A app foi criada por um grupo de investigadores da universidade finlandesa de Aalto e permite avaliar o estado das redes de comunicação, verificando as velocidades de download e upload mas também a latência, que se torna bastante relevante em algumas aplicações.

A app aponta ainda as redes que estão disponíveis na proximidade, fazendo um mapa das melhores ligações das redondezas e ajudando os utilizadores a manterem um registo histórico da qualidade da sua ligação.

O Netradar está disponível gratuitamente para Windows Phone, Android e iOS e tem servido também como base para uma análise da qualidade dos equipamentos em termos de sintonização de rede. E o iPhone está fora da lista dos smartphones com as ligações mais rápidas...

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Speedtest.net: Meça a velocidade da Internet no telemóvel

O Speedtest.net é o tipo de aplicação que vale a pena juntar a um kit de emergência, com ferramentas úteis para resolver diferentes tipos de situações

A app permite-lhe conhecer rapidamente o débito real da sua ligação à Internet, apurando diferenças entre locais, por exemplo.

A versão móvel da aplicação Web precisa apenas de 30 segundos para realizar o teste e apresentar resultados.

Na resposta, o utilizador ganha acesso a informação sobre velocidades de download, upload e Ping, dados que pode visualizar num gráfico evolutivo.

O Speedtest.net está disponível de forma gratuita para o Windows Phone e também online.

Agora, já não tem desculpas para não saber qual a velocidade real da sua Internet no computador e no smartphone…

Aproveite ainda a caixa de comentários para partilhar a sua experiência e indicações de outras ferramentas.

Nota de redação: O artigo foi publicado originalmente em maio deste ano.