Das comunicações a 100 Gbps em fibra óptica à poupança de energia na electrónica, as ideias que nascem nos Bell Labs estiveram em exposição em Paris, onde a Alcatel-Lucent organizou os Inovations Days, uma mostra interactiva de alguns projectos nascidos nos vários laboratórios de I&D, em diferentes fases de desenvolvimento.
Embora com enfoque nas comunicações, a investigação produzida nos Bell Labs estende-se a várias áreas, sendo dada “liberdade criativa” aos investigadores, porque só desta forma se potenciam o desenvolvimento de boas ideias, como explicou Ben Verwaayen, o novo CEO da Alcatel-Lucent, na abertura do evento, recusando a ideia de que em tempo de crise se poderia reduzir o investimento nesta área.
Gee Writtenhouse, director dos Bell Labs Research, garante também que o potencial de desenvolvimento de inovação continua a ser muito grande. Mantendo-se no top das entidades que mais patentes regista a nível mundial, com mais de 26 mil patentes activas, 3 mil das quais atribuídas em 2007, o director dos Bell Labs Research explica que a preocupação não é tanto com o número de patentes registado mas com a sua qualidade.
Actualmente, com a fusão da Alcatel e da Lucent, que herdou os Bell Labs da antiga AT&T, os centros de I&D estão em localizações que se estendem dos Estados Unidos e Canadá à China e Índia, passando por vários centros na Europa, nomeadamente em França, Alemanha, Inglaterra, Irlanda e Holanda. É deste conjunto de ninhos de inovação que saíram as ideias mostradas no Inovation Days.
Centrada na melhoria da experiência de transmissão de vídeo sobre redes móveis e redes IP, os investigadores montaram demonstrações de transmissão de televisão tridimensional, com a ajuda de um ecrã da Philips, sistemas de mudança rápida de canais e vídeo de alta definição para seis utilizadores em simultâneo com a tecnologia LTE.
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Ainda na área de vídeo, a aposta na norma DVB-SH é evidente, com os sistemas já prontos para comercialização assim que os operadores móveis quiserem começar a investir nesta área, com as vantagens da duplicação da performance e da combinação da transmissão terrestre com o satélite para cobrir mais zonas com Mobile TV.
Para que os utilizadores móveis consigam tirar mais partido das imagens de vídeo exibidas nos pequenos ecrãs dos telemóveis, uma outra equipa desenvolveu um Microprojector de Vídeo, um pequeno chip que pode projectar imagens com laser para um ecrã ou uma superfície plana. Segundo os investigadores este chip está pronto e pode ser integrado nos equipamentos dos fabricantes, estando a ser desenvolvidas negociações nesse sentido.
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Para os telemóveis é também a aplicação Geopepper que pretende tirar partido da informação de localização de cada telemóvel, sempre com controlo do utilizador. Esta solução foi desenvolvida numa venture dos Bell Labs e da Alcatel-Lucent. A ideia pode ser desenvolvida para marketing geolocalizado mas é bastante semelhante a outros projectos já existentes.
Outro produto pronto, mas à espera de um modelo de negócio, o PeCMen (Personal Content Manager) é um gestor de conteúdo pessoal que integra a informação de imagens, vídeos e documentos de cada utilizador num interface único, facilitando a partilha com amigos, num ambiente colaborativo ao jeito da Web 2.0, e sua gestão remota.
Na longa lista de projectos interessantes conta-se também o Tikitag, uma aplicação que tira partido dos chips RFID para fazer a ligação de conteúdos Web a determinados objectos. Basta colar a etiqueta e associar-lhe um determinado conteúdo que quando esta é lida no sensor tikitag dá acesso imediato a um site, a uma música numa loja online ou a outro tipo de informação. O Tikitag foi usado durante os Inovation Days para permitir acompanhar os interesses dos jornalistas nas várias apresentações e gerir a solicitação de informação adicional.
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O Kit do Tikitag pode ser comprado online e traz já 10 etiquetas e um leitor RFID, custando 35 euros.
Os projectos colaborativos estavam em força neste evento e destacamos ainda dois exemplos, o Contact Me My Way e o People and Projects. O primeiro pretende dar aos utilizadores um novo modelo de comunidação com maior protecção da provacidade, integrando com um site de vendas na Web, por exemplo, e permitindo ao vendedor gerir de forma fácil todos os contactos sem nunca fornecer um número de telefone ou email.
O People and Projects acaba por ter um cariz mais “interno” já que neste momento agrega a informação de mais de 1.400 investigadores dos Bell Labs e dos projectos em que estão envolvidos, permitindo uma pesquisa temática intercruzada numa base de conhecimento que pode ser útil para outros colaboradores que estejam a desenvolver projectos.
Do mundo da realidade virtual surge a Mixed Reality, uma proposta de investigadores que pretendem dar a possibilidade de pessoas reais comunicarem num mundo virtual com avatares. A solução estava numa posição de destaque e poderá vir a ter aplicação no mundo empresarial para reuniões à distância, mas também no e-learning.
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Fora da Web e da colaboração, as soluções de gestão de arrefecimento térmico para a área de electrónica foram destacadas logo à partida pelo CEO da Alcatel-Lucent, que usou o pequeno dispositivo saído dos Bell Labs como um dos exemplos de que se deve dar largas à criatividade dos investigadores. Este “pequeno dispositivo” não envolve qualquer electrónica e foi criado para gerir o fluxo de ar dentro de um equipamento electrónico, apresentando ganhos de performance em comparação com os sistemas tradicionais. De acordo com os investigadores, 50% da energia na área de electrónica é gasta a arrefecer os equipamentos e com este dispositivo é possível poupar metade desta energia, com os impactos em termos de emissões de carbono decorrentes.
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Neste rol de projectos não podíamos deixar de fora a investigação em Ultrasonic Speech Production (USP), em que os investigadores estão a desenvolver uma técnica de comunicação por telemóvel sem a utilização de som, tirando partido sãs frequências ultra sónicas produzidas pelo articulação das palavras sem som nas cordas vocais e na língua, o que poderá ser útil para quem perdeu a capacidade de emitir voz mas também para “falar” ao telemóvel em ambientes onde é exigido silêncio ou onde o ruído não permite a comunicação. Esta investigação está ainda numa fase inicial, estando neste momento os investigadores a trabalhar na identificação das 5 vogais, mas já há “hardware” preparado para registar os ultra sons, como se pode ver na imagem abaixo.
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Finalmente, e porque a multiplicação da velocidade das comunicações é uma das maiores batalhas da indústria, a área de Photonic é uma das que merece destaque nesta mostra da Alcatel-Lucent, até pelos marcos já atingidos. No ano passado foi feita a primeira transmissão a 100 Gbits numa rede de fibra óptica de 10 Gbps, da Verizon, usando um único comprimento de onda. Mas esta área de investigação produziu ainda os circuitos integrados fotónicos (PIC) com modelos que conjugam silício e semicondutores e que deverão produzir o primeiro protótipo em 2009, devendo avançar para a produção comercial em 2010.
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Fátima Caçador
A jornalista deslocou-se a Paris a convite da Alcatel-Lucent
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