O resultado da investigação que levou à descoberta do LHS 1140b é publicado hoje na revista Nature e o novo exoplaneta foi detetado através do Projecto MEarth, que monitoriza estrelas anãs à procura de exoplanetas. A investigação integra um conjunto de cientistas internacionais, entre os quais se conta o português Nuno Santos, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).
A descoberta de exoplanetas, alguns classificados como Super Terra, tem animado alguns dos principais momentos de comunicação científica dos últimos meses, culminando com a divulgação em fevereiro da descoberta de sete planetas semelhantes à terra em constelações "vizinhas". Mas o LHS 1140b tem algumas características que o tornam especial.
Segundo dados divulgados, é um planeta de tipo rochoso, com uma dimensão 1,4 vezes superior à da Terra e orbita uma estrela anã vermelha que está a cerca de 40 anos luz do nosso Sol. Esta combinação faz com que possa ter água líquida na superfície e que esteja relativamente próximo da Terra para poder ser estudado de forma mais detalhada.
Jason Dittmann, investigador do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, autor principal do estudo, afirma que este é o planeta "mais interessante que descobrimos na última década", adiantando que "não podíamos desejar um alvo melhor para realizar uma das maiores buscas da ciência - a procura por vida fora da Terra".
O facto de orbitrar uma estrela anã vermelha, a LHS 1140, é positivo, já que esta emite menos radiação do que outras estrelas semelhantes.
Em declarações ao DN, Nuno Santos explica que "este é provavelmente o melhor candidato identificado até agora para se fazer nos próximos anos um estudo mais detalhado sobre a sua atmosfera, se ele de facto tiver uma atmosfera, e para mais tarde aí se procurarem as assinaturas químicas da vida, quando dispusermos das tecnologias para isso".
A estrela LHS 1140 já estava a ser analisada pelo observatório Mearth desde 2014 e a observação do trânsito dos planetas (quado passam em frente à estrela) permitiu calcular o diâmetro do LHS 1140b, mas estes dados foram depois confirmados pelo espetrógrafo HARPS, localizado no telescópio ESO, no Chile, que mediu as velocidades radiais para determinar a sua massa e o período orbital.
A equipa vai agora usar o Telescópio Espacial Hubble para determinar com precisão a quantidade de radiação que atinge o LHS 1140b, o que vai permitir definir com maior exatidão os limites de habitabilidade do planeta.
O ESO (European Southern Observatory) já partilhou um vídeo com uma animação sobre esta Super Terra e as suas características.
Recorde ainda algumas imagens divulgadas pela NASA dos exoplanetas descobertos em fevereiro.
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