A geração 2.0 tornou a Web mais participativa. Criou as ferramentas que nos permitem passar de meros espectadores para actores dinâmicos da manta de retalhos que faz o ciberespaço. E muitos de nós aceitámos o desafio. Seja pelo perfil que mantemos nas redes sociais, pela conta num serviço online de edição de fotografia ou pelos conteúdos publicados num blog, aceitámos o desafio de levar um pouco de nós para o mundo digital e colori-lo com as nossas cores.



Estas presenças no mundo online podem ser mais egoístas ou mais altruístas, ou misturar ambas num mesmo endereço. Os blogs são uma das fórmulas e a dimensão desta realidade no ciberespaço é cada vez mais relevante. Mais do que um espaço para falar sobre si próprios, muitos autores viram no formato uma forma de intervir na sociedade e tentar influenciá-la, nos mais diversos quadrantes.



Exemplos não faltam, ou não fosse a realidade da blogosfera já um facto consolidado, capaz de garantir algum relevo na actualidade noticiosa. A profissionalização dos blogs tem-se feito e hoje, em alguns casos, estão taco a taco com a imprensa mais tradicional. Não no seu todo, mas pelo menos no impacto que conseguem causar.



A nível internacional o Wikileaks é o exemplo mais recente e o mais incontornável. Mais especificamente na área da tecnologia podem apontar-se outros, com o Engadget ou o TechCrunch, por onde passam quase diariamente notícias em primeira-mão.



Em Portugal a blogosfera também se consolidou e diversificou. Há alguns endereços quase históricos, de tão consistente que se tornou a sua presença na Web, ao longo dos últimos anos. Há também constantes novidades que, ora brilham durante um período efémero, ora vão conquistando novos públicos.


O Abrupto estará nessa liga dos clássicos da blogosfera nacional. Criado por José Pacheco Pereira, deputado do PSD, reflecte temas da actualidade, com uma visão marcadamente política.



Mais à esquerda, Daniel Oliveira usa a mesma técnica para exprimir opiniões e reflexões e assegura outra morada de peso na blogosfera nacional, o Arrastão. Não está sozinho. Para a plataforma escrevem outros seis interventivos. Por aqui, como aliás em quase todos os blogs, não se teme a concorrência, como na imprensa tradicional e a lista de links a recomendar outros projectos é quase sempre longa. Para quem está pouco habituado à blogosfera é bom pois de, link em link, terá certamente oportunidade para descobrir leituras que lhe interessem.



Na lista do Arrastão encontrará certamente o Blasfémias. É outro clássico da blogosfera, orientado para o comentário da actualidade e, também como o antecessor, já com contornos de instituição. São 12 os colunistas que por ali comentam. Podíamos ainda referir o 5 Dias ou o Córtex Frontal de Joana Amaral Dias e de José Medeiros Ferreira, este último mais recente.

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E poderíamos falar de muitos outros exemplos porque este é sem dúvida um dos grandes pretextos para blogar: a actualidade. De forma mais séria, ou com mais graça como no blog dos Marretas, onde as análises críticas dão lugar às frases curtas com imagens a condizer, num estilo que perdura desde 2003. Na mesma linha vale pena passar pelo Reflexões de um Cão com Pulgas de Pedro Aniceto. O bom humor está garantido.



A oferta é muita e variada e se até nem é difícil dar com algumas referências que pela persistência ou coerência são hoje, incontornavelmente, marcos no mundo digital em português, menos fácil é fazer um resumo justo das que ganharam algum estatuto, sobretudo se abrirmos o leque a outras áreas, a outros domínios.



Se o fizéssemos teríamos de falar no A Source of Inspiration de Armando Alves. A plataforma é escrita em inglês mas o autor é português e desde 2006 que assegura este espaço, que se tornou bastante relevante para quem segue os trilhos do marketing digital.

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Teríamos também de referir o Obvious. Mais ligado às artes e à cultura, esta plataforma destaca-se pela apresentação dos conteúdos e pela forma como são redigidos e trabalhados. Ou mesmo o Ganhe Dinheiro, que se tornou conhecido pelos conselhos do autor para multiplicar euros.


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Enfim, criar uma lista de sugestões não é tarefa fácil e em última análise dependerá muito das preferências do leitor e é por isso que pode ter algumas ajudas, se é menos rodado na blogosfera mas tem vontade de conhecer novas opiniões.




O Público assegura uma das moradas electrónicas que conduzem a mais moradas, "bloguisticamente" falando. A página de Internet do diário reúne moradas para as páginas pessoais dos jornais ou de pessoas ligadas aos jornais e uma lista maior de blogs convidados. Tem ainda mais algumas referências em arquivo.


No Expresso encontra igualmente algumas recomendações, na mesma lógia: existem sites do próprio jornal e não só.



No Blogs do Sapo também pode encontrar algumas ideias para novas leituras. O serviço serve para criar blogs mas também dá destaque a algumas das plataformas que por lá estão alojadas.



No meio das muitas presenças que fizemos rodar neste texto, algumas ausências também devem sobressair. Deixe-nos as suas sugestões de outras moradas que valha a pena visitar na blogosfera nacional, ou internacional se preferir.

Cristina A. Ferreira

Nota de redacção: Corrigida ligação para o blog Arrastão.