Em Portugal a iniciativa é organizada pela Beta-i e tem como objetivo pré-selecionar os projetos mais promissores, entre ideias ainda em protótipo e conceitos que já saíram do papel e já estão a ganhar terreno no mercado internacional. Na edição 2012 do evento foram escolhidas quatro empresas que garantiram a uma das sessões internacionais do programa e aí conseguiram captar investimento do fundo europeu que suporta a iniciativa.
Nesta edição de 2013, candidataram-se à oportunidade 290 projetos de várias nacionalidades. Foram pré-selecionados 12, nove dos quais portugueses, que tiveram a oportunidade de apresentar as suas ideias a investidores internacionais ligados ao SeedCamp, assistir a palestras e ter acesso a mentoring. Daqui resultou uma nova seleção que deixou à espera de uma resposta definitiva para seguir até Berlim 5 projetos: quatro empresas portuguesas e uma startup espanhola. Hoje damos a conhecer os projetos nacionais, que querem trazer para o mercado novas propostas de negócio: Unbabel, Zercatto, Cashtag e Tuizzi.
Tradução automática com correção personalizada
Começamos pela Unbabel, que desenvolveu uma plataforma de tradução que junta a tradução automática a recursos de validação desse trabalho em tempo real, reunidos numa comunidade que interage com a plataforma via smartphone ou tablet. A aplicação móvel, que já está disponível (para Android), é o veículo para receber tarefas de tradução, que numa primeira fase são asseguradas pelo algoritmo desenvolvido pela empresa. O utilizador deve validar a informação, contribuindo para tornar a mensagem tão clara quanto possível. Na versão de testes o sistema funciona de forma aberta e gratuita, mas o objetivo é pagar a quem traduz as frases.
Como explica Vasco Pedro, CEO da empresa, a proposta da Unbabel é distintiva porque reduz as barreiras à comunicação entre pessoas que falam idiomas diferentes. "Fazemo-lo juntando um motor de tradução automática a uma comunidade de editores que corrigem as traduções e garantem a qualidade", detalha.
"Desta forma entregamos traduções 10 vezes mais baratas chegando a conteúdos que até agora não era possível traduzir como emails, wikis, fóruns, entre outros", concretiza.
A ideia surgiu pela experiência que dois dos três fundadores (Vasco Pedro, João Graça e Sofia Pessanha) têm na área da linguagem natural online, aliada à noção de que há uma procura crescente de serviços de tradução por parte das empresas que avançam para projetos de internacionalização.
"Fizemos um pequeno teste online, uma landing page para verificar se havia interesse pelo conceito. Animados pelos resultados construímos um prótotipo e começamos a angariar os editores (hoje são centenas)", explica Vasco Pedro.
No momento, o projeto está em fase de angariação de capital, que permitirá avançar do protótipo para novas fases de desenvolvimento da tecnologia de tradução e aperfeiçoar os modelos de entrega das traduções aos clientes. Angariar financiamento permitirá ainda aos empreendedores levar para o terreno um plano de marketing que ajude a testar a proposta de valor junto dos clientes.
Entretanto, os desenvolvimentos continuam e para as próximas semanas está previsto o lançamento da primeira versão do Unbabel para clientes, já com suporte para a compra de traduções online.
Garantir a oportunidade de participar no SeedCamp Berlim, organizado por um dos maiores fundos europeus de capital semente será importante para a startup portuguesa, pela oportunidade que representa de fazer "crescer a rede de contactos, tanto ao nível de investidores como de potenciais clientes e parceiros de distribuição", explica Vasco Pedro.
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Condução assistida para investir na bolsa
A mesma expectativa motivou a participação da Zercatto no mini-Seedcamp em Lisboa. Como explica Gaspar D'Orey "é uma oportunidade de ter empreendedores com muita experiência de criação, crescimento e globalização de empresas, e que estarão disponíveis para criticar o nosso modelo de negócio, abrindo-nos perspetivas novas".
"Será também uma oportunidade para mostrarmos o Zercatto pessoalmente a key opinion makers internacionais, e isso pode trazer muito para o futuro, especialmente tendo já a maior parte dos nossos clientes vindo de fora de Portugal".
A proposta da Zercatto materializa-se num "site que permite a investidores seguirem, aprenderem, replicarem e lucrarem com os melhores do mercado financeiro, sem nunca terem de mudar de banco ou corretora, e sem nunca ninguém saber quanto capital têm", explica Gaspar D'Orey.
Quem se regista no site tem à disposição um conjunto de estratégias de investimento testadas, que vão sendo avaliadas pela plataforma e apresentadas tendo em conta esses resultados.
"É uma forma fácil de um investidor, mesmo com uma carteira pequena, poder seguir as carteiras de outros investidores com sucesso, recebendo uma mensagem ou notificação com cada operação que seja feita na carteira que segue, e podendo, imediatamente agir com esse conhecimento", acrescenta Gaspar D'Orey.
O Zercatto surgiu em março deste ano. Já acumula 85 estratégias de investimento para vários mercados, que são seguidas por investidores em países como a Holanda, Alemanha, Brasil, Moçambique, Estados Unidos, para além de Portugal.
Quatro meses após a fundação do projeto ficou garantido o financiamento necessário para prosseguir com a estratégia de desenvolvimento da plataforma, que neste momento passa por fazer crescer o número de clientes.
A Zercatto nasceu da experiência dos fundadores na área dos mercados financeiros, que levou os empreendedores a perceberem que os investidores "gostam e querem investir, mas os bancos e gestoras de patrimónios não têm atualmente uma oferta apropriada" para quem quer avançar por conta própria.
Esta falta de experiência, formação e estudo acaba por levar, em muitos casos, a decisões de investimento erradas, que culminam na perda do dinheiro investido. Da constatação surgiu a ideia de criar uma plataforma que colocasse as pessoas que gerem as suas próprias carteiras com sucesso a partilhar o que fazem. A Zercatto, que conta atualmente com uma equipa de quatro pessoas, funciona como auditor independente das carteiras apresentadas.
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Desmaterializar pagamentos tirando partido da informação online
O domínio de atuação da Cashtag é diferente. Esta startup está a desenvolver um sistema de pagamentos que "permita a qualquer pessoa com um smartphone e uma ligação à Internet pagar e receber pagamentos dos seus amigos de uma forma rápida, simples e gratuita", como explica Ruca Marques que, juntamente com Celestino Alves, fundaram o projeto.
A aplicação funciona como uma ferramenta de gestão de pagamentos sociais P2P, que liga os utilizadores através dos seus contactos (telefone, email ou Facebook). O objetivo é evitar a necessidade de trocar informação financeira para realizar a transação, simplificando o pagamento de um jantar ou outra dívida a um amigo.
"Ao contrário da oferta atualmente disponível no mercado, os pagamentos são financiados diretamente através das contas bancárias dos utilizadores, excluindo assim a necessidade de transferir dinheiro para uma wallet virtual, que teria de ser gerida separadamente", acrescenta Ruca Marques.
A ideia para criar o projeto surgiu da frustração dos promotores com o facto de muitas vezes não ser possível pagar bens e serviços numa loja porque não há dinheiro na carteira. Os pagamentos sociais entre amigos são um primeiro passo para criar uma alternativa às opções atuais para resolver esta questão, mas a ambição passa mesmo por contribuir para a desmaterialização dos pagamentos, tirando partido de informação online e criando experiências de consumo inovadoras.
Rumo a este objetivo, os empreendedores conseguiram já dar um passo importante, com a criação de uma parceria com o Crédito Agrícola, que permite o acesso remoto e automático à sua rede de transferências eletrónicas interbancárias e a experimentação do conceito em ambiente real.
Neste momento a Cashtag está a terminar o desenvolvimento da versão beta da aplicação mobile, que já permitirá o processamento de pagamentos interbancários. Esta versão ficará disponível apenas para early testers, que ajudarão a criar o produto final.
O interesse em participar no Seedcamp de Berlim apresenta-se para a empresa como uma oportunidade para recolher contributos úteis na definição da estratégia que vai levar a nova proposta ao mercado. A possibilidade de garantir financiamento no âmbito desta oportunidade também é interessante para a Cashtag, que precisa de capital para financiar o lançamento comercial do produto.
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A Tuizzi.com, completa o leque de empresas escolhidas no Seedcamp Lisboa. Criada em 2011 e vencedora de vários prémios de empreendedorismo, centra o negócio na área do outdoor advertising, tendo desenvolvido uma plataforma que permite fazer o encontro entre espaços disponíveis para anunciar e empresas à procura de locais para o fazer, tendo em conta aspetos como a localização, tipo de anúncio e outros detalhes.
A empresa, que não esteve disponível para partilhar com o TeK mais detalhes do projeto, apresenta-se como o booking.com da publicidade em outdoor e garante que um dos principais argumentos da sua proposta está na capacidade de agilizar o acesso a este tipo de espaços publicitários.
O Seedcamp Berlim avança em meados de novembro. As empresas selecionadas nesta mini-edição do programa em Lisboa sabem esta sexta-feira se foram escolhidas para ir à Alemanha. Aí terão oportunidade de apresentar o negócio a uma plateia de investidores internacionais. Os melhores projetos serão escolhidos para investimento e garantem acesso a um programa de aceleração que terá lugar posteriormente, em Londres.
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Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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