Google, Apple, Facebook e Amazon têm uma idade média de 22 anos mas conseguiram com um desenvolvimento exponencial chegar ao topo da cadeia das empresas mais valiosas do mundo, e também das mais admiradas, tornando-se casos de sucesso incontornáveis e determinando a evolução das tendências tecnológicas, de consumo e de comportamento.

Esta avaliação está na base do estudo GAFAnomics desenvolvido pela consultora FaberNovel que parte da análise da história e da evolução das quatro empresas para traçar um modelo de posicionamento no mercado que pode ser replicado por companhias de diferentes sectores, independentemente da dimensão.

“Estas quatro empresas foram escolhidas porque têm um modus operandis muito semelhante e completamente disruptivo dos modelos tradicionais”, explicou ao TeK Nuno Ribeiro, Country Manager para Portugal da FaberNovel. “Todas elas são empresas que têm no seu ADN um espírito de permanente inovação e sendo a FABERNOVEL uma agência de inovação, nada melhor do que entender estas empresas para extrairmos ensinamentos e poder partilhá-los com os nossos clientes, foi este o grande objetivo deste estudo.”

Os GAFA (acrónimo para os nomes Google, Apple, Facebook e Amazon) contam com mais de 300 mil milhões de dólares de receitas acumuladas, uma produtividade 3 vezes superior à média, e uma base de clientes equivalente a 50% da população online. E em menos de 20 anos tornaram-se 4 superpotências da nova economia, transformando as regras estabelecidas sobre as estratégias de negócio: ignoraram os conceitos clássicos de mercado, concorrência, posicionamento ou produto, para lançar uma “revolução copérnica” nos negócios, colocando os clientes no centro do seu universo.

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A FaberNovel tinha feito vários estudos nos últimos anos sobre cada uma destas empresas e decidiu agora juntar a análise porque concluiu que os GAFA abordam de forma semelhante o consumidor e consequentemente os diferentes mercados em que atuam.

Nas próximas páginas pode ver as três mudanças estratégicas introduzidas pelas quatro empresas e a forma como isso redefiniu os seus mercados


Próxima página: #1 – Redefinição do conceito Cliente

Redefinição do conceito Cliente

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O modo como empresas como a Google, o Facebook e também a Apple ou a Amazon tratam o cliente tem sido largamente abordado por várias teorias económicas. A
Invenção do Cliente Grátis – que não paga pelo serviço, é uma das conquistas face a empresas tradicionais que encaram o cliente como alguém que realiza uma transação, numa troca monetária.

No mundo destas empresas existem diferentes níveis de clientes: o “visitante” que presta atenção à empresa, o “amigo” que se envolve com partilha de informações e finalmente o “comprador” que dá o passo para além de amigo e se envolve numa transação.

Segundo a FaberNovel, os GAFA procuram antes de mais de ganhar a confiança e a fidelidade do individuo proporcionando-lhe uma experiência única, e é da intensidade e da frequência destas interações que os GAFA conseguem capturam riqueza para a empresa.

As receitas provêm de forma indireta da monetização da base de consumidores, receitas de intermediação e conhecimento baseado na recolha e análise de dados. Da atenção passam ao envolvimento e deste às receitas.

E a sua influência estende-se às mais diversas áreas da indústria e da vida dos clientes.

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Próxima página: #2 - Pensar na criação de valor em vez de pensar na criação de receitas

Pensar na criação de valor em vez de pensar na criação de receitas

O estudo da FaberNovel afirma que os GAFA inventaram o que apelidam de “modelo de valor de utilidade”, criando valor para o cliente.

Enquanto a empresa tradicional coloca no centro das suas preocupações a criação de valor para a empresa e o seu modelo de gestão assenta na maximização de receitas e proveitos, para a Google, Apple, Facebook e Amazon a noção de criação de valor assenta exclusivamente no valor de utilidade para o cliente.

“O objetivo é oferecer produtos indispensáveis, produtos que rompem com o quotidiano trazendo cada vez mais facilidade e simplicidade”, indica o estudo. Esta procura da evidência – que se traduz nomeadamente por um design que facilita a adoção – permitiu-lhes imporem-se rapidamente num mercado de massas.

Este foco é de tal maneira estratégico que as empresas não hesitam em sacrificar os seus lucros, vendendo produtos com margem negativa, ou oferecendo gratuitamente produtos de elevado valor. Um dos exemplos apontados é o Kindle Fire da Amazon.

Com esta estratégia captam a atenção do cliente e aumentam as taxas de retenção.

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#3 – Redefinição dos modelos de execução

Redefinição dos modelos de execução

Perseguindo o objetivo de serem “pioneiros do futuro”, os GAFA utilizam o que a FaberNovel chama “modelo de gestão pirata”. As especialidades mais valorizadas nos recursos humanos são a capacidade de aprender, a liderança, a responsabilidade e a humildade. “O objetivo é desenhar o futuro nem que, para isso, se recorra a princípios da cultura “hacker” para provar quais os novos caminhos nunca antes navegados”, refere o GAFAnomics.

Entre as prioridades das empresas estão a gestão de talento e a criação e promoção de um ambiente favorável à inovação. A tecnologia é a alavanca que permite acelerar os negócios, não apenas na otimização operacional mas na captação de informação para melhor entender os consumidores.

Uma análise aos números chave de cada uma das empresas permite perceber melhor a estratégia.

Próxima Página: Como replicar este modelo?

Como replicar este modelo?

Nuno Ribeiro garante que é possível a empresas de qualquer setor, e de diferentes dimensões, replicar o modelo que os GAFA usaram para alcançar o sucesso e está convencido que a melhor chave para a transformação digital é a compreensão destas 3 mudanças estratégicas.

A FaberNovel desenhou por isso um framework, uma grelha de leitura simplificada do modelo económico e das alavancas de criação de valor destas 4 empresas. Uma parte do trabalho está disponível online.

“Este framework é aplicável a todas as indústrias, permitindo às empresas comparar a sua criação de valor para os clientes com os GAFA”, justifica. O quadro apresentado aponta a necessidade das empresas “se organizarem e de desenvolverem em torno de uma implacável vontade de mudar positivamente o quotidiano do cliente”.

Uma apresentação do estudo (em inglês) pode ser consultada online, através do Slideshare.

Escrito ao abrigo do novo Acordo
Ortográfico