Como se classifica o seu telemóvel em termos de radiações emitidas? Qual a melhor forma de evitar riscos para a saúde sem deixar de comunicar por telemóvel? Estas são questões que se tornaram mais pertinentes depois dos avisos da Organização Mundial de Saúde de que o uso de telemóvel aumenta o risco de desenvolvimento de alguns tipos de cancro.
A onda de medo é geral, embora já tenham sido feitas algumas comunicações para acalmar a situação, nomeadamente sobre a necessidade de reavaliação do estudo que ainda não foi publicado na íntegra e que deverá ser divulgado nos próximos dias no jornal The Lancet Oncology, um dos mais reconhecidos nesta área.
O aviso foi o resultado de um trabalho levado a cabo por um grupo de 31 cientistas de 14 países, para a agência para a investigação sobre o cancro da OMS, cujas conclusões indicam que as radiações emitidas pelos telefones móveis são "potencialmente cancerígenas". A mesma classificação é atribuída ao chumbo, fumos dos motores e ao clorofórmio, por exemplo.
Na base das conclusões está o estudo que mostra um crescimento de 40% no risco de Glioma, um cancro do sistema nervoso central, entre utilizadores "intensivos" de telemóveis. Os participantes na análise revelavam uma média de conversação de 30 minutos por dia durante um período de 10 anos. Um valor que visto à luz das horas que os utilizadores passam ao telefone nem sequer é muito alto...
De acordo com os dados da Anacom relativos ao quarto trimestre de 2010, os utilizadores portugueses passaram 5,3 mil milhões de minutos ao telefone, realizando, em média, 61 chamadas por mês. Cada chamada tem uma duração média de 2 minutos e 22 segundos. Fazendo as contas isso resulta numa média de 2 chamadas por dia, num total de quase cinco minutos. Mas estes são valores médios, e considerando que muitos utilizadores têm mais do que um número móvel facilmente se percebe que não é displicente o número dos que ultrapassarão largamente estes 30 minutos.
Para complicar o problema, o alerta da OMS não vem associado a nenhuma lista de equipamentos perigosos, nem seguros, e todos os fabricantes garantem que as emissões dos seus equipamentos estão dentro dos níveis de segurança definidos pelas organizações internacionais, através do SAR (Specific Absorption Rate) que mede a taxa de absorção da radiação pelo corpo.
O mesmo fazem os operadores nacionais, que contactados pelo TeK garantem que todos os equipamentos estão dentro dos níveis de segurança e se escusaram a fornecer uma lista dos que têm mais e menos emissões dentro da oferta actual.
Mas se calhar não é razão para ficar completamente descansado. A conformidade com estes níveis de segurança SAR é determinada em análises laboratoriais aos equipamentos, devendo ser garantido que as emissões estão abaixo de 2W/kg, o limite seguro de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde, que são anteriores a estas novas conclusões.
Junta-se ainda a informação de que o nível de SAR pode não ser a medida mais relevante, como alerta o regulador norte americano, a FCC, numa comunicação sobre o assunto. Segundo a FCC os telemóveis têm uma funcionalidade de controlo de potência que permite reduzir as emissões para o mínimo, mantendo a qualidade da chamada. Por isso a informação sobre um valor de SAR isolado não fornece informação suficiente sobre a quantidade de exposição aos Campos Electromagnéticos de Radiofrequência em condições normais de utilização, impedindo a comparação de modelos de telemóveis.
Mesmo assim o Environmental Working Group (EWG), uma organização norte-americana sem fins lucrativos dedicada à análise de questões relacionadas com a Saúde lembra que outros estudos já estabeleceram ligações entre o uso de telemóveis e certos tipos de cancro, nomeadamente cancro no cérebro, tumores em glândulas salivares e no aparelho auditivo.
Ainda recentemente um estudo apontava também a redução da densidade óssea e do conteúdo mineral dos ossos devido à utilização do telemóvel junto ao corpo. Esta análise foi realizada com um grupo de homens que usava o telemóvel preso numa bolsa à cintura.
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O uso prolongado dos telemóveis e a proximidade continuada com estes equipamentos são sempre factores de risco acrescido apontados por todos os estudos, e por isso algumas recomendações devem ser tomadas como precaução, fazendo parte dos conselhos compilados por alguns especialistas:
- Mantenha o telemóvel afastado do corpo quando não está a utilizá-lo. Não vale a pena ter o equipamento no bolso, ou junto a si na secretária quando está a trabalhar. Se usar toques vai ouvir na mesma as mensagens a chegar e os avisos de chamadas.
- Use a funcionalidade de alta-voz que muitos equipamentos já permitem nas conversas ou recorra a auriculares. Preferencialmente dos que têm fios já que os que usam Bluetooth também emitem radiações.
- Se não usar nenhum destes sistemas tente não encostar o telemóvel ao ouvido e ao rosto, mantendo-o ligeiramente afastado.
- Prefira as mensagens às conversas de voz.
- Evite chamadas em locais com pouco sinal. A necessidade de sintonização com a torre aumenta as radiações emitidas.
- Limite a utilização dos telemóveis por crianças. Alguns estudos já mostraram que a menor densidade óssea do crânio as torna mais "permeáveis" às radiações.
O Environmental Working Group (EWG) tem alguns destes conselhos online, aos quais junta a recomendação de compra de equipamentos com menor nível de radiação. A organização mantém online um Guia para quem quer saber quais os 10 melhores e os 10 piores equipamentos a nível de radiações.
A análise tem sido muito contestada - em parte devido à dúvida sobre a comparação dos SAR que já referimos - e também tem limites de aplicabilidade ao mercado português devido às diferenciações de modelos entre o mercado norte-americano e a Europa.
Mesmo assim não deixa de ser uma referência possível, permitindo a pesquisa entre mais de 100 modelos e compilando um Top que reproduzimos abaixo.
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Veja também o quadro específico para os smartphones, que não é actualizado desde Dezembro do ano passado e tem os mesmos problemas de falta de sintonia com o mercado português.
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Está convencido que vale a pena começar a mudar de hábitos?
Nota da Redacção: Foi feita uma correcção na referência às crianças na área de conselhos para a utilização de telemóveis.
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