Hoje propomos-lhe uma viagem por alguns projectos que estão a levar os livros das prateleiras das bibliotecas para o ciberespaço, democratizando o acesso a conteúdos que antes estavam confinados a espaços físicos.



A banalização do uso da Internet criou público para as bibliotecas digitais que têm nascido um pouco por todo o mundo, Portugal incluído, enquanto a tecnologia também se tornou mais acessível (e no caso da Europa também mais financiada) dando expressão a múltiplos projectos.



Para aceder é preciso pouco mais que um PC, uma ligação à Internet e talvez alguma orientação na procura, porque já há muito para ver e navegar por navegar pode não permitir tirar o partido que se pretende "da viagem".



Deixamos algumas orientações mais genéricas para algumas das plataformas relevantes que pode encontrar no espaço digital em português - locais ou internacionais - e os endereços Web onde pode encontrar informação adicional e conteúdo.



Começamos por destacar o projecto da Biblioteca Nacional Digital. Lançado em 2002, o projecto integrou obras que vinham sendo digitalizadas desde 1998 e desde então não parou um trabalho que serve para tornar mais acessível o seu espólio, mas também para garantir a preservação das heranças da cultura portuguesa.



Aproveitando oportunidades de financiamento a nível europeu e apoio de mecenas, o volume de obras digitalizadas tem crescido. Entre documentos iconográficos e cartográficos predominam os documentos ligados a artes, história e geografia. Cerca de metade estão em português, os restantes têm como línguas mais comuns o inglês e o francês.



Os títulos digitalizados estão disponíveis para pesquisa por título, nome de autor ou data de publicação. Logo na página inicial tem acesso a informação sobre as últimas obras digitalizadas.

[caption]Nome da imagem[/caption]




Recentemente foram também apresentados - e o TeK deu nota - os resultados de um projecto que permitiu digitalizar toda a Biblioteca Particular de Fernando Pessoa.



Graças a esta iniciativa o espólio, que inclui 1.140 livros, deixa de estar apenas disponível para consulta na Casa Fernando Pessoa, onde já estava, para se tornar acessível através do site oficial da instituição.



O acesso ao espólio, que para além de livros que pertenceram a Fernando Pessoa, inclui manuscritos, ensaios, poemas e anotações do escritor, é gratuito e pode ser feito para uma simples consulta, página a página, ou para download das obras, na integra. Quando navega no site o utilizador pode consultar o material disponível por autor, ano, categoria temática ou ordem alfabética.

[caption]Biblioteca Fernando Pessoa[/caption]

Outros projectos nacionais que podem ser interessantes para quem anda à procura de um encontro com a cultura são por exemplo a Biblioteca Digital de Fundo Antigo da Universidade de Coimbra.



A Alma Mater arrancou com 4 mil documentos digitalizados, que representam 500 mil imagens, mas tem como objectivo levar para o mundo digital as 200 mil obras do fundo antigo da universidade, produzidas até meados do século XX.



Aqui pode já encontrar-se parte do espólio de Almeida Garrett, Félix Avelar Brotero ou Júlio Henriques e um conjunto muito alargado de documentos, até ao lançamento do projecto, dispersos pelas bibliotecas de diversas faculdades da UC, como a faculdade de letras, direito ou ciências.



A pesquisa na Alma Mater pode ser feita por autores, título, data ou tipos de documentos.

[caption]Alma Mater[/caption]

A nível internacional vale a pena referir três grandes projectos de referência. Dois mais institucionais e um privado e que, desde que nasceu, tem sido alvo de grandes polémicas.



Da responsabilidade das Nações Unidas, a Biblioteca Digital Mundial foi criada para facilitar o acesso a documentos digitalizados por algumas das mais importantes bibliotecas do mundo. Reúne trabalho realizado por vários actores da cultura em diversos países do mundo (a Biblioteca Nacional portuguesa é um dos organismos associados) e isso dá-lhe uma cobertura transversal que pode ser muito interessante para quem anda à procura de uma visão rápida sobre heranças históricas e culturais do mundo, que já tenham saltado das prateleiras para o universo digital.



Esta Biblioteca Digital Mundial tem como principal objectivo ajudar a promover a compreensão internacional e intercultural; fornecer recursos para educadores ou ajudar a desenvolver capacidades em instituições parceiras, contribuindo para diminuir o fosso digital entre países.



Com uma versão em português, o site organiza-se por continentes e é dessa forma que dá uma primeira indicação sobe os conteúdos disponíveis. Dentro de cada continente a informação está dividida também por origem (regiões), período, tópico, tipo de item e instituição que a fornece.

[caption]Biblioteca NU[/caption]

Na Europa a grande referência, mesmo que para já apenas na intenção, é a Europeana, projecto nascido no seio da União Europeia para garantir a diversidade das línguas do velho continente no espaço digital.



Ainda sem a força que os promotores imaginaram, o projecto tem vindo a consolidar-se, desde o lançamento ganhando estabilidade e melhorando a integração com as diversas plataformas que a partir de cada Estado-membro alimentam esta grande biblioteca europeia digital.



Dentro da Europeana pode encontrar diversas ligações para bibliotecas nacionais, arquivos e diversos projectos sectoriais que convergem para a plataforma principal. É o caso da BookShop Digital Library lançada no ano passado pela União Europeia com 110 mil títulos, onde se incluem publicações oficiais de vários organismos europeus desde 1952.

[caption]Europeana[/caption]

Encerramos com o polémico Google Books que levou a Google para os tribunais e obrigou a alguns reajustes à formatação actual. Contudo, a lógica de base mantém-se. Quem passa pela plataforma pode ter acesso a obras completas, caso estas não estejam protegidas por direitos de autor. As obras protegidas são apenas parcialmente visíveis.



Para ter acesso ao conteúdo na integra é preciso comprar o livro, seguindo links que o serviço fornece. O projecto conta com a parceria de algumas grandes bibliotecas do mundo académico e diversas editoras. Na versão em português está tudo explicado. A navegação é simples e os conteúdos estão organizados por temas.

[caption]Google Books[/caption]

Cristina A. Ferreira