A expectativa foi grande mas a espera acabou. A nova geração de consolas está completa com as três grandes empresas a revelarem as propostas para o futuro do gaming. A última a entrar na batalha foi a Microsoft com a Xbox One, mas a guerra só deve começar na época natalícia.

Mais do que uma consola, a Xbox One é um sistema de entretenimento, um sistema "tudo-em-um" como a própria empresa de Redmond lhe chama. Durante a apresentação foi notória a divisão - em partes quase iguais - entre o que a nova consola permite a nível de jogos, a nível de produtividade e a nível de transformar todas as televisões numa Smart TV.

Poder de fogo existe: o processador é de oito núcleos baseado no AMD Jaguar e pensado para suportar os gráficos DirectX 11.1, a memória RAM é de 8GB DDR3, o armazenamento interno fixa-se nos 500GB, há HDMI in e out, USB 3.0, Wi-Fi Direct e leitor de Blu-Ray.

As especificações técnicas vão permitir que nos próximos cinco anos os jogos evoluam graficamente sem comprometer o desempenho e ao mesmo tempo ajudam a operar os três sistemas operativos que funcionam dentro da consola. Existe um pouco de Windows 8, que permite executar aplicações como o Internet Explorer e o Skype, existe um Xbox OS que opera toda a parte dedica aos jogos e existe um terceiro software que cuida da virtualização da máquina e que permite a troca instantânea de um jogo para uma app.

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Longe da casa dos gamers existem 300 mil servidores a suportar o funcionamento das mais variadas funcionalidades online da consola. A ligação à Internet constante vai ser quase obrigatória, mas não o é. A decisão segue um pouco a linha dos smartphones ou tablets - para uma experiência imersiva os conteúdos, as notificações e as possibilidades de ligação têm que estar sempre disponíveis.

Ainda assim será possível jogar com a consola sem ligação à rede. Importante sobretudo para países onde existem várias localizações onde a cobertura de Internet é fraca.

Xbox: On(e)

A consola assume o papel de sistema multimédia e quer unificar os conteúdos e dispositivos da sala de estar.. ou quarto.

Além das funcionalidades de gestos e voz, reconhecidos pelo renovado Kinect, e além dos jogos - títulos também já referidos ontem e sobre o qual o TeK vai debruçar-se com mais tempo no futuro -, é na relação com a TV que a consola permite ser um "game changer".

Mas é aqui também que os interessados mundiais da consola se devem preocupar. Durante a apresentação foram demonstradas algumas funcionalidades como complementaridade dos programas que estão a ser vistos com informações ao minuto - no caso, a referência dizia respeito à liga de futebol americano, NFL. Funcionalidade que não estará disponível para todos os programas nem para todos os mercados.

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Foi ainda anunciado o Xbox Live TV Online que permite ter acesso aos conteúdos de televisão subscrita através da Xbox One - funcionalidade que só vai estar disponível nos EUA a princípio e vai ser alargada globalmente nos trimestres seguintes. Mas quantos meses depois ao certo, sobretudo no caso português?

O próprio reconhecimento vocal vai ter que ser adaptado ao mercado nacional. A frase "Xbox, Today Show" pode fornecer resultados, mas terá que ser criada uma base de dados para os programas nacionais.

A vertente de video-on-demand não vai ser tão forte na maioria dos mercados europeus como será certamente nos EUA, Japão e Reino Unido, nações que garantem um retorno financeiro quase certo.

Pormenores à parte que fazem a diferença

Quando um jogo é introduzido na ranhura de Blu-Ray a consola grava automaticamente o jogo no disco rígido do equipamento, mas toda a ação não condiciona a jogabilidade imediata do título. A Microsoft refere ainda que sempre que um jogo precisa de atualizações, estas serão feitas em segundo plano sem que influencie a experiência de jogo.

Depois de o jogo ser instalado na consola não é necessário voltar a recorrer ao disco original do título. A tecnológica de Redmond resfriou no entanto as mentes mais agéis - cada jogo tem um ID único que é associado ao ID da conta Xbox. Segundo esta lógica, seria impossível emprestar um jogo ou quem sabe vendê-lo.

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Em declarações ao Engadget, o diretor de planemanto de produtos da Microsoft, Albert Penello, revelou que vai ser possível usar jogos em segunda mão e vendê-los também. Agora como é que vai ser contornada a questão das ID é que ainda não foi clarificado.

Quanto à questão de emprestar o jogo, Albert Penello confidenciou que cada utilizador vai conseguir aceder ao catálogo de jogos que possui e às gravações que já fez a partir de qualquer Xbox One, em qualquer localização. A tecnológica aproveita-se das capacidades de comunicação através de sistemas cloud para permitir esta transversalidade de consolas - mas não é de esperar que seja possível instalar o mesmo jogo nas consolas alheias.

O HDD de 500GB não é substituível mas em alternativa é possível fazer a ligação de discos externos através da porta USB 3.0 que permitem expandir a memória da Xbox One até ao espaço que cada utilizador tiver "em caixa".

Nos pormenores é que está o ganho

Apesar de as diferenças não serem significativas, a Microsoft alega que fez mais de 40 pequenas alterações ao comando da Xbox One. O design é maioritariamente o mesmo das versões anteriroes, mas existem pormenores que se destacam do controlo da Xbox 360: o símbolo da consola está localizado mais acima e numa zona destacada do restante comando, os botões de Início e Recuo estão diferentes apesar de continuarem lado a lado.

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Duas das mudanças que mais podem afetar diretamente a jogabilidade estão na construção dos botões analógicos - agora são texturizados e enrugados nas extremidades - e nos impulse triggers. Este novo tipo de teclas reproduz através da vibração transmitida nos botões traseiros do comando vários tipos de sensações - batimentos cardíacos, diferentes tipos de solo em jogos de carros ou tremores durante uma viagem de helicóptero, são alguns exemplos citados pela imprensa internacional.

Curiosamente, entre a Wii U e Playstation 4, a Xbox One é a primeira consola que não tira proveita da moda dos painéis sensíveis ao toque. Existem novidades "vibrantes", literalmente, mas que saltam o conceito de touch.

Sem respeito pelo passado

A nova consola pode parecer uma evolução da antecessora, menos no plano onde vai operar um corte com o que foi feito anteriormente. Nenhum dos jogos da Xbox 360 vai ser compatível com a Xbox One e mesmo os comandos do modelo anterior não vão funcionar no novo equipamento. O mesmo sucede com o Kinect - acabando por ser o ponto menos importante já que uma nova versão do sensor vem de origem na compra da nova consola.

A justificação parece estar na diferença de arquiteturas de desenvolvimento que existem entre as duas Xbox.

No fim nem tudo são más notícias: o Gamerscore e o Xbox Live Gamertag vão funcionar na terceira geração da consola da Microsoft. A tecnológica norte-americana prometeu ainda continuar a desenvolver jogos e aplicações para a Xbox 360, evitando que a consola que ainda é um sucesso de vendas e tem arrebatado o título de equipamento de gaming mais vendido nos EUA por exemplo, pare no tempo.

Um investimento a ponderar

O preço da Xbox One não é conhecido. Talvez na E3 se saiba mais sobre este assunto. A imprensa tem especulado que o valor do equipamento pode andar entre os 400 e 500 dólares/euros.

Como consola será certamente um investimento seguro. Como centro multimédia, depende da localização de cada utilizador. A integração com a TV - que acaba por ser a grande novidade da nova Xbox - é também a funcionalidade que certamente vai demorar mais tempo a chegar, pelo menos com funcionalidades iguais às do norte-americanos.

Aqui levanta-se a questão de possivelmente ter que pagar o mesmo por um aparelho para fazer menos coisas com ele. As possibilidades estão sempre lá, podem é nunca ser exploradas.

Os que já estão rendidos e de ideias fixas em comprar a nova consola da Microsoft já podem fazer um pré-registo que vai deixar os internautas a par de todas as novidades relativas à comercialização da consola.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico