“Eles [Uber] são ilegais, [mas] continuam a atuar e a coberto do Governo. Não podemos permitir uma situação destas e iremos para a rua, com toda a força, mostrar ao Governo que têm de atuar e fazer cumprir a ordem jurídica e dos tribunais deste país. O Governo não pode estar fora da lei, tem de fazer cumprir a lei, que é para isso que foi eleito”.

Estas foram as declarações feitas à Lusa pelo presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), Florêcio de Almeida, a propósito dos protestos que deverão realizar-se no início de setembro.

As ações de contestação foram acordadas pelos taxistas depois de uma reunião que se realizou hoje, 14 de setembro, em Lisboa.

Não vamos fazer qualquer manifestação na campanha eleitoral, porque não queremos, de maneira nenhuma, interferir nesse período de campanha [eleitoral]. Por isso, teremos de o fazer enquanto este Governo estiver no seu exercício”, acrescentou Florência de Almeida, à agência Lusa.

“É um caso de ilegalidade e discriminação que já devia ter merecido forte atuação das autoridades e entidades fiscalizadoras mais, ainda, principalmente, depois de duas decisões judiciais claras. A ANTRAL não pode sentar-se à mesa, como propõe o Governo, com uma empresa que age ilegal e criminosamente, ao recusar-se, nomeadamente, a cumprir decisões judiciais”, lê-se na convocatória para a reunião feita pela associação.

E à semelhante do que aconteceu com os protestos em Paris, os ânimos podem ficar exaltados junto dos taxistas portugueses: "Não tenho dúvidas de que nós vamos mesmo para a rua e com bastante força. Depois se as coisas descambarem, só temos de condenar o Governo porque não soube acautelar os interesses das pessoas que estão a trabalhar legalmente neste país e a cumprir com a lei", alertou Florência de Almeida.

O TeK já pediu um comentário à Uber, mas até ao momento ainda não recebeu uma resposta.

A Uber está neste momento sob uma providência cautelar emitida pelo Tribunal de Lisboa, mas a subsidiária portuguesa defende-se dizendo que a decisão de bloqueio dos serviços é destinada à empresa-mãe nos EUA - enquanto a divisão portuguesa responde diretamente a uma sucursal holandesa.

Uma petição a favor da Uber já chegou ao Parlamento, enquanto o site da tecnológica continua a ser bloqueado pelos operadores de telecomunicações portugueses. Também o Banco de Portugal já mandou suspender os pagamentos ao serviço.