Este é mais um projeto que apesar de estar sediado no Reino Unido, tem acima de tudo um ADN muito português: Hugo Cortez e Vitor Almeida são os dois empreendedores que neste momento estão a finalizar a Coacher, uma aplicação que quer ser uma mais-valia para treinadores de todo o mundo. E treinadores de todas as modalidades.



Para já a Coacher está focada no futebol, um dos desportos que mais massas movimenta a nível mundial. E em Inglaterra, sede da empresa, este é sem dúvida o desporto rei.



A Coacher é uma proposta de digitalização dos processos de trabalho do treinador. Sabendo que a esmagadora maioria dos treinadores de escalões inferiores ainda trabalham com caneta e papel, Hugo Cortez acredita ser este o grande mercado da empresa.



Apontar à mão todos os dados de um jogador durante os treinos e os jogos vai condicionar a equipa técnica ao nível do tempo, considera o diretor executivo da startup. “Queremos substituir o papel e a caneta, e ajudar a melhorar o desempenho dos jogadores e o da equipa em geral”, salientou ainda o porta-voz.

Isto porque a aplicação permite que o treinador faça uma avaliação ao jogador em diferentes situações: por exemplo, ao nível da finalização. Depois através da agregação dos dados dos treinos e dos jogos é possível também ter um gráfico que mostra de forma simples como tem sido a evolução do atleta.



Além do perfil pessoal, a Coacher permite fazer registo de dados mais abrangentes. Hugo Cortez deu como exemplo as zonas do campo onde os jogadores da equipa mais faltas sofrem e quais as áreas onde mais “carregam” sobre os adversários. Assim será possível ajustar a estratégia para os jogos seguintes.



O projeto da startup está neste momento a pedir 100 mil libras, cerca de 126 mil euros, na plataforma de equity crowdfunding Seedrs – que por sinal também tem entre os cofundadores um português, Carlos Silva. Desta forma, quem contribuir para o projeto Coacher está a garantir automaticamente uma participação direta na empresa.



Hugo Cortez acredita que o arranque muito positivo da campanha deve-se sobreduto ao grande interesse que existe no mercado por uma solução do género, mas também pelo grande compromisso que a startup já tem conseguido com treinadores de vários países.



“A campanha está com um ritmo muito, muito positivo. Estamos bastante satisfeitos com o resultado”, disse o CEO da startup, adiantando ainda que só agora é que a aposta nas redes sociais vai começar a ser feita com maior detalhe.



A Coacher tem mantido um blogue onde vai partilhando algumas dicas para treinadores e nos últimos três meses recebeu cerca de 200 mil visitas.



Todos podem ser um Special One


Existem depois dois grandes momentos que podem vir a definir o futuro da Coacher: suportar mais desportos e permitir fazer a prospeção de talento.



Hugo Cortez explicou que o nome da empresa e do serviço não fazem alusão ao futebol justamente para haver no futuro a possibilidade de explorarem novas modalidades desportivas e este é o caminho que a empresa está interessada em seguir.



Mas também não está posta de parte a possibilidade de vir a ser integrada uma ferramenta de prospeção de talento. Quer isto dizer que um dia a aplicação Coacher pode ser responsável por encontrar o próximo Cristiano Ronaldo.



O CEO da startup explica que cada treinador tem em média 20 atletas à sua disposição. Se forem dezenas de milhares de treinadores então serão milhões os atletas que marcarão presença numa base de dados inteligente e que vai permitir saber, dentro de cada escalão, quais são os desportistas que já conseguem ter um maior destaque.



Apesar de estes serem os planos futuros, não são para já a prioridade da empresa. Hugo Cortez diz que atualmente o objetivo é acabar a versão Web da Coacher, estando previsto o lançamento para janeiro de 2015. Ainda nos primeiros meses do próximo ano será lançada a versão para Android, algo que ajudará a empresa a crescer na base de utilizadores.



Para que estes objetivos sejam cumpridos a empresa está a recrutar dois novos programadores mobile para trabalharem nos escritórios da empresa em Lisboa.



Portugal será sempre um ponto estratégico para a startup que além de estar em contacto com vários treinadores portugueses para perceber as verdadeiras necessidades do público-alvo, servirá sempre como uma rampa de lançamento. Mas, por questões estratégicas, os mercados principais serão outros: Espanha, Inglaterra, Alemanha e EUA.



O CEO confidenciou no entanto que se um dia chegarem a usar uma cara conhecida como promotora da aplicação, então essa cara será certamente portuguesa. E o Special One, José Mourinho, seria o ícone ideal. Porquê? “Porque ele é um vencedor”, disse Hugo Cortez.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico