Depois de colocar neurónios a jogar Pong, com um “cérebro” numa placa de Petri, a Cortical Labs avançou para um projeto ainda mais ambicioso. Ao longo dos últimos anos, a startups australiana esteve a desenvolver uma nova solução de computação que usa energia gerada por neurónios. Agora, o CL1 chega ao mercado, afirmando-se como o primeiro computador biológico comercial.

O sistema de inteligência biológica sintética da Cortical Labs foi oficialmente lançado durante o Mobile World Congress 2025, em Barcelona, e combina neurónios cultivados em laboratório a partir de células estaminais humanas com chips.

Cortical Labs | CL1
Cortical Labs | CL1 créditos: Cortical Labs

O projeto também esteve em destaque durante o Mobile World Congress 2024 no espaço Journey to the Future, um palco para a inovação e para as tecnologias que prometem impactar o futuro.

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De acordo com a empresa, os neurónios são cultivados numa solução que contém todos os nutrientes necessários para a sua sobrevivência. As células cerebrais desenvolvem-se depois num chip, que envia e recebe impulsos elétricos.

A Cortical Labs explica que os neurónios existem num mundo simulado que é criado pelo seu sistema operativo de inteligência biológica, chamado biOS. O sistema operativo executa a simulação, enviando informação diretamente para as células cerebrais acerca do seu ambiente. Ao reagirem ao envio de informação, os impulsos dos neurónios impactam o seu mundo simulado.

A startup australiana afirma que é possível usar o poder de computação gerado pelo seu sistema de inteligência biológica sintética para resolver desafios complexos, incluindo estudar a forma como o cérebro opera, algo importante para compreender, por exemplo, os mecanismos de determinadas doenças e os seus efeitos nas capacidades cognitivas.

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Em declarações à Reuters, Hon Weng Chong, CEO da Cortical Labs, afirma que, além do uso da tecnologia para ajudar a desenvolver novos medicamentos e tratamentos, o plano a longo prazo passa por “ser pioneira numa nova forma de computação em que é, de facto, possível usar neurónios para processar informação de maneira muito mais rápida e muito mais eficiente a nível energético, de modo a alcancemos uma inteligência avançada, mas sem os custos elevados associados a ela”.

Os computadores CL1 são desenvolvidos especialmente para laboratórios e instituições de investigação que sejam capazes de cultivar células cerebrais. Cada modelo, com um preço a rondar os 35.000 dólares, é fabricado por encomenda e espera-se que as primeiras unidades estejam prontas a enviar ainda este ano.